falar e ouvir Deus…
Falar com Deus e escutar Deus é sempre tateante. Desconfiemos sempre dos arautos excessivamente certos dessas comunicações…
Falar com Deus e escutar Deus é sempre tateante. Desconfiemos sempre dos arautos excessivamente certos dessas comunicações…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 25, 14-30
A parábola dos talentos é de uma riqueza enorme e pode ser lida de muitas formas. Fixemo-nos na personagem do “servo mau e preguiçoso”, que se aninhou sem dar fruto no seu único talento. Notemos que ele diz ao seu deus: Senhor, sempre te conheci como homem duro. Isto é, o que esteve na base da sua inércia e da sua ineficácia foi o medo do senhor. Uma má imagem de Deus, que passe ao lado da Sua abundante misericórdia, gera retração e falta de vida. A deixarmo-nos encantar por Deus, só vale a pena um Deus que perdoa, encoraja e ama. Assim confiados e descansados nesta promessa, veremos como Ele (em nós) frutifica tantos talentos.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 79
“Mostrai-nos, Senhor, o Vosso rosto”, cantamos no refrão do Salmo. Conhecer o rosto de alguém é condição para uma relação, para uma entrega, para um compromisso de amor. O rosto de Deus é, para nós cristãos, o rosto de Jesus. A imagem de Jesus que nos é transportada pela História, pela tradição, pela arte, ou até pelos filmes que recriam a Sua vida pode não corresponder fielmente à realidade. Há traços, contudo, que convém ter presentes: o rosto da misericórdia, o rosto da tolerância, o rosto da paz, o rosto do incentivo para recomeçar, o rosto do abraço. O rosto que não impede o atrito na liberdade mas é promessa de companhia. Estes traços do rosto do nosso Deus deverão ser observados por nós e evitar visões faciais que Deus não tem, como a do medo, a da imposição ou a da austeridade inconsequente.
Da indizibilidade de Deus facilmente chegamos ao estilo útil da teologia negativa: evidenciar o que Deus não é. Muitas vezes, na teologia, na argumentação do dia-a-dia, no trabalho apostólico, nos diálogos connosco próprios, a par do silêncio, podemos usar com vantagem este caminho…