São João

São João

 

Vi dançar o meu amor

Na noite de São João

Enfeitei a minha dor

De dançar com a solidão

 

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas 2 Julho, 2018

Procura

PROCURA

Procura

o destino

no pino da noite.

Procura

o passado

entrelaçado.

Pocura

e não procura

o que quer

e o que não quer.

Procura

sem procurar

o rosto de uma mulher!

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

A ti, minha flor

A TI, MINHA FLOR

A ti

flor a abrir,

ontem semente

morta,

por sair,

a ti

eu dirijo

um beijo sentido

profundo

terno e eterno.

Confesso

o susto

sempre sustido

de esperança

quando te vi

sem vida

ontem

seca e triste

perdida no vento.

Agora que abres

e ganhas cor

digo-te

a ti

flor bonita

que sempre

te adorei

e nem só um segundo

duvidei

de ter querer bem.

A ti,

flor que já sorris

segredo-te que antevi

o teu sorriso

aquando da tempestade

que senti

mas vi passar

antes mesmo

de o mar se acalmar.

A ti,

flor dourada

entrego

este meu ser

este meu nada.

A ti, meu amor

digo-te

sinceramente

que nenhuma dor

pssada ou presente

tirará cor

ao nosso amor

eternamente.

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

Amar até não ser preciso

AMAR ATÉ NÃO SER PRECISO

Quero dar tudo e

fixar-me em ti.

Estar ligado,

amarrado,

comprometido

dependente,

independente.

De mãos tão abertas,

de coração tão sem fim,

que sejas feliz

muito feliz

mesmo sem mim…

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

Pobre

POBRE

Estendes a perna

torcida pela pobreza,

e vendes

sem preço fixo

essas mazelas.

Estendes a mão

de cansaço

para encheres

de bagaço

o teu próprio

coração

vazio.

Não importa

se tens culpa

ou onde gastas

o que te dão.

Importa sorrir,

uns segundos

em retalhos…

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

Praia de Mira

PRAIA DE MIRA

O farnel

está protegido

na sombra

constante

da barraca.

A maioria

está vestida

e, arregaçando-se

lança a aventura

de molhar os pés.

Alguns homens

trazem marcado

no corpo nu

as alças brancas

do trabalho.

Quantas mulheres

com lenços escuros

destacando rostos

de simplicidade.

Mas o mais belo

desta tarde

foi ver sentido

naquilo que,

outrora, míope,

chamei parolos…

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

A ti que sofres

A TI QUE SOFRES

A ti

que sofres

não te peço que

não chores.

Que não chore

não há quem.

Que chores,

não te peço

também.

Peço-te…

que chores…

bem!

…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas 30 Junho, 2018

Queima da fitas

QUEIMA DAS FITAS

Chegaram

cheios de momentos.

Mortos de cansaço.

Despejaram a vontade

no prazer do tempo.

Bufavam fraquezas

de alma vazia.

Não esperaram

por mais

qualificada gratificação.

Verteram na

cerveja

golos de solidão.

Entornados,

abraçavam

o vazio.

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

O que são as borboletas

O QUE SÃO AS BORBOLETAS?

As borboletas

são papéis

de cores vivas.

São pétalas

voadoras

disfarçadas

de asas coloridas.

As borboletas

são retalhos

de arco-íris,

pedaços de beleza,

fragmentos

do sorriso

de Deus!

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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Comboio da CP

COMBOIO DA CP

Num comboio sujo

da CP

não fujo

do que se vê.

Antes tento

contemplar

neste assento

por lavar.

Um magala

mal criado.

Um emigrante

exaltado.

Um idoso

orgulhoso

do desconto.

Uma criança

que cansa

de ser chata.

Mas dos

bancos

vêem-se

campos.

Seria mesmo uma pena

se no meio de tantas cores

não visse em cada cena

uma só daquelas flores.

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas