sonho esquecido

SONHO ESQUECIDO

Sonhei

com um poema

que esqueci.

Como o estrume

que alimenta

a terra para

dar fruto.

Assim

eu trabalho

o barro

bruto e feio.

Assim esculpo.

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

JP in Poemas 28 Junho, 2018

poema sem nada para dizer

POEMA SEM NADA PARA DIZER

Até sem nada para dizer

se pode escrever um poema.

Como o silêncio fala

e o branco é cor.

Como sem forma há forma,

como sofrer é amor.

Como o curto é comprido

e o rejeitado é querido.

Como a morte é vida

e o detestado apetecido.

Como quem julga na alma

não ter nada para dizer.

Pega na tinta e papel

e acaba sempre por ter…

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

JP in Poemas

sopram ventos

SOPRAM VENTOS

Sopram ventos

em imensas

direcções.

Ecoam vozes

de tons diferentes

em cada

linha do horizonte.

Forças várias

empurram-me

para muitos

sentidos.

A luz.

A cor.

A água

são o deserto

em que me encontro.

Não tenho tudo

mas sei o caminho.

Sei que depende

muito de mim…

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

JP in Poemas

este gesto de ser

Livro (on line) editado pelas Edições Sagesse.

Pode ser acedido abaixo

paiva-Este gesto de ser – texto

Referência: Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.

Para adquirir o livro contactar: www.palimage.pt

Nota: neste blog, há poemas constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.

esta coisa

ESTA COISA

Esta coisa

de não ser ninguém.

nem poeta

nem químico

nem professor

nem homem

nem pai.

Tudo raso, pouco

quase nada.

Desejo

ser coisa

nenhuma.

Criado do criador.

Serpente voadora,

insignificante criatura,

como dizia

meu Pai

… isso herdei

 

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.

acessível aqui

fantasma

Fantasma

  

O fantasma

Bateu à porta

Sem avisar.

Assustou e levou

O medo, que era ela.

O fantasma perdeu,

Pelo perdão

Pelo amor,

Em vitória eterna.

Tu, grande,

Enormemente generosa

Cresceste e venceste.

Entre nós

(quem diria?)

Subiu ao rubro

A ligação.

Paradoxo, ou talvez não

A verdade é essa:

Não menos,

É mais uma peça!

 

2005

JP in Poemas

poema só para mim

Poema só para mim

 

Eu pedalava

a quarenta graus

de Sol

e de grau.

Vi-te perdido,

sem nome

sem norte.

Dei dez e subi,

continuei.

Mais graus,

mais suor.

Desci e dei mais.

Carreguei-te,

a ti, ao saco,

aos graus.

Dei-te mais.

deste-me água.

Sem saberes,

davas-me o elixir

que foi a minha

chave

para o dilema de Espinosa.

Foi este o poema

do dia

das poesias.

 

 

Coimbra, 28 de JuNho 2010 – dia do lançamento do livro «este gesto de ser».

JP in Poemas

vontade de Deus

A vontade de Deus

 

A vontade de Deus

é esta porta que se abre

com a chave liberdade.

É este tempo,

este quadro.

é o que tenho

é o que falta.

A vontade de Deus

é o útero

onde cresço,

é a realidade

que vem a mim.

É o arco-iris

que liga a

chuva que sou

Ao Sol da criação.

A vontade de Deus

não é magia:

É a possibilidade

que vem tal e qual

ao meu cenário.

a vontade de Deus

Acolhe-me e dá-me:

Dá-me o sentido

que posso seguir.

 

 

 

Coimbra, 03 de Junho 2010

quando não estás

Quando não estás

 

Queria forçar

este poema

quando não sinto.

A Tua ausência,

o Teu silêncio,

a Tua fuga,

tecem a

minha solidão.

És não sinal

e eu,

cheio vazio de mim

espero

(afinal espero)

o dia

em que sejas tu

a escrever

os meus poemas.

 

28/07/2010

samaritana

Samaritana

A verdadeira pérola
não é a água
mas procurar a sede
de uma fonte
certa e abundante.
A verdadeira riqueza
não é a água,
é a sede de a querer.
É este vazio,
esta hospitalidade
de crer beber
que me convoca
a construir.
A graça que peço
é a da sede,
que a água é certa!

 

18-11-2013