Deus no bolso…
Invoco com frequência a teologia negativa de Ekart e de tantos outros. Na teologia, como na vida, “Deus livrou-nos de (ter) Deus (no bolso)”…
Invoco com frequência a teologia negativa de Ekart e de tantos outros. Na teologia, como na vida, “Deus livrou-nos de (ter) Deus (no bolso)”…
Basta agradecer. Vendo bem, quando estamos mal é porque perdemos a posição agradecida… O treino é mesmo o do agradecimento… Este lema, porém, não pode ter eco nos que não têm pão. Para esses, sopra o convite ao nosso instinto coletivo de fraternidade e o impacto da minha gratidão só pode ser saciar essa mesma fome. Para que um dia, todos, mesmo todos, possam viver em ontologia agradecida.
Escrevi e vou esrevendo umas dezenas livros escolares, principalmente na área de química (do 7º ao 12º anos) e sempre em coautoria.
Estes livros podem ser consultados em
https://www.joaopaiva.net/wp-content/uploads/2018/06/CURRIC_VITAE_JOAO_PAIVA_marco2018-v37.docx.pdf
A mioria dos livros pode ser daquirida nas livrarias ou em sites on line como www.wook.pt (João Paiva na pesquisa)
Livro editado pela Texto Editores
Referência: J. C. Paiva, O Fascínio de Ser Professor, Texto Editores, Lisboa, 2007
Para adquirir o livro contactar: https://www.leyaonline.com/pt/livros/ciencias-da-educacao/o-fascinio-de-ser-professor/
Nota: neste blog, pode haver pequenos textos constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.
O Fascínio de ser Professor é, em certo sentido, uma conversa informal com o leitor. Com algum tom autobiográfico, o autor João Paiva, aborda vinte “pólos educativos”, posicionando-se (moderadamente) face a dicotomias como razões/afectos, autoridade/diálogo ou palvra/imagem. O prazer de estar em palco no teatro da educação é a seiva destas palavras. A par das reflexões e sugestões, relatam-se experiências do autor enquanto professor de química. A química é um agradável álibi: haja o que houver nas escolas e nas reformas educativas, o fascínio será sempre a mola do professor. O fascínio vai além de um jogo de pólos. O fascínio é o eixo que faz mover a escola e, assim, anima o mundo.
índice:
Introdução
Razão / Afectos
Saber Ciência / Saber Ensinar
Estratégias tradicionais / Computadores
Conceitos / Contextos
Sacrifício / Prazer
Compartimentação / Aptidões transferíveis
Rigidez / «Negociação»
Autoridade / Diálogo
Elitismo / Ensino de massas
Dissimulação / Transparência
Memorização / Criatividade
Professor / Aluno
Rigor / Transigência
Sala de aula / Outros espaços
Complexidade / Simplicidade
Teoria / Prática
Exames / Avaliação contínua
Palavra / Imagem
Ajuda / Autonomia
Pessimismo / Optimismo
Exemplo:
1. Razão / Afectos
Se nos critérios do passado «um homem não chora», seria também anunciável que «um professor não sente». A racionalidade «higiénica» terá movido a teoria e a prática das escolas: professores e alunos, firmes e hirtos, de ambos os lados da barricada da educação, durante muitos e longos anos.
Em alguns excessos do presente das nossas escolas, porém, joga-se a confusão afectiva oposta: falta racionalidade e a distância crítica dos professores, das gestões escolares e da tutela ministerial para actuar com firmeza nas muitas situações que o exigem.
Não obstante ter uma atitude de horizonte afectivo, humanista e, em certo sentido, progressista, assumo que, em educação, prefiro um sistema mais tradicional, mas seguro e coerente, do que um sistema «prá frentex», mas inconsistente, frágil e inseguro. No diálogo entre o «prá frentex» e o «prá trasex», deveria imperar o pragmático e o realista. Escolhi com a minha mulher, para os nossos três filhos, escolas com um modelo educativo de natureza tradicional. Foi melhor para uns do que para outros, mas, em geral, não estamos arrependidos. Entre a certeza de algumas competências (e exigências) mais rígidas e a dúvida de sistemas mais modernos, preferimos a primeira. Não foram «o pleno», mas o possível. Desejava um modelo misto, em que convergissem os critérios salutares do ensino tradicional, como a exigência, o rigor, a disciplina e o trabalho, com ingredientes mais inovadores e de estilo moderno, como a criatividade, o jogo, a transdisciplinaridade e o trabalho de projecto.
