teologia e Deus

A teologia não faz a fé: pode ajudar mas não tem que ajudar. A boa teologia navega histórico-criticamente na frente metafórica e literária da Bíblia. O dinamismo e a subjetividade (no sentido positivo do termo) do texto bíblico, assim entendido, retira espaço a algumas abordagens cristãs (que andam por ai, dentro de nós e na nossa boca) e que apontam para o mágico, para o espírito a cair do céu aos trambolhões, para um Deus ‘fácil’ e excessivamente explicitado… que talvez não exista…

JP in Sem categoria 18 Fevereiro, 2025

além da morte

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se 1 Cor 15, 12.16-20

«Se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa fé»

A frase de Paulo aos coríntios é bem conhecida dos cristãos e mote de muitas pregações e escritos espirituais. Propõe-se uma ligeira mudança no sujeito da frase “se eu não ressuscito é estéril a minha fé”. Esta frase, traduzida em vida, significa um claro respeito pelas minhas lágrimas, pelas minhas tristezas e pelas minhas “mortes”, mas um olhar sobre o horizonte, mais do que para os próprios pés cansados. Ressuscitar é recomeçar! E este respirar é tanto um alento existencial, como, principalmente, um mote para cada desafio de cada minuto, de cada espaço da nossa vida.

NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO VI DO TEMPO COMUM

L1: Jer 17, 5-8; Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6
L2: 1 Cor 15, 12. 16-20
Ev: Lc 6, 17. 20-26

JP in Sem categoria 16 Fevereiro, 2025

amar é largar as coisas

Não é só ‘amar é largar’, no plano relacional humano. Também com as coisas, os bens, há que largar antes de eventualmente ter com qualidade desapegada…

JP in Sem categoria 14 Fevereiro, 2025

aprender a calar

Parece que foi Cícero que disse: leva dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a fazer silêncio… boa malha para quem, como eu, tem como traço autocrítico o abuso do linguajar…

JP in Sem categoria 12 Fevereiro, 2025

aderir…

Os seres humanos vivem numa complexa rede de relações interpessoais, no interior da qual se estabelecem relações de confiança, que nos levam a acreditar em muitas coisas que não são demonstráveis nem filosófica nem cientificamente. O cristianismo surgiu precisamente de uma teia de relações que se estabeleceu entre os primeiros cristãos, com base nos profetas do Antigo Testamento e em experiências dos contemporâneos de Jesus. Os cristãos acedem a Deus com base na experiência de encontro com Cristo ressuscitado feita pelos primeiros cristãos, experiência que fundamenta toda a tradição cristã e que se prolonga, nos nossos dias, na celebração comunitária da fé e na vida de oração pessoal, com as exigências práticas que daí derivam. A este lastro de sustentação racional da fé cristã há que somar outra condição crística: a alegria de aderir e o sentido de liberdade que se pode viver no processo da existência.

JP in Sem categoria 10 Fevereiro, 2025

deixar…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 5, 1-11

«Deixaram tudo e seguiram Jesus»

Os cristãos, em última análise, são frágeis seguidores de Jesus, o Cristo. O relato de Lucas fala-nos de pesca, de abundância, de deixar tudo e seguir Jesus. A pesca corria mal mas a presença de Jesus trazia abundância. Fascinados com essa plenitude resultante da amizade com Jesus, os discípulos mudaram a orientação da sua pesca, deixaram tudo e tornaram-se “pescadores de homens”. Os critérios de Cristo convidam-nos a uma recentralidade humanista: são os outros homens e mulheres que nos importam. Os cristãos podem provocantemente perguntar-se: Que pesca fazemos? Como “convocamos” Jesus para nos acompanhar naquilo que nos importa? Como sentimos a abundância da Sua presença? Que mudanças somos capazes de fazer para O seguir, “pescando” de outra forma?…

NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO V DO TEMPO COMUM


L1: Is 6, 1-2a. 3-8; Sal 137 (138), 1-2a. 2bc-3. 4-5. 7c-8
L2: 1 Cor 15, 1-11 ou 1 Cor 15, 3-8. 11
Ev: Lc 5, 1-11

JP in Sem categoria 8 Fevereiro, 2025

narrativa cristã

Podemos ter uma boa sistematização da narrativa cristã se a entendermos nas suas três grandes dimensões, a programática, a performativa e a interpretativa. Seria assim, na fé: Deus precede a história, Deus intervém no rumo da história e Deus revela o sentido da história.

JP in Sem categoria 6 Fevereiro, 2025

Igreja de primeiros tempos


Será sempre difícil entender e renovar a Igreja (é ontologicamente próprio da Igreja renovar-se, por mandato evangélico) sem um olhar histórico, límpido e crítico das mentalidades reais das grandes épocas, desde os primeiros cristãos. E um regresso crítico aos primórdios, na dádiva de todos os tempos, é e será inevitável. Ali, no início, não sem confusão, havia sempre mais fraternidade do que hierarquia, mais serviço do que poder.

JP in Sem categoria 4 Fevereiro, 2025

largar…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 2, 2240

«Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor»

Dando cumprimento à Lei de Moisés, Maria e José levaram o Menino ao templo. O gesto central de Maria e de José, é o de oferecer o seu filho e, desta forma, estabelecer uma cumplicidade com a missão salvadora de Jesus e a sua doação a todos nós. Opõem-se ao gesto de oferecer, as atitudes de possuir, manipular, controlar, chantagear e construir expectativas formatadas. Quantas vezes, nas nossas relações (os pais em relação filhos mas não só), não teremos esta atitude de possuir, em vez de oferecer?… Apresentar, oferecer, largar, são bons verbos de inspiração para as relações dentro de tantas (sagradas) famílias que florescem no mundo.



Ev Lc 2, 22-40 ou Lc 2, 22. 39-40

JP in Sem categoria 2 Fevereiro, 2025

olhar como Deus

De todos os ‘mergulhos divinos através dos homens’ (sermos Seus pés, Suas mãos e Seus olhos) impressiona-me o olhar. Deus arrisca olhar através de mim e eu olharei como Deus olha se me souber tomar pela compaixão universal…

JP in Sem categoria 30 Janeiro, 2025