lava pés…
Em quinta-feira Santa fixamo-nos no lava-pés, gesto mais-que-simbólico do Deus revelado em Cristo. Há em nós um resquício de recusa deste Deus que nos lava os pés e, no entanto, é nesse desmesurado amor que mora um central reconhecimento e verdadeiro Encontro, princípio e fundamento…
desejo e posse
A infidelidade mais escandalosa do desejo é quando ele se confunde com a posse. O que tinha um potencial de grandes horizontes, verte-se ali, precariamente, num objeto…
Esta mesma noite, antes de o galo cantar, Me negarás três vezes
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 26, 14-27
Esta mesma noite, antes de o galo cantar, Me negarás três vezes
Em domingo de Ramos os Cristãos abrem portas de uma semana longa, intensa e fecunda. A liturgia faz um relato detalhado e longo da Paixão de Jesus. Entre vários momentos relevantes, destaca-se esta afirmação de Jesus para Pedro, que somos nós: ” Esta mesma noite, antes de o galo cantar, Me negarás três vezes”. Não se trata de uma adivinhação nem tão pouco de um agoiro ou pessimismo: é Jesus que sublinha a nossa contingência, o custo da nossa liberdade. Mas se aprofundarmos o contexto, o que Jesus enfatiza, em véspera de radical gesto amoroso, é a incondicionalidade da Sua presença. É a confiança de Deus em nós que transpira. É o amor que ama e está, independentemente do que fizermos, para além das nossas realizações, superando as nossas fragilidades. E que bom é dar sentido à vida assim, confiados e confiantes neste mesmo amor, o amor da Páscoa.
DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR
L 1 Is 50, 4-7; Sl 21 (22), 8-9. 17-18a. 19-20. 23-24
L 2 Flp 2, 6-11
Ev Mt 26, 14 – 27, 66 ou Mt 27, 11-54
elimina ou ilumina?
A fé não elimina mas ilumina a dor humana…
fé nossa…
A fé como procura de sentido é um trilho digno de registo, mas pode ser curto e individualista. Talvez a fé seja a resposta ao transcendente face a uma realidade coletiva por transformar. Importa, na comunhão, a santidade de Deus… não tanto a minha…
Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir»
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 11, 1-45
Disse-lhes Jesus: “Desligai-o e deixai-o ir”
Lázaro foi revivificado por Jesus (clarifica-se que que não é uma ressureição, já que Lázaro, adiante, como outros humanos, terá morrido… e na fé ressuscitado). Lázaro é cada um de nós. Por vezes, no trajeto da nossa vida, “morremos”. E deixamo-nos atar. Ficamos presos, imobilizados, sem andar. Podemos até cheirar menos bem, a cheiro de morte. Jesus abre o nosso túmulo, e, com a colaboração de outros, tipicamente, opera que nos sejam tiaradas as ligaduras. E então somos deixados ir, lvres de ligaduras e podendo trilhar espaços de liberdade. Podemos com vantagem perguntar-nos internamente: o que nos prende? O cristianismo, ou é este desatamento, ou não é crístico.
L 1 Ez 37, 12-14; Sl 129 (130), 1-2. 3-4ab. 4c-6. 7-8
L 2 Rm 8, 8-11
Ev Jo 11, 1-45 ou Jo 11, 3-7. 17. 20-27. 33b-45
seguranças
Não sou seguro em coisa nenhuma. O que me segura é querer ser melhor…
nascer do Sol
Nascer do Sol
Mergulhei na noite
que manhã seria.
Recebi a luz
que me alumia.
Uma estrela ainda
que se despedia.
Um galo que canta
saudando o dia.
Uma aurora espreita
como garantia.
É raio de Deus …Sua teimosia…
esperar a Páscoa…
Há dois tipos de segredo: um mais social/relacional, tipicamente defensivo ou mesmo manipulativo. Outro segredo, mais interior, pode ser espiritual, escolhido e embrulhado em silêncio processado. Os discípulos de Jesus acolheram o Mestre quando Este lhes pediu esse silêncio/segredo, que todos podemos viver, que era esperar a Páscoa…