ciência e sonhos…
A responsabilidade começa no sonho- É dilema da ciência e é um dilema existencial: que sonhos alimenta a ciência? Que sonhos alimento eu?…
A responsabilidade começa no sonho- É dilema da ciência e é um dilema existencial: que sonhos alimenta a ciência? Que sonhos alimento eu?…
Passa despercebido a muitos praticantes da ciência, mas, também nesta arte, a crença precede o saber. Há uma rede fiduciária, nas palavras de Michael Polanyi, sem a qual é impossível conhecer…
O cientista, em certo sentido, faz o esforço de reduzir a complexidade. Trata-se de uma relação de quase patologia com a realidade, porque essa é teimosamente complexa…
A ciência tem um enorme potencial de transparência e sentido de partilha: ela vale – a ciência – quando e se for publicada, para ser usada, contestada e ter dinamismo…
Falta a muitos cientistas uma profundidade elementar sobre a ciência que praticam. A inevitabilidade epistemológica (a pergunta “o que é a ciência?”) é tao fulcral e inesgotável para um cientista como é para todos os humanos a pergunta existencial “quem sou eu?” …
A tradição da ciência é focar-se no mecanismo e esquecer o sentido e o significado. Também por este facto, a ciência pode humildemente incorporar as suas próprias limitações.
A fé (ao contrário da ciência) está para além da evidência…mas não é negada pela evidência.
Há quem entenda que a ciência nasce na europa judaico-cristã, não por acaso. O monoteísmo cristão ajustava-se, então, aos objetivos da construção dos chamados três pilares de que a empresa científica necessitou para se edificar: o ontológico (a realidade existe), o espistemológico (é possível conhecer a realidade) e o ético (é bom conhecer a realidade).
Homenagens
Prescindo
hoje e amanhã
(mesmo em cinzas)
de uma qual-quer(?)
homenagem.
Prefiro a memória
Simples e discreta
De um qual-quer(?)
Rasto de amor.
Custa-me ver a fila
(a logística, a mobilização)
para saudar uma honra.
Use-se tal energia
Para abraçar alguém,
Para amparar
Uma qual-quer(?)
pessoa frágil.
Acresce ainda
Que nada mereço.
E a haver uma honra
Seja endereçada
À graça de Deus
Que, por graça também,
Me usou (quando eu deixei)
para se espelhar.
2018
Ciência ou poesia?
Entre focos de prazer:
ciência ou poesia,
pergunto, o que fazia
se tivesse de escolher.
Ciência e poesia…
acho que me apetecia
fazer desta maneira:
as duas na algibeira!
A ciência escolheria
Se quisesse mais rigor,
com saber eu saberia
como cresce uma flor.
E olhando essa flor
a colhesse com alegria
e oferecesse em amor,
embrulhava em poesia…
Se em vez de perceber
eu quisesse antes dizer
o que a fórmula não diria,
escolheria então a poesia…
Não vou escolher, mas juntar
Trago ciência e poesia.
Ciência é luz a brilhar,
poesia é luz no meu dia.
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)