esperançamentos…

O cristianismo não será ingénuo nem fácil. Mas não há toque cristão sem um tom esperançador e otimista: Jesus desfataliza a história…

JP in Espiritualidade Frases 18 Novembro, 2021

aniversário…

Vale a pena celebrar os aniversários, embora eu não seja forte na estética desses dias especiais. Melhor quando se faz a festa do agradecimento da vida, recebida e oferecida tal e qual, com tranças de fragilidade e virtude, esperança e desânimo, labor e descanso e tudo mais que tece este valer a pena viver.

JP in Sem categoria 16 Novembro, 2021

Senhor, porção da minha herança

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se o salmo 15
«Senhor, porção da minha herança»

Os salmos são textos poderosos mas encerram um poética carente de extração e contextualização histórico-teológica. Importam, muitas, vezes, os traços subtis cantados transversalmente. No presente caso, seja a confiança.

Pode ser interessante fixarmo-nos numa palavra, num verso, numa ideia, e a partir dela… tecer. Seja a frase: « Senhor, porção da minha herança». Podemos refletir sobre as heranças, 
isto é, aquilo que nos foi deixado pela geração anterior ou o que deixaremos para outras gerações. Se perguntarmos o que mais precioso nos foi legado pelos nossos pais, pelos que estiveram antes de nós, terão sido os bens, casas ou terrenos, posições sociais ou diplomas? E o que gostaríamos de deixar aos que nos seguirão, à geração seguinte, aos filhos, se os tivermos? Estamos conscientes de que a esperança, a confiança, pode ser o mais precioso legado que podemos deixar a alguém?…

JP in Espiritualidade Textos 14 Novembro, 2021

frugalidade

O sociólogo francês Latouche oferece-nos a “economia de frugalidade voluntária”. É uma ideia fortíssima que poderá contribuir para salvar a cultura ocidental do voraz consumismo. Ao mesmo tempo, não se pode oferecer este propósito a quem não tem pão. Portanto, a par da nossa frugalidade escolhida, nós que já experimentamos ter e agora podemos desacelerar o consumo como expressão de liberdade, há que matar as fomes de meio mundo…

JP in Frases 12 Novembro, 2021

A Bíblia e as metáforas…

A Bíblia é um conjunto de textos ou «livros» escritos em diversas épocas. Embora se baseie na história do povo Judeu, muitos dos seus textos devem ser interpretados não literal mas metaforicamente. A Bíblia tem um carácter não apenas histórico mas também sapiencial, contendo uma sabedoria de vida mais do que um saber sobre factos. Nos nossos dias, é absolutamente claro que a Bíblia não é um texto científico, não devendo, por isso, ser lido como tal. A linguagem bíblica, muito rica e crucial para os crentes, é muitas vezes simbólica e, à semelhança de todas as expressões artísticas e literárias, alimenta-se de metáforas e parábolas das quais importa retirar a mensagem principal. Assim como o poeta Camões escreveu que «o amor é um fogo que arde sem se ver» e ninguém apaixonado imagina que dentro de si se inicia uma combustão viva e invisível, também a descrição simbólica de Adão e Eva, por exemplo, não deve merecer uma leitura literal e descontextualizada do texto bíblico…

JP in Espiritualidade Frases 10 Novembro, 2021

liberdades…

Deus tem fé em nós e por misterioso mistério arriscou criar-nos e amar-nos como seres livres, num cosmos que pulsa também as suas liberdades…

JP in Espiritualidade Frases 8 Novembro, 2021

«esta pobre viúva deu mais do que todos os outros» 

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 12, 41-44 
«Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros»

Nesta acutilante denúncia, Jesus desvaloriza a ostentação dos fariseus e enaltece a simplicidade da viúva indigente. O que mais nos pode impressionar é que individualmente e como comunidade, estamos repletos deste “resquício farisaico”. Quantos de nós, militando na mesma Igreja que Jesus fundou, este Jesus que combateu os gestos hipócritas dos fariseus, procuramos a exibição nas praças e os primeiros assentos? Procuremos, no dia-a-dia, em oposição, fixarmo-nos nos antípodas da ostentação, focados na radicalidade generosa da viúva pobre.

PS: Pode ser libertador e útil, quando bem aproveitado, o confronto com as escrituras nas celebrações religiosas… Será uma vantagem da ‘ritualização religiosa’: constituir-se no privilégio de poder aproveitar esses encontros, também, para muitos processos críticos e autocríticos, comunitários e pessoais, crescendo e gerando abertura à transformação.

JP in Espiritualidade Textos 6 Novembro, 2021

mudita

Há um termo budista que é de si só inspirador: mudita. Significa encontrar a própria alegria na alegria dos outros. Bela agenda…

JP in Frases 4 Novembro, 2021

Isto já não é o que era…

Há um conflito geracional intrínseco, cuja constatação nos devia impedir, à priori, de sermos pessimistas faces à juventude. Uma expressão interessantíssima, que delicia os velhos do Restelo, nos elucida: «A nossa juventude ama o luxo, é mal-educada, zomba da autoridade e não tem nenhuma espécie de respeito pelos mais velhos. As crianças de hoje são tiranas. Não se levantam quando um ancião entra na sala, respondem aos seus pais e são simplesmente más». A curiosidade, porém, é estas palavras terem sido proferidas pelo filósofo Sócrates, há cerca de vinte e quatro séculos…

JP in Educação Frases 2 Novembro, 2021

«amarás o Senhor teu Deus. Amarás o teu próximo» 

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 12, 28b-34
«Amarás o Senhor teu Deus. Amarás o teu próximo»

Os mandamentos do amor a Deus e ao Homens são o cerne da fé judaico-cristã e são invocados com frequência como o terreno firme da religião. Pela negativa, dir-se-ia que a religião se afasta tanto mais do seu trilho quanto mais secundariza este ideário. Destacam-se dois amores (canções de Marco Paulo à parte…): a Deus e ao próximo. Mas podemos focar-nos num ‘terceiro amor’, implícito nesta passagem, sem o qual não há eficácia amorosa: o amor a si mesmo. A intenção seria amar o outro como a mim mesmo. Portanto, sem nos amarmos a nós mesmos, não poderemos amar a Deus e aos irmãos. Temos aqui algum lastro da autoestima, do conhecer-se (e aceitar-se) a si mesmo. Não é narcisismo porque tem finalidade mais ampla, sempre fora de mim, mas contando comigo e com o abraço de acolhimento e validação que consigo dar a mim mesmo… este abraço dado, reconhece-se oferecido … e a isto os crentes chamam Graça.

JP in Espiritualidade Textos 30 Outubro, 2021