Enxofre

Enxofre

 

Ligado a

mais sete

cor ovo

estrelado.

Com óxido,

poluição.

Mais água

chuva

acidificação.

Ligado

a metais

sulfato

qualquer.

Ligando

o cabelo

de uma

mulher…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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JP in Ciência Poemas Química 3 Julho, 2018

Alquimia

Alquimia

 

De tempos

antigos

à noite

ou de dia

caverna escondida

segredo,

alquimia.

Entre ferro

e engenho

um qualquer

vil metal,

sai o sonho

tamanho,

pedra

filosofal.

Sai ouro

e mistério,

receitas

à sorte

elixir

milagroso,

corte eterno

da morte…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Carbono-ligação

Carbono-lição

 

Agregado

de modos

diferentes,

tu, carbono,

és quase

concreto

ilusão.

Grafite,

camadas

diamante

cruzadas,

resistente

duração.

Tua virtude

maior:

Fazer muita

ligação.

Para nós…

uma lição!…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Densidade

Densidade

 

Quando me

centro em mim,

cresce a minha densidade.

Mais massa

no mesmo volume

das minhas possibilidades.

Cheio,

deixo de flutuar.

n Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Aquímica em b por v

A química em b por v

 

A química

apalpa o mundo:

Agente amanda radiação

para a coisa

e bê

como a radiação bem.

E bê, assim,

o que a coisa tem.

A química

segue o mundo:

Agente

não bê só

o que a coisa tem.

Agente bê

o que muda

e se transforma

também.

A química

é conhecer

e o que importa

é ver bem

…não ber vem.i

n Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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JP in Ciência Poemas Química 2 Julho, 2018

decaimento

Decaimento

 

Decais

em random

perfeito.

Dizem

não existir

mais pura

aleatorização.

Aparente,

este acaso

que não impede

antes alimenta

a ordem

possível,

a melhor

do cosmos.

Qual caos?

o caos

nunca é puro

já que espreita,

sempre espreita,

o sentido

escondido.

Decais,

como eu.

Meu tempo

de meia vida

já lá vai.

Meu Pai,

minha Mãe

decaíram,

tanta memória.

Como tu,

que decais,

transporto

deles esta

matéria.

Emano,

também deles

esta radiação…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Electrão

Eletrão

 

Tantas voltas

quânticas

sem saber

nunca

onde estás?

(como eu).

Se te agarram

deixas de dar

-te

a conhecer

(como eu).

Se te olham

ficas rubro

e deixas de ser

o que eras

(como eu).

Precisas de muitos

iguais para

te significar

(como eu).

Com teus pares

podes dar

luz

como eu…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Carbono

Carbono

 

Doze

no nome,

seis

no benzeno

anéis

grafite

cianeto

veneno.

Diamante

petróleo

carbonizante.

Alcano

alceno

alcino

carbono

-carbono

vibrante

Etino.

aroma

vinho

etanol

Enebriante.

Carbono

em tudo,

fulereno

marcante.

com vida

ou sem vida

convida

a viver

delirante.

Elemento

essencial,

elemento

abundante

carbono

vital.

Quatro

patas:

quase

animal…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Dose certa

Dose certa

 

Procuro a

minha dose.

Quanto sou?

Que espaço ocupo?

Que tempo tomo?

Às vezes, sou demais,

quase veneno.

Encho com excessivas

palavras.

Melhor fora ser

silencioso solvente.

Outras vezes

devia ser mais presente.

Mais soluto.

Mais concentrado.

Sou micro-escala

quando deveria

gritar ao mundo

toda a injustiça.

Meu sonho?

Ser tónico, não tóxico.

Procuro a

minha dose,

a dose certa…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

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Aquela voz

AQUELA VOZ

Sento-me

de pernas cruzadas

sem ter nada

para dizer.

Estou só

contigo.

Muitas vozes

ecoam

dentro de mim.

Distingo a Tua,

aquela voz

que me diz

que sou feliz!

n Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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