os Seus parentes diziam: “está fora de Si

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 3, 20-35

os Seus parentes diziam: “está fora de Si”

Podemos apoiar-nos na ideia de que Jesus foi acusado de “estar fora de si”, para estarmos mais imunes a eventuais críticas que nos façam, quando mergulhamos em certa “loucura amorosa”, que, tantas vezes vai contra a corrente. Estas críticas vêm, não raras vezes, como aconteceu com Jesus, da própria família. Jesus, porém, não vacila e segue o Seu caminho, impelido por um bem maior do que ser alguém muito certinho. O estilo cristão não é, definitivamente, o do bem comportadinho… É importante não entender esta passagem como um convite a colocarmos em segundo plano o amor aos nossos Pais ou irmãos de sangue. Não se trata disso e seria um mau testemunho cristão, amar o mundo sem amar os nossos mais próximos. Mas, nalguns casos, temos mesmo que romper com alguns laços ou ouvir algumas palavras mais duras, para podermos, como Jesus, realizar a aventura de, como Ele, estar “fora de nós”…

PS: Convém ter muito cuidado e discernir sempre, sem generalizações fáceis, quando nos acusam de estarmos ‘fora de nós’. Em alguns casos, convenhamos, cada um poderá estar ‘fora de si’, por estar obcecado e, precisamente, fora do lastro amoroso do Evangelho…

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO X DO TEMPO COMUM


L 1 Gn 3, 9-15; Sl 129 (130), 1-2. 3-4ab. 4c-6. 7-8
L 2 2Cor 4, 13 – 5, 1
Ev Mc 3, 20-35

JP in Sem categoria 8 Junho, 2024

ateísmo e ingenuidade…

Há um certo ateísmo que me faz lembrar alguma da ingenuidade religiosa e mágica, que também conheço ad intra. Como o estudo da História, a reflexão filosófica ou a aproximação científica apontam para um Deus que não caiu nem cai do ‘Céu aos trambolhões’, como a transcendência não é evidente nem testável pelas peneiras metodológicas da historicidade, do pensamento ou da ciência… então não vale…

JP in Sem categoria 6 Junho, 2024

austeridade e vaidade…

Tenho simpatia pela virtude da austeridade praticada, mas é incrível como até disso, não convindo, se pode fazer vaidade… Nunca havemos de estar descansados nos nossos curtos méritos. Abençoada inquietude…

JP in Sem categoria 4 Junho, 2024

Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido

Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 2, 23 – 3

A tensão entre a letra da lei e o amor é uma das mais presentes no rasto de Jesus na história. No Evangelho de Marcos, mais uma vez, esta tensão emerge no relato da cura do homem com a mão atrofiada. Esta cura, antes de mais, é uma porta de coisa maior, uma salvação onde as mãos se colocam ao serviço, num trabalho existencial, mas real, pelo ‘reino de Deus’. É sempre bom tónus de oração em face das escrituras, a auto-pergunta inspirada: que atrofios tenho e a que estão as minhas mãos presas e atadas, a ponto de não servirem? Há depois, também, um corolário de mais esta história de cura a um sábado. Talvez possa ser assim enunciado: nenhuma lei impeça o amor…

DOMINGO IX DO TEMPO COMUM


L 1 Dt 5, 12-15; Sl 80 (81), 3-4. 5-6ab. 6c-8a. 10-11ab
L 2 2Cor 4, 6-11
Ev Mc 2, 23 – 3, 6 ou Mc 2, 23-28

JP in Sem categoria 2 Junho, 2024

discernimento e tirar de dentro…

Afirmar que o discernimento é o grande caminho de cada um e da própria Igreja introduz um dinamismo que pode assustar algumas mentes mais dirigistas. Alguns temem ‘a balda’ e a não exigência. Não há lapso maior: a procura do discernimento não é imobilista, mas é absolutamente exigente. Uma exigência “que vem de dentro”, porém…

JP in Sem categoria 28 Maio, 2024

alguns, porém, duvidaram

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 28, 16-20

alguns, porém, duvidaram

Em dia de celebração cristã da Santíssima Trindade o texto de Mateus traz-nos também o dinamismo da dúvida nos apóstolos. Não há fé sem dúvida como não há realização sem desejo. O reconhecimento da dúvida nas questões pessoais e face à própria transcendência é de grande importância. A caricatura da ausência de dúvida e risco, na vida, como na fé, é uma existência categórica e rígida, normalmente pouco empática. A assunção da dúvida, por seu lado, gera abertura e crescimento, consciência de fragilidade, anotação da carência de luz e humildade. É nessa base que se pode então acreditar e viver acreditando. Ter dúvida não significa a perda de convicção e sentido. Pai, Filho e Espírito Santo, em circularidade amorosa, podem ser esse sentido, podem ser luz para cada um.

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM – SANTÍSSIMA TRINDADE


L 1 Dt 4, 32-34. 39-40; Sl 32, 4-5. 6 e 9. 18-19. 20 e 22
L 2 Rm 8, 14-17
Ev Mt 28, 16-20

JP in Sem categoria 26 Maio, 2024

aprender fazendo…

A fé pode aprender-se, e até elaborar-se ou suportar-se teoricamente. Mas no mais essencial, a fé é um palco tácito: só se (a)pre(e)nde fazendo…

JP in Sem categoria 24 Maio, 2024

fé e cultura

Muitas das pessoas com quem tenho conversas difíceis sobre fé, de dentro da Igreja, usam e abusam de citações de ex-papas para refutarem os meus pontos de vista. Um dos conflitos reside no discurso monolítico, fechado, sempre igual e inegociável, com que se içam bandeiras supostamente eclesiais. Pois cito um desses Papas para chamar à atenção da importância duma fé em constante diálogo com a cultura: “A compreensão do homem torna-se mais exaustiva, se o virmos enquadrado na esfera CULTURAL, através da linguagem, da história e das posições que ele adota diante dos acontecimentos fundamentais da existência, como o nascimento, o amor, o trabalho e a morte.” (Centesimus annus, 1991, João Paulo II)

JP in Sem categoria 20 Maio, 2024

a paz esteja convosco

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-23

«a paz esteja convosco»

 Em tempo de Pentecostes os cristãos celebram o Espírito Santo. É a transcendência amorosa que sopra no tempo e no espaço. Seria (quaisi) panteísta identificar o Espírito Santo com a realidade, mas, por outro lado, vemos muitas vezes entendimentos etéreos de desproporção mística e (auto) engano, que fomentam uma esquizofrenia entre o corpo e o espírito, entre o transcendente e o imanente. Ora o que liberta e confere a Paz que Jesus quer dar é a integração amorosa das coisas e das essências, do Espírito que flui e que se torna vida real e concreta em nós.

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO DE PENTECOSTES


L 1 At 2, 1-11; Sl 103 (104), 1ab e 24ac. 29bc-30. 31 e 34
L 2 1Cor 12, 3b-7. 12-13 ou (própria do Ano B): Gl 5, 16-25
Ev Jo 20, 19-23 ou (própria do Ano B): Jo 15, 26-27; 16, 12-15

JP in Sem categoria 18 Maio, 2024