o Seu rosto ficou resplandecente como o Sol

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 17, 1-9

«o Seu rosto ficou resplandecente como o Sol»

A transfiguração de Jesus revela com clareza a filiação de Jesus. Em chave de leitura de fé, esta cena aponta-nos o Filho de Deus. Implícito, está igualmente o convite aos que, olhando Jesus, se deixam transfigurar a eles próprios. É este também o desafio que se coloca a cada um de nós: transfigurarmo-nos, reconhecermo-nos sempre buscados e vivermos como Filhos de Deus, assemelhando-nos a Ele, nesse reconhecimento e nessa forma de viver. No limite, fruto da alegria brotante de uma vida transfigurada, o nosso rosto poderá ser “resplandecente como o Sol”. Está visto que a Quaresma, enquanto caminho de regresso a Deus, não tem a ver com rostos macambúzios…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

L 1 Gn 12, 1-4a; Sl 32 (33), 4-5. 18-19. 20 e 22
L 2 2Tm 1, 8b-10
Ev Mt 17, 1-9

JP in Sem categoria 4 Março, 2023

sala de aula é espelho da nação

A sala de aula é o espelho da nação. Já não existem apenas elites que têm acessos particulares, mas uma massa ampla e diversa. Ali, nesse espaço sagrado, se ampara o mundo. Para o professor, um duplo e paradoxal desafio: a complexidade do tudo e o desafio de estar na realidade como ela é, podendo contribuir para a mudança…

JP in Sem categoria 2 Março, 2023

semeadores…

O semeador contemporâneo tem três grandes daninhas que comprometem a seara: o autocentramento, o preconceito de grupo e a omnicompetência de curto prazo…

JP in Sem categoria 28 Fevereiro, 2023

Onde abundou o pecado, superabundou a graça

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Rm 5, 12-19

«Onde abundou o pecado, superabundou a graça»

Em início de Quaresma, período de inspiração preparatória para os cristãos, fica bem tomar nota do ponto de partida e do lastro que move a própria Quaresma: a verdade da nossa condição (fragilidade) mistura-se com a confiança na ideia vivida de um sentido (fé). Não há Quaresma fecunda, como preparação para a Páscoa (para a ponte que importa) sem esse duplo sentido: somos seres de liberdade que, por fragilidade intrínseca, nem sempre acertamos o alvo (pecado) mas, ao mesmo tempo e mais relevante para a vida da fé, a nova oportunidade, o perdão e a graça, superam essa mesma fragilidade de que somos tecidos. Por isso São Paulo diz aos Romanos (e a nós mesmos) que onde abunda o pecado (a humanidade), abunda mais (superabunda) a graça (Deus). É que a verdadeira conversão, a Quaresma que nos embala, é a rendição a este amor superabundante de Deus. É esta a graça que basta…

L 1 Gn 2, 7-9 – 3, 1-7; Sl 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14 e 17
L 2 Rm 5, 12-19 ou Rm 5, 12. 17-19
Ev Mt 4, 1-11

JP in Sem categoria 26 Fevereiro, 2023

cuidar de si…

Há um “cuidar de si” que é o avesso do egocentrismo. Porque sem se sentir cuidado e sem cuidar de si, ninguém consegue cuidar do outro…

JP in Sem categoria 24 Fevereiro, 2023

descarregar o fígado…

Fazer um feedback ou uma denúncia já com o fígado recolhido vale muito mais a pena… deixa de ser uma descarga centrada em mim e passa a ser um serviço…

JP in Sem categoria 20 Fevereiro, 2023

Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 5, 38-48

«Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda»

Dar a outra face, podemos dizer, não é natural. É a chave, porém, para quebrar as espirais de violência que existem no mundo: as das guerras à escala dos países mas também as das pequenas guerras do dia-a-dia. Dar a outra face não é ser ingénuo, nem tão pouco forçar relações inconvenientes ou não queridas. Dar a outra face é até compatível com naturais maus sentimentos por outras pessoas. A originalidade está no coração, na abertura, na oportunidade que sempre podemos reservar para quem nos faz mal. Rezar por quem nos ofende é também um caminho que podemos percorrer, neste difícil mas libertador desiderato do perdão.

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

L 1 Lv 19, 1-2. 17-18; Sl 102 (103), 1-2. 3-4. 8 e 10. 12-13
L 2 1Cor 3, 16-23
Ev Mt 5, 38-48

JP in Sem categoria 18 Fevereiro, 2023

expulsos da vida?

Fomos expulsos do Paraíso do Éden para ver melhor e cimentar o desejo. Como um filho sai do útero materno: arrisca-se a dor da liberdade e o choro do respiro, para crescer, olhar a Mãe e sempre querer voltar… Nascer, bem entendido, não é uma punição, antes uma benção…

JP in Sem categoria 14 Fevereiro, 2023

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 5, 17-

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«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar»

Uma das dicotomias mais evidentes do cristianismo é aquela entre continuidade e descontinuidade. Não é possível ver, ler e relacionar-se com Jesus sem este lastro tensional entre continuar e descontinuar. Pode dizer-se de outro modo: herdar e recriar, tradição e inovação… ou manter versus revolucionar. O judaico-cristianismo é o mar desta sinfonia. Se nos cruzarmos com os evangelhos não podemos ficar indiferentes ao sentido descontinuista de Jesus de Nazaré: as suas denúncias do que está mal, as suas constantes críticas religiosas, o sentido crítico do legalismo, a forma como quase sempre “vira de pernas para o ar” o status quo. Por outro lado, Jesus assume-se como Judeu que é, encarna no fio da história e entra na viagem do tempo e do espaço. A morte por amor, e morte de cruz, pode ser lida como a verdadeira revolução (ressurreição) na continuidade do que somos (morrentes). A cada um de nós, por inspiração cristã, cabe discernir onde quebramos e onde continuamos, para dar sentido à nossa vida a à vida do mundo. Os extremos, quer personologicamente, quer socio-politicamente, serão tipicamente menos cristãos e humanos. A radicalidade que importa é outra coisa: é a radicalidade desse mesmo discernimento amoroso…

L 1 Sir 15, 16-21 (15-20); Sl 118 (119), 1-2. 4-5. 17-18. 33-34
L 2 1Cor 2, 6-10
Ev Mt 5, 17-37 ou Mt 5, 20-22a. 27-28. 33-34a. 37

JP in Sem categoria 12 Fevereiro, 2023

idade média e atraso

Um dos «mitos» dos nossos tempos, que tem vindo a ser esclarecido, é entender a Idade Média como estagnação. É hoje consensual que a Idade Média (cerca de mil anos da nossa história), conhecida, por vezes, como «Idade das Trevas», não foi tão estática ou retrógrada quanto isso. Temos de nos colocar nos devidos contextos culturais para compreendermos melhor a razão de ser dos factos históricos. Durante esses anos o Homem fez o que lhe foi possível, com os conhecimentos, tecnologias, critérios e possibilidades da época. São impressionantes, por exemplo, os desenvolvimentos a nível da linguagem. A língua portuguesa (e muitas outras europeias) nasceu e cresceu, no seu essencial, durante a Idade Média. Nesta mesma fase longa da nossa história se estabeleceram as bases para a eclosão da ciência, tal qual a conhecemos hoje.

JP in Sem categoria 10 Fevereiro, 2023