Electrão

Eletrão

 

Tantas voltas

quânticas

sem saber

nunca

onde estás?

(como eu).

Se te agarram

deixas de dar

-te

a conhecer

(como eu).

Se te olham

ficas rubro

e deixas de ser

o que eras

(como eu).

Precisas de muitos

iguais para

te significar

(como eu).

Com teus pares

podes dar

luz

como eu…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)

 

JP in Ciência Poemas Química 2 Julho, 2018

Carbono

Carbono

 

Doze

no nome,

seis

no benzeno

anéis

grafite

cianeto

veneno.

Diamante

petróleo

carbonizante.

Alcano

alceno

alcino

carbono

-carbono

vibrante

Etino.

aroma

vinho

etanol

Enebriante.

Carbono

em tudo,

fulereno

marcante.

com vida

ou sem vida

convida

a viver

delirante.

Elemento

essencial,

elemento

abundante

carbono

vital.

Quatro

patas:

quase

animal…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)

Dose certa

Dose certa

 

Procuro a

minha dose.

Quanto sou?

Que espaço ocupo?

Que tempo tomo?

Às vezes, sou demais,

quase veneno.

Encho com excessivas

palavras.

Melhor fora ser

silencioso solvente.

Outras vezes

devia ser mais presente.

Mais soluto.

Mais concentrado.

Sou micro-escala

quando deveria

gritar ao mundo

toda a injustiça.

Meu sonho?

Ser tónico, não tóxico.

Procuro a

minha dose,

a dose certa…

in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.

acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)

 

Aquela voz

AQUELA VOZ

Sento-me

de pernas cruzadas

sem ter nada

para dizer.

Estou só

contigo.

Muitas vozes

ecoam

dentro de mim.

Distingo a Tua,

aquela voz

que me diz

que sou feliz!

n Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

Sou feliz

SOU FELIZ

Sou enormemente feliz!

Escrevo-o

para não me esquecer

para ficar na história

que sou fraco

e preciso de escrever:

Sou feliz.

Escrevo-o

porque a caneta quer

e o papel também.

Escrevo-o por amor,

para dar

e viver.

Escrevo-o

… porque sou feliz!

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

JP in Poemas

Intimidade

INTIMIDADE

São instantes

inequívocos

em que só

te tenho a Ti!

Pretéritos

projectos

tempo,

tudo se centra ali

… Em Ti!

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

Inconsciência

INCONSCIÊNCIA

Navego inconsciente

na consciência da Fé:

não percebo mas entendo

não enxergo mas vejo

não suporto mas resisto.

Não compreendo mas amo.

Tudo tomba mas sou esperança.

Já não sou eu que vivo,

sou mais fé… do que eu…

Estou consciente.

Inconsciente é só a alegria

que sinto por ser assim!

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

Nascer do Sol

NASCER DO SOL

Por entre as grades

deste quartel

vejo

a laranja estendida

e a última estrela

pára de cintilar.

Nasce o verde

e começa o movimento.

E eu vou abrir o portão

para o Sol nascer cá dentro.

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

JP in Poemas

Ao Avô babado

AO AVÔ BABADO

Um avô delicioso

toma conta da criança

do bebé muito zeloso,

nem se dá conta que cansa…

Um avô olhando o tecto

está ele próprio a dormir

embalado pelo neto.

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

Bébé

BEBÉ

Dá, bá ,bá ,dá

diz o tesouro falante

gira no parque

sem rumo

ri por pouco ou por nada

e chora.

Está contente

só por ser.

Seus olhos, grandes

flutuam.

E as mãos

agarram

o que mostra… luz do dia.

Agora quer-me agarrar

a folha da poesia…

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

JP in Poemas