eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 10, 27-30

«Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me»

A metáfora de Jesus como pastor aparece de muitas formas nos Evangelhos. O Papa Francisco, encorajando os padres enquanto pastores, tem apelado ao sentido do olfato, para recomendar aos pastores da Igreja que “cheirem” aqueles com quem se relacionam na comunidade. Trata-se de um convite à abertura real face aos problemas do outro, condição base para que se possa atender e servir. Posto que em era pós-conciliar está reforçado que todos somos sacerdotes em Igreja, e, assim, todos pastores de um Pastor congregador, temos um convite universal a “cheirar” o outro, no sentido mais óbvio e fecundo, que é aquele de emprestar os sentidos a uma relação cuidada e cuidadora.

JP in Espiritualidade Frases 12 Maio, 2019

Fátima e a ciência

A mensagem central de Fátima não é dogma de fé, mas constitui-se como um convite à oração, à mudança para uma vida mais humana, a “descansar em Deus”, algo tão urgente na acelerada sociedade de hoje. E o contexto de simples crianças ajuda bem a enquadrar a forte carga simbólica do recado. É isso que Fátima tem para dar e que a Igreja portuguesa paulatinamente vai ensinando, de modo que aquele espaço de peregrinação seja cenário de encontro com um Deus de amor e não um supermercado de milagres.

ler artigo completo no link abaixo

Fátima e Ciência (Brotéria Maio Jun 2017) (1)

J. C. Paiva, «Fátima e a ciência»Brotéria, 184, 706-720, 2017

JP in Ciência Espiritualidade 10 Maio, 2019

teologia e maiêutica

Convém à teologia ser autoafirmativa e não uma resposta autoritária. Por isso, sempre crítica e autocrítica. Ajuda, neste contexto, a imagem socrática da maiêutica. Estamos, como a parteira, Mãe daquele filósofo, a ajudar a nascer, a “extrair vida”, (re)fazendo e (re)dizendo… o que, porventura, já existe…

JP in Espiritualidade Frases 8 Maio, 2019

cristão-judeu

Tenho de reconhecer que, sendo Cristão, sou muito Judeu. Acredito num Deus que se quer revelar (relacionar com o Homem) e já no judeísmo, aperitivamente,  Deus “fala”, “faz” e “liberta”… Em Jesus, atinge-se um (anunciado e percorrido) cume…

JP in Espiritualidade Frases 6 Maio, 2019

Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 21, 1-19

« Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes»

Os tempos litúrgicos pós-Páscoa relatam-nos sucessivas (re)aparições de Jesus aos discípulos. Permito-me relevar (dar importância secundária…) ao dilema hermenêutico-teológico de saber se apenas os discípulos “viram e comeram com o Senhor” ou se existiu uma fisicalidade síncrona espaço-temporal dos acontecimentos relatados nos evangelhos. O mais importante para a fé, penso, é penetrar vivencialmente nestas duas dimensões: 1- Deus revela-se na abundância (de peixes); 2- Deus radica-se no mais ordinário e essencial, em ciclos de vida dinâmicos e de dádiva (comer). Se “pescássemos” e “comêssemos” com este ‘toque de ressurreição’, a vida poderia ser mais intensa…

JP in Espiritualidade Frases 4 Maio, 2019

Imagens ou palavras para educar?

Sejam imagens, sejam palavras, importa usar os meios mais adequados para os alunos perceberem do que se fala, compreenderem o que acontece, conquistarem o que os faz crescer. O professor fascinado vibra com o encanto da palavra, como vibra com a força da imagem e usa ambos os meios como escopro e martelo da obra de arte que é a educação.

JP in Educação Frases 2 Maio, 2019

enchendo…

Por vezes atrasamos-nos, como na  publicação deste ‘post’ (…), porque andamos cheios de coisas.

Tu e eu temos uma tendência ancestral: enchemos com muita coisa, um vazio que ainda não tocamos…

 

JP in Frases 30 Abril, 2019

Põe a tua mão e mete-a no Meu lado

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-31

«Põe a tua mão e mete-a no Meu lado»

Jesus “volta” para dar a Tomé os sinais de que ele precisa para acreditar. Há muitos “Tomés” em todos os crentes, enquanto carentes de sinais diante do risco que é acreditar. A fé não passa por provas do tipo científico ou outro (deixaria de ser fé) mas passa muito por sinais. Talvez a vida nos vá dando os sinais de que precisamos para acreditar e podemos perguntar-nos que sinais, “quasiconcretos”, teremos para acreditar na vitória da vida. Somos também, convém tomar consciência, sinais de uns para os outros…

JP in Espiritualidade Frases 28 Abril, 2019

Medicinas alternativas, ciência e sociedade

A empresa científica, que suporta a medicina dita convencional, pressupõe um conjunto de metodologias e práticas rigorosas.Trata-se de um processo lento mas seguro, nos critérios da sociedade em que vivemos e da cultura científica vigente.

 

J. C. Paiva, Medicinas alternativas, ciência e sociedade. Site PontoSJ. 29 de junho de 2018. Disponível em

https://pontosj.pt/opiniao/medicinas-alternativas-ciencia-e-sociedade/

 

 

Medicinas alternativas, ciência e sociedade

As medicinas ditas alternativas têm estado na ordem do dia, nomeadamente no seu confronto com a medicina convencional, de suporte científico mais sólido. Embora em planos diferentes, destacam-se a acupunctura, a osteopatia e a homeopatia. A primeira é herdeira de longa e sólida prática oriental e tem como cartão de visita a intervenção terapêutica com agulhas, a segunda centra-se na manipulação corporal (essencialmente óssea mas também ampliada aos órgãos internos) e a terceira na manipulação e ingestão doseada de produtos naturais, à base de plantas e de outras substâncias.