Na ausência de tal «padrão médio», da «fusão feliz» em que pretendo colaborar e que profissionalmente procuro protagonizar, optei por «ter o pássaro na mão». Continuando com os provérbios, achei que «não se fazem omeletas sem ovos». Não se criam textos sem conhecer as palavras, nem se é criativo matematicamente sem saber a tabuada de cor. Achei que aprender deve e pode ser agradável, mas que sem «sangue, suor e lágrimas» não se consegue aprender. Achei que queria os meus filhos felizes na escola, como na vida, mas era claro que felicidade não equivaleria a facilidade. Entendi que, na ausência do tal modelo equilibrado, era melhor proporcionar aos meus filhos bases cognitivas sólidas, apesar de pouco flexíveis, abrindo o horizonte dos afectos em casa, do que arriscar o vazio cognitivo de hábitos de trabalho que teriam de ser compensados, em casa, desgastando a relação paternal. Preferi mais «letras e números» na escola e mais afectos em casa do que o contrário: «marmelada» na escola e «luta cognitiva» em casa…
É certo que nem todos os pais têm, por vários motivos, esta possibilidade (na qual acredito e experimentei positivamente, mas que não posso generalizar…). Assim, continuo a lutar e a aspirar construir espaços educativos equilibrados, onde o rigor se mistura com os afectos e a exigência anda a par da compreensão, onde as regras existam, mas se projectem na atenção personalizada, onde a disciplina na sala de aula não trave alguma «festa».
O professor, ele próprio, para mim, deverá ser este «dois em um», promovendo atitudes e comportamentos tradicionais, misturados com outros mais inovadores, infelizmente ausentes na escola dos nossos avós. O mesmo professor que faz «o pino» ou conta uma anedota deve manter o silêncio na sala quando necessário; que passa trabalhos de casa todos os dias, mas que ri e chora com os alunos; que anula um teste copiado, mas que compreende profundamente cada aluno…
Talvez pela opção pessoal que fiz de recorrer a uma educação mais tradicionalista dos meus filhos na escola e fazer por «arredondá-la» em casa, adopto (e faço por praticar) alguma radicalidade de «negociação», inspirada em ideias da inteligência emocional (talvez mais fáceis de protagonizar em casa do que na escola).
Convém não confundir esta «negociação», de que falaremos mais adiante nas questões disciplinares, com troca ou compra de favores. Trata-se de promover o diálogo e gerir cedências, misturando, sim, o que é racional com o que é afectivo. Se um professor decidir dar um teste num determinado dia, mas os alunos não acharem tal dia favorável, por que não colocar argumentos, opiniões e alternativas sobre a mesa e, procurando ceder no que for possível, encontrar uma data consensual? Impor uma ideia só porque «quero, posso e mando», pelo facto de ser professor, raramente é o caminho certo. Às vezes, porém, quando está em causa a segurança própria e/ou dos outros ou a liberdade de terceiros, aí sim, com toda a firmeza, por mais «pena» que haja, exerça-se a autoridade. Em muitos casos a que se chegou ao ponto de usar grande autoridade, perderam-se oportunidades «negociais» anteriores, de firmeza prévia. Ilustro melhor com um exemplo: o aluno que foi alvo de um inevitável processo disciplinar por agredir um professor, começou há muito a sua escalada. Não teria ido tão longe se, quiçá na primeira aula, tivesse ouvido o que devia e/ou, num jogo de futebol envolvendo professores e alunos, por exemplo, se tivessem gerado empatias…
Thomas Gordon1 sugere uma tolerância radical e uma «tensão negocial» com os filhos que considero eficaz, quando ela é possível. Os mais críticos da linha de Gordon têm medo da falta de regras e ridicularizam as suas teses, anunciando algo que não é verdade: que o «negocial» impede a regra e que deixa de haver balizas. Há balizas, sim, as tais da segurança (criança sem cinto de segurança não viaja, por exemplo) e da liberdade de terceiros (não há margem negocial para jogar basquetebol num apartamento porque se incomodam os vizinhos). Mas, aquém das traves da baliza, nem sempre fáceis de discernir, há uma margem para diálogos e cedências que importa esgotar.
