Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 10, 37-42
«Quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim»
Principalmente para quem tem filhos ou filhas as palavras do Evangelho podem parecer chocantes. De facto, é difícil imaginar que se possa amar algo mais do que um filho. Pelos filhos, realmente, dão-se noites, dá-se o corpo, dá-se tudo, dá-se a vida! Poder colocar o amor por Jesus num outro patamar pode ter sentido na crença. Aqui Jesus “usa” a realidade do amor paternal e do amor maternal para colocar a fasquia da entrega transcendente como expressão de liberdade. A entrega a Deus nunca poderia ser um holocausto de diminuição. O apontamento cristão será sempre do tipo ‘quanto mais humano, mais cristão, quanto mais cristão, mais humano’. Há uma coerência humanizante e que, de alguma forma, se pode transformar num ato de fé para os pais que são cristãos: a convicção de que nesta (difícil e exigente) proposta em relação aos filhos todos, incluindo os próprios descendentes, podem ganhar. É que amando assim a pessoa de Jesus e inquietantemente repousados nos seus critérios e no seu horizonte de liberdade, ama-se mais e melhor, de facto, os próprios filhos e as filhas… Se quisermos – e generalizando para todos, tenhamos filhos ou não – estamos numa metáfora em que certo desapego (em relação aos filhos e não só), sem prejuízo de cuidado e entrega radical, pode qualificar o amor…
Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto
DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM
L 1 2Rs 4, 8-11. 14-16a; Sl 88 (89), 2-3. 16-17. 18-19
L 2 Rm 6, 3-4. 8-11
Ev Mt 10, 37-42