evolução

As teorias evolucionistas, desenvolvidas por Darwin e aperfeiçoadas por muitos outros cientistas, atestam com segurança a ideia de que a espécie humana evoluiu (e evolui!) a partir de outras espécies e que, deste modo, não terá sido criada tal qual a conhecemos, num dado instante, com um “sopro de Deus”. Neste sentido, são desajustadas as chamadas teorias criacionistas, veiculadas, entre outros, por alguns movimentos de cristãos (mormente no Norte e no Sul da América). Estas ideias, sem fundamento científico sério, baseiam-se numa interpretação literal da Bíblia. Outrora, também a Igreja Católica se associou a esse olhar ingénuo sobre os textos sagrados e patrocinou que Adão e Eva tinham sido realmente criados como homem e mulher a partir do pó da terra, tendo vivido no paraíso terrestre até ao pecado original. Hoje, a maior parte dos cristãos entende de forma muito diferente os três primeiros capítulos do Livro do Génesis que narram a criação do mundo por Deus. A leitura literal, da Bíblia e de outros livros, deixa-nos tipicamente à porta das mais profundas revelações…

JP in Sem categoria 10 Março, 2025

deserto bom

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 4, 113

«Esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado»

Em início de tempo de Quaresma (preparação para a Páscoa), somos confrontados com as tentações ocorridas no deserto da vida de Jesus. Ele experimenta com forte intensidade os convites tentadores à honra, ao poder e à glória. Como cada um de nós… Mais do que na interioridade, na intelectualidade e nos sonhos (embora também importe), é no quotidiano que estes desertos se nos deparam, quando queremos ser reconhecidos forçadamente, quando queremos ‘mandar’, quando queremos ser o centro. A preparação para a grande ponte (entre a morte e a vida), que é a Páscoa, carece desta consciência de deserto, o deserto da nossa auto-centralidade…

NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO I DA QUARESMA


L1: Deut 26, 4-10; Sal 90 (91), 1-2. 10-11. 12-13. 14-15
L2: Rom 10, 8-13
Ev: Lc 4, 1-13

JP in Sem categoria 8 Março, 2025

tensões cristãs


Uma das tensões mais evidentes em Jesus de Nazaré, que me atrai e me recentra, é aquela entre continuidade e descontinuidade. Como pode ser (e está a ser, na Fé) ambas as coisas? Judeu, mas renovado, temporal mas escatológico, presente mas fugaz, visível mas invisível, alcansável mas livre…


JP in Sem categoria 6 Março, 2025

sinodalidade e Evangelho

O pulsar mais inegociável da complexa mas desafiante caminhada sinodal da Igreja é ‘voltar sempre ao Evangelho’. Os equívocos, as paregens e até os retrocessos mais tentadores, intuo eu deste meu simples lugar, terão na sua base o afastamento do Evangelho.

JP in Sem categoria 2 Março, 2025

a realidade, mesmo que criticável, é sempre um espelho (humildemente) meu…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 6, 39-45

«Por que é que tu reparas no cisco que está na vista do teu semelhante, e não vês a trave que está nos teus próprios olhos?»

A mais radical humildade é o convite central desta passagem do evangelho de Lucas: a verdade de mim mesmo, os meus próprios limites. Ajuda ter este cenário de fundo nos exercícios críticos das mais variadas organizações: escolas, sistemas políticos, famílias, Igreja. Há sempre um ‘efeito buberangue’ que convém ter em conta. Por exemplo, eu vejo, julgo e digo (talvez bem e justamente) que “eles” não ligam muito aos mais desprotegidos, indefesos ou pobres; e eu?…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM

L1: Sir 27, 5-8 (gr. 4-7); Sal 91 (92), 2-3. 13-14. 15-16
L2: 1 Cor 15, 54-58
Ev: Lc 6, 39-45

aberturas…

Poderíamos sintetizar o desejo da fé nesta formulação: abrir-me a qualquer coisa mais… que me dá abertura…

JP in Sem categoria 28 Fevereiro, 2025

pequenas fé e caridade


A caridade (que é o amor ao próximo) tem com a fé uma grande cumplicidade: ambas são pequenas… intrinsecamente pequenas…

JP in Sem categoria 26 Fevereiro, 2025

o fariseu que há em mim

As inspirações bíblicas mais críticas sobre os fariseus e outros grupos fechados, revestidos da hipocrisia e da exterioridade, são para todos, são para mim. Apesar das crises eclesiais (e a que vivemos é muito aguda), uma das coisas que me faz permanecer é, não só mas também, o reconhecimento de que eu mesmo, crente em trânsito, sou um procurante de coerência e inteireza. O nosso esculpir interior, feito de oração, comunidade, trabalho e caminho, é ir deixando de ter máscaras, aproximando-nos da verdade que somos. Tudo na primeira pessoal do plural…

JP in Sem categoria 24 Fevereiro, 2025

sempre um lugar no coração…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 6, 27-38

«amai os vossos inimigos»

Poucos duvidam que a leitura da passagem de Lucas 6, congrega a mais difícil (mas também a mais original) “empreitada cristã”: a centralidade do perdão, que é (hiper)doar, pode também ver-se neste prisma de amar os inimigos. Neste texto há um conjunto de frases quasi-sinónimas, que, apesar de radicais e quase contra-natura, podem ser inspiradoras:  “fazei bem aos que vos odeiam”, “abençoai os que vos amaldiçoam”, “orai por aqueles que vos injuriam”, “a quem te bater com uma face, apresenta-lhe a outra”, “a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica”, “ao que te levar o que é teu, não reclames”… Falam por si… Não devendo cair em “alimentação de monstros” nem em submissões indignas, poderão ser caminho de liberdade. Podemos até ter que nos afatar de algumas pessoas, por limitação, por segurança, por prudência, por sanidade. Mas, em reduto cristão, libertará deixar sempre um lugar no coração…



NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO VII DO TEMPO COMUM

L1: 1 Sam 26, 2. 7-9.12-13.22-23;Sal 102 (103), 1-2. 3-4. 8 e 10. 12-13
L2: 1 Cor 15, 45-49
Ev: Lc 6, 27-38

JP in Sem categoria 22 Fevereiro, 2025

ritual e novidade

O ritual e, nele, a repetição vivida como novidade, oferecem-nos em potência uma chave de luz: a sacralidade do ordinário. Ao mesmo tempo, o ritual precisa da nossa participação e abertura, para receber como novo o que se repete. O ritual só é sagrado se o triangularmos com as nossas mãos abertas e curiosas…

JP in Espiritualidade Frases 20 Fevereiro, 2025