luz e esperança
Às vezes caminhamos no deserto e falta-nos luz… Mais do que a luzita, talvez importe a graça do desejo de querer ver. Aquela (a luzita) pode apagar-se, mas esta (a esperança), pode ter chama abundante…
Às vezes caminhamos no deserto e falta-nos luz… Mais do que a luzita, talvez importe a graça do desejo de querer ver. Aquela (a luzita) pode apagar-se, mas esta (a esperança), pode ter chama abundante…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 11, 25-30
Não convém confundir esta passagem evangélica com um convite à ignorância, ao simplismo ou à superficialidade. Mas há um sentido evangélico que nos alinha em ser “pequeninos”. Evitar ser (ou melhor, achar-se…) “sábio e inteligente” é evitar só contar connosco próprios, prescindindo de Deus e dos outros. Somos “sábios e inteligentes” quando achamos que só nós é que sabemos e não acolhemos humildemente cada pessoa, com os seus limites e riquezas. Ser “pequenino”, à maneira do Evangelho, é ser pobre e, portanto, aberto à novidade de nós mesmos, de cada um (outro) e do cosmos.
A autoridade é essencial nos dinamismos educativos. A autoridade não nasce magicamente da função, não é dado adquirido e é, em certo sentido, pouco vinculável pela palavra. É antes uma consequência natural de uma forma de ser, coerente, lúcida e eficaz. Autoridade, convém sublinhar, é um conceito diferente, se não mesmo contrário, a autoritarismo (abuso prepotente do poder).
Há um eixo concetual da química que torna esta ciência tão necessária quanto fascinante: o que tendemos a fazer, é interpretar as propriedades macroscópicas das substâncias (e das respetivas transformações), com base no dinamismo corpuscular que constitui dinamicamente a matéria. Por exemplo, se um material é duro e/ou se funde a temperaturas altas, é de supor que os corpúsculos que o constituam estejam fortemente ligados… Como é interessante tentar tatear como funcionam as coisas!…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 10, 37-42
«Quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim»
Principalmente para quem tem filhos ou filhas as palavras do Evangelho podem parecer chocantes. De facto, é difícil imaginar que se possa amar algo mais do que um filho. Pelos filhos, realmente, dão-se noites, dá-se o corpo, dá-se tudo, dá-se a vida! Jesus pede-nos para O amarmos mais ainda. Ele “usa” a realidade do amor paternal e do amor maternal para colocar a fasquia da entrega a Ele próprio. A entrega a Deus nunca poderia ser um holocausto de diminuição. O apontamento cristão será sempre do tipo ‘quanto mais humano, mais cristão, quanto mais cristão, mais humano’. Há uma coerência humanizante, pois, nesta (difícil e exigente) proposta: é que amando assim a pessoa de Jesus e inquietantemente repousado nos seus critérios e no seu horizonte de liberdade, ama-se mais e melhor, de facto, os filhos e as filhas…
Na sua encíclica Laudato Si, o Papa Francisco convoca-nos para uma ecologia definitivamente diferente, pessoal, global, espiritual e social. Em particular, mais do que gestos verdes (embora também), que podem até ser egocêntricos, está em causa a promoção da justiça e o cuidado dos descartáveis do nosso tempo.
A nossa vida, o nosso pensamento e a grande parte da nossa ciência desenvolvem-se num cenário espácio-temporal limitado, que é este mesmo. Há aquela pergunta fraturante: “existirá apenas e só esta matéria que somos?”. Pois poderá também perguntar-se: “existirá apenas e só este tempo e este espaço que habitamos?”
Liberdade
Rubicão da liberdade
é sacudir a circunstância.
Intrincar-se na ponte
entre a soledade
(que mora dentro de mim)
e a jornada que vivo.
Uma e outra,
a essência interior
e a realidade oferecida,
são dádivas garantidas.
2018
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 2, 41-51
«Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros»
Sabemos da nossa catequese que os critérios de Deus são diferentes dos critérios do mundo. Na nossa vida, porém, custa muito a aprender, interiorizar e viver esta mesma diferença. O que significa, aos olhos do mundo de hoje, a palavra “mais”? Algo de semelhante aos escribas de que Jesus fala no Evangelho: mais dinheiro, mais ostentação, mais poder, mais corpo, mais saúde, mais honras. Seria bom que lêssemos repetidamente esta passagem de Marcos e perguntássemos a nós próprios o que resta em nós de “estilo escriba”. Confrontemos este critério de “mais” dos homens, com aquilo que é “mais” para Deus. É libertador acreditar mas principalmente viver a ideia de que conseguimos despojarmo-nos e oferecermo-nos, tanto mais quanto nos aproximamos de dar tudo o que possuímos.
A propósito de algumas rupturas difíceis mas necessárias, ouvimos, por vezes, uma pseudo-argumentação de que a outra parte da relação que se quer romper “não aguenta”. Creio que, em muitos casos, trata-se de um boomerang. Se, por exemplo, uma filha já adulta não conseguir romper (ou desviciar) uma relação doentia com a sua Mãe e disser a si mesma “não o faço, pois ela não aguenta” poderá ponderar seriamente perguntar-se: “será que quem não aguenta sou eu?”… e depois há trabalho interior a fazer, possivelmente carente de ajuda externa…