Estas medicinas têm sido acusadas de se situar no plano das “pseudociências” e as polémicas agudizam-se no âmbito da respetiva legalização plena, creditação, monitorização e eventual acesso a patrocínios estatais, reconhecimentos e comparticipações aos utentes que a elas recorrem.

A empresa científica, que suporta a medicina dita convencional, pressupõe um conjunto de metodologias e práticas rigorosas, que incluem um escrutínio apertado de teorias e ensaios clínicos, submissão de publicações científicas avaliadas por pares, etc. Trata-se de um processo lento mas seguro, nos critérios da sociedade em que vivemos e da cultura científica vigente.

Como seria de esperar, algumas destas práticas alternativas podem ser alvo de uma análise de matriz científica, com argumentos razoáveis. Por exemplo, sabe-se que as agulhas usadas na acupuntura podem promover a libertação de endorfinas nas extremidades nervosas, aliviando a dor. Adivinha-se que uma manipulação óssea experiente e com substrato de sólidos conhecimentos anatómicos favoreça algumas operações de reajustamento eficazes e, porventura, mais rápidas que uma mobilização ortopédica clássica. Conhecem-se igualmente os benefícios que podem originar no ser humano determinadas plantas, respectivos extractos e outras substâncias, particularmente em diluições ajustadas.

Colocam-se mais objecções de natureza científica no que concerne às interpretações sistémicas destas medicinas alternativas, particularmente no tocante às tão insistidas “energias” e às relações psicossomáticas entre a doença física x e emoção y.  Pode admitir-se, em abstracto, que uma dada doença corporal possa ter sido alavancada por uma qualquer fragilidade emocional e fraqueza psicológica mas o problema está em ter a veleidade de estabelecer relações lineares (fáceis ou facilitistas) entre ambas as coisas. Uma caricatura de toda esta problemática seria uma afirmação do tipo: “se teve tumor de mama, então a relação com Mãe era problemática”. É bem razoável aceitar que condições psicossomáticas de tensão interna e relacional, a somar a tendências genéticas, hábitos alimentares, etc, possam predispor um cenário oncológico. Mas estabelecer com base num improviso empírico essas relações escapa à tradição e à prática da ciência.

O mesmo se diz em relação aos circuitos das chamadas “energias”, que estabelecem relações entre órgãos, sintomas e patologias: até podem existir algumas dessas relações mas o que falta, precisamente, no enquadramento científico, é estabelecer de forma inequívoca e segura as matrizes de causa-efeito.

A questão do tempo de maturação das ideias e das práticas terapêuticas é crucial nesta tensão entre medicinas alternativas e práticas clínicas clássicas: as primeiras, em alguns casos, são mais rápidas mas, na exata proporção, mais arriscadas. A manipulação óssea na osteopatia é um exemplo claro: face a uma patologia ortopédica, por exemplo, a imobilização ou a fisioterapia clássicas são necessariamente mais lentas (e menos eficazes no sentido instantâneo do termo) do que uma manipulação osteopática. Mas o risco desta segunda prática (em graus diferentes, conforme a formação, a solidez e até o sentido ético de quem pratica) é comparativamente maior. Convém dizer, apesar de tudo, que a manipulação ósseo-esquelética pode evidenciar menos risco e mais suporte do que a craniana ou a visceral, embora o fito osteopático resida precisamente na relação do todo corporal. Sublinha-se a variável da responsabilidade ética e verticalidade da formação de cada praticante, sendo justo afirmar que “há osteopatias e osteopatias”…

No que diz respeito à homeopatia (não fosse químico quem escreve…), as técnicas de análise e síntese química atuais, aplicadas à farmacologia e à medicina, são definitivamente mais seguras do que a prática, mesmo que ancestral, das mezinhas mais ou menos caseiras. É claramente mais robusta e firme a ida a uma farmácia do que a aposta em uma qualquer dose homeopática. São moléculas estudadas, interações bioquímicas monitorizadas e validadas e práticas clínicas com ensaios sistemáticos, mais aconselháveis que quaisquer outros estilos terapêuticos que não apresentam a robustez de um suporte científico. A procura homeopática de diluições tendencialmente muito elevadas não reduz totalmente riscos de improviso ou mesmo vestígios de engodo…

Nesta reflexão algo crítica das medicinas alternativas convém ser justo no que diz respeito a um aspeto onde estas práticas clínicas parecem, em muitos cenários, na prática, superar a medicina tradicional. É que, não raras vezes, a atitude face ao doente é aqui mais holística: vê-se o todo da pessoa, incluindo múltiplos equilíbrios, alimentação, estilo de vida, etc. Mais ainda, parece ser dada atenção ao paciente, porventura com mais dedicação e paciência do que na medicina tradicional. Por isto mesmo, há, por esta via, uma concorrência forte à medicina convencional que pode gerar uma atitude autocrítica dos médicos e enfermeiros, das organizações clínicas e da política de saúde: era bom que a medicina convencional fosse suficientemente qualificada do ponto de vista dos respetivos valores éticos e competências relacionais dos seus agentes e com qualidade sistémica para acolher cada doente de forma calma, ponderada, totalizante e, principalmente, humanizada.

JP in Ciência Textos 26 Abril, 2019

tradição e síntese

A integração da tradição, no fenómeno religioso, em particular, há de constituir-se num dinamismo criativo, capaz de incorporar uma complexa mas necessária síntese entre, por um lado, os processos inocentes e quase ingénuos de certo passado e, por outro lado, o excesso de criticismo espiritual moderno…

JP in Espiritualidade Frases 24 Abril, 2019