acidentes…
As circunstâncias são só o ‘acidente-dádiva’ onde o amor mais profundo, pré-existente e além do suporte, se pode realizar…
As circunstâncias são só o ‘acidente-dádiva’ onde o amor mais profundo, pré-existente e além do suporte, se pode realizar…
Somo seres “em circunstância”. Uma certa rendição às circunstâncias gera liberdade interior. Mas o que acontece muitas vezes é uma imersão cega nas circunstâncias. Acolher a circunstância, portanto, liberta. Mas ser refém da circunstância, sem visão de saída nem coragem para a mudança, oprime…
Apontaria assim a resignificação dos ‘pedidos de bênção’, tão usados em expediente religioso quando se inauguram espaços ou outras realidades: “ajuda-nos, Senhor, a reconhecer a bênção que já habita esta realidade, que está a ser criada, amada e desenvolvida, num amoroso texto de fios que integra a Tua graça e as nossas mãos”.
Há uma essência, há uma dádiva e uma vida que corre… mas às vezes distraímo-nos, em fazedismos e amuos…
A nossa vida tensional, sempre tensional (…) é tecida de carências e de excessos (de amor). Ainda bem que assim é. Pouco espaço, portanto, para “mornices”. Por isto são boas as águas vivas e fedam as águas paradas…
Como pessoas de fé, aspiramos a SER eternamente, começando pelo agora…
Se me perguntassem o que era a Providência divina, talvez respondesse assim: é uma teimosia de Deus, que se centra no Seu ‘disco riscado’ que grita “só sei amar”, mas que quis que a música tocasse no gira discos que somos nós. É aqui que toda a crença se refunda constantemente.
Há alguns estados de vida em que nos instalamos um pouco no já tocado. Há que evitar esse sofá espiritual porque é anti-espiritual. Tudo o que é genuinamente espiritual abre-se constantemente à novidade do crescimento…
O passado tem um potencial imóvel (não se altera) e imobilizante (pode não fazer crescer). Depende da forma como nos colocamos diante dele (passado): ou nos constitui na rica memória e nos orienta por via de processos autocríticos construtivos, ou nos destrói e distrai, por via de comparações culpabilizantes. E se o passado é imóvel não é imóvel a forma como nos colocamos diante dele. Podemos sempre mudar de perspetiva e vê-lo a ele (passado), de outro ponto de vista. O mesmo passado pode esmagar ou libertar… O passado tem que ser trabalhado e integrado, o que se faz melhor na companhia de Alguém…
Agradeço o tempo, o espaço e neles a transcendência que habito. Agradeço também o tempo, o espaço e a transcendência que habitam em mim…