nini

nini

 

 

escrevo-te

letra pequena

porque

te escrevem

Grande

os deuses

do Amor.

buscador,

quando amaste,

arrebataram-te

buscado.

esse desejo

bem aventurado

de não te encheres

(minúsculo)

alegra-te

em Outro.

basta ouvir

a música

da vida

(baixinho)

para te saberes

instrumento

tocado.

ser nini,

pequeno,

me basta

amado.

 

2016

JP in Poemas 28 Junho, 2018

empecilho

Empecilho

 

Há uma estranha

liberdade

espreitante

quando um

instante

me preenche

… me invade.

Tomado

por essa graça

preso livre

(interessante…)

não há fome

nem desgraça.

Sede outrora

saciada,

surpresa nova

… que partilho.

Nem o mundo

nem o outro

nem eu próprio,

nada agora

é empecilho!

16/02/2013

scaning da escuta

Scaning da escuta

Que os meus pés

Escutem o Teu chão

E minhas pernas

Caminhem a Tua voz.

Que as minhas entranhas

Respirem o Teu silêncio

E a minha boca

Diga a Tua presença.

Que os meus olhos

Alcancem a Tua sombra

E que eu cheire

O Teu perfume.

Que eu ouça

A Tua existência…

 

2015

mais uma Primavera

Mais uma primavera

 

Sim, gostava de
viver mais primaveras.
E ver as hortenses abrir
e o cheiro do pó…
Gostava de, mais uma vez
olhar os pitos nascer
e tocar neles pequenos,
de montar estruturas na horta
e colher morangos maduros.
Mais uma primavera,
para comer o cheiro das maçãs
e até espalhar o estrume na terra.
Quero mais uma primavera
para cortar lenha
e buscar paus e pinhas
para aquecer o inverno.
E mergulhar na piscina
quente e escura
a ver estrelas no céu.
E para partilhar com outros
estes privilégios,
uma primavera se pediria.
Mas o que eu quero mesmo
desejo e sigo,
emprestando vontade,
é colher a graça
desta Primavera,
talhada com a
sacralidade
do instante
em que escrevo.
O dom da esperança
me basta
… a ele,
me rendo amorosamente.

Fornos, 11 de fevereiro de 2015

 

JP in Poemas

leito de Deus

Leito de Deus

A fé é esta procura constante, este risco num abismo que, paradoxalmente abissal, é leito de paz. Aqui repouso, na tensão amorosa, convicta e determinada de que é a cama em que me quero deitar. Se vezes há, e muitas são, em que me distraio e deito noutros leitos, principalmente meus, em aparente ganho, ai peco eu, perde o mundo e perde Cristo. A misericórdia de Deus é sempre, porém, o meu lençol. Sempre limpo, acolhedor, não julgador, abraçador, aconchegante, consolador. E assim me sinto, quando me deito e deixo aqui dormir. Mais não quero que ser manto de outros tantos, assim com Cristo e em Cristo, já não eu, mas Ele em mim. Que eu viva, persevere e celebre para ser isto e, assim, seja o melhor de mim e de Deus. Amen.

homo-divino

Homo-divino

 

Cristão sou

Assim me defino.

Sou livre quando

Aponto a Ti.

Por graça,

ir além de mim

e comigo,

emprestar-me

ao homo-divino Cristo,

redunda no mais

certeiro encontro.

 

Ragusa 17 Agosto 2015

passo lento

Passo lento

Há um passo

na reacção

que manda

por lento ser.

Pode tudo

acelerar

mas será

tal passo a mandar

e tudo a

obedecer.

Podem correr

os restantes

em um qualquer

fernezim

que sera o

passo lento

a dizer quando

é o fim.

E na vida:

olhando o lento

o último

que há em mim,

Na vida

manda o que é lento?

Será também

A vida assim?…

 

fevereiro 2015

água destilada

 Água destilada

Ser água limpa
transparente
fresca
e lavadora.
A destilada
não é boa para beber.
Perfeita quimicamente
faltam-lhe os iões
…e outros elementos

fundamentais.
A água destilada
da vida
chama-se perfeição

e é perigosa para a saúde.
Sejamos inteiros
e não perfeitos,

…que a alma agradece…

 

janeiro 2015

ser Cristão

Ser Cristão

 

 

 

Ser cristão

É esta ilusão

Com-sentida

De um outro

Que habita

Em mim

Ao viver

Iludido,

Assim,

A ilusão

Ganha vida.

Sou água

Iludida,

Vazinlha

Pré-enchida

Por Outro

Amor maior.

Da ilusão

Brotante

De grande vazio,

De carência

Profunda

(feita de absurdos)

me abro

ao mistério

que falta.

E em mergulho

De vida

Reconheço-me

Existido

De uma fonte

Que me abraça.

 

 

Soutelo, 09 de dezembro de 2016

Quase poesia quase química

Livro (on line) editado pela Sociedade Portuguesa de Química.

Podes ser acdedido em:

https://www.spq.pt/files/docs/boletim/poesia/quase-poesia-quase-quimica-jpaiva2012.pdf

…ou diretamente abaixo.

quase-poesia-quase-quimica-jpaiva2012

Referência:

Paiva, J. C., Quase poesia quase química. (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química, 2012.

Nota: neste blog, alguns dos poemas constantes do livro, com etiquetas, são disponibilizados ‘avulso’.