memória traidora…
A memória é importante mas pode trair-nos, precisamente quando não nos abre à novidade… Isto revela-se nos mais elementares aspetos da nossa vida, como, por exemplo, no simples ato de comer…20
vim trazer a divisão
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 49-53
«Vim trazer a divisão»
As palavras de Jesus escritas no Evangelho de Lucas parecem um equívoco. O mesmo que diz “Eu dou-vos a minha paz” anuncia também que a sua vida-morte-ressurreição vem trazer uma divisão entre os homens. Este aspecto da proposta de Cristo deve-nos fazer pensar que a postura, afinal passiva, do tipo “está sempre tudo bem”, pode não ser a mais indicada. Por vezes, em nome do amor, importa não ser ingénuo, separar o “trigo do joio” e, nesse sentido, dividir. A liberdade dos homens abre espaço ao bom e ao mau e podemos esperar, face a muitos gestos e posturas, que algumas propostas cristãs, feitas em nome da paz, gerem a divisão dos homens.
perfeccionismo
De perfecionismo todos temos um pouco… A fórmula traidora e enganadora é esta: “menos que perfeito = muito mau”.
digo ou não digo ao outro?
Digo ou não digo, eis a questão. Um critério interessante é perguntarmo-nos se o que tenho para dizer faz crescer, se o outro a quem se destinam as palavras quer ouvir e se está em condições de escutar. Pensemos no sentido crítico, em particular. Será interessante usar mais do expediente seguinte, face a alguém que nos merece uma palavra crítica, numa relação com futuro: “tenho uma coisa para te dizer, que tem certo sentido crítico. Desejas ouvir?”. A exceção a esta regra de indagar a vontade de escuta são as situações que envolvem óbvias e gritantes injustiças e estilhaços para terceiros. Nesses casos, sem perder a noção de oportunidade, de modo e de tom, há que denunciar, doa a quem doer…
Há uma diferença entre idolatria e iconografia. Ambas as palavras se relacionam de imagem, mas a primeira está fechada em si própria, apoderando-se de Deus…
estai vós também preparados
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 32-48
«Estai vós também preparados»
O Evangelho conta-nos a parábola de um Senhor que pode vir quando menos espera o seu servo (que somos cada um de nós). O estilo de preparação a que um Cristão está convidado, não é da ordem do medo do castigo infernal, do prémio ou do mérito. A preparação da vida espiritual, pessoal e comunitária é um trabalho da ordem do já, do aqui e do agora. É um processo… Há um Encontro que se pode fazer, que se pode antecipar desde já. Esse Encontro, que se vai fazendo e que só pode crescer na intensidade, é o Encontro que importa.
a Terra é um planeta poroso
Chandra Wickramasinghe afirma que há evidência crescente de que a vida na Terra teve origem fora do nosso planeta. Há uma atitude generalizada de resistência a esta hipótese, mas há́ também observações que a atestam cada vez mais: a astronomia continua a revelar a presença de moléculas orgânicas e de lixo orgânico numa escala cósmica imensa, correspondendo a um terço do carbono interestelar. Uma das hipóteses em cima da mesa é a de certas moléculas importantes na origem da vida terem chegado ao nosso planeta encapsuladas em “gaiolas moleculares” com propriedades parecidas com o famoso C60 (futeboleno). Estamos em procura mas há poucas dúvidas de que a Terra, ontem como hoje, é um planeta poroso no Universo…
Eucaristia
Os Católicos Romanos centram a sua vida espiritual na comunhão de fé a que chamam Eucaristia. É preciso trazer a vida para a Eucaristia mas também a Eucaristia para a vida…
A vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 13-21
«A vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens»
O Evangelho fala-nos do desprendimento e do desapego espiritual dos bens. É uma linha de rumo que serve para os bens materiais, mas não só. Certos dons, relações, afectos são também para serem partilhados. No olhar Cristão, tudo serve para irradiar, nada serve para possuir. A parábola do agricultor que, em vez de partilhar a sua abundância, constrói maior celeiro para mais acumular, é de uma grande força, pela explicitação de quanto é estéril “guardar para si”. E nós, quando temos as nossas “colheitas”, tendemos a partilhar ou construímos “novo celeiro”?…