Gordon refere que, muitas vezes, à tirania dos professores e dos adultos enquanto pais (o que ele chama «Método I»), se opõe o não menos mau Método II, que é a «tirania das crianças ou dos alunos». Ele aponta-nos o Método III, baseado na referida negociação, conhecido pelo método «sem vencidos nem vencedores».
Gordon advoga que o seu modelo é aplicável na escola2, mas estou para ver, salvo excepções muito pontuais, esse modelo realizado. A complexidade social e a problemática transversal da escola são malhas difíceis. Tenho três filhos, as turmas têm 30 alunos, as escolas mais de 300. Por isso, tolero em casa o que talvez não pudesse tolerar na escola… Por isso, tenho de recorrer a estilos mais autoritários, duros ou punitivos na escola. Com os filhos, tal estilo pode bem ser um «tiro no pé», hipoteca do progresso da relação. Debaixo do telhado de casa a negociação participada e dialogante é sempre o melhor caminho. Na escola também seria, mas o tecto é demasiado grande e as histórias pessoais de cada aluno são muitas e muito complexas… E o trabalho com os alunos exige abertura dos próprios educadores, que apresentam, tipicamente, alguma resistência.
Nesta discussão, percebo o verdadeiro alcance de uma máxima: «A escola deve ser uma família». Quero até, na medida do possível, ser agente participante da sua construção. Até estar construída esta escola-família (talvez nunca…), há que criar condições para que, quem quiser, possa aprender.
Por isso, advogo que, esgotados os critérios e atitudes razoáveis e «pacíficas» para se criarem ambientes coerentes com a aprendizagem, se usem sem cerimónia os instrumentos disciplinadores que permitam que «aprenda quem quer aprender».
Os afectos podem também entrar nas próprias explorações dos conteúdos propriamente ditos. A maioria dos jogos que concebo ou uso nas aulas possui, sempre que possível, uma natureza afectiva, envolta em racionalidade. A Segunda Lei da Termodinâmica pode ser assim enunciada: a entropia de um sistema isolado aumenta. Numa abordagem qualitativa, podemos associar à entropia o grau de desordem dos sistemas. Entendemos aqui os conceitos de ordem e desordem na sua acepção mais simples. A realidade é mais complexa: fala-se de distribuição em microestados, etc. Dizer que a entropia está a aumentar é dizer, em certo sentido, que a desordem está sempre a aumentar. Os alunos estranham tal, pois observam transformações espontâneas com aumento de ordem, como a formação de cristais (partículas que ficam agregadas e organizadas a partir da situação de dissolução em água), ou a própria formação de um bebé (hino da organização celular). Porém, a segunda lei não afirma que num dado sistema a entropia não possa diminuir (aumento de ordem). Fala de um sistema isolado. Então, se sistemas se organizam é porque as suas vizinhanças se desorganizam, de tal forma que, no conjunto «sistema e vizinhanças», de facto, a entropia (desordem) aumenta. No caso dos cristais, as moléculas de água podem desorganizar-se no processo de formação do cristal. No caso do bebé, podemos dizer, em tom de brincadeira, que, na vizinhança da gravidez, o desgraçado do marido se desorganiza fortemente ao ir comprar requeijão às 3 horas da madrugada… Diz-se que a Segunda Lei da Termodinâmica nos dá «a seta do tempo», o que é bem curioso, pois a ciência responde assim a uma pergunta que um filósofo tem grande dificuldade em encarar: o tempo é aquilo que aumenta quando a entropia aumenta. Por outras palavras, hoje é hoje e não é ontem, porque há mais desordem no universo. E ontem era ontem e não hoje porque ontem havia mais ordem.
Pode intrigar-nos por que estará a desordem dos sistemas a aumentar, mas a resposta é bem simples: a desordem é mais provável do que a ordem. A propósito da Segunda Lei da Termodinâmica, costumo usar uma simulação, desenvolvida por mim e por outras pessoas, que apresenta uma espécie de jogo de flippers (Figura 1), com uma caixa bi-compartimentada, que explicarei de seguida.
O objectivo deste jogo é colocar as bolas, que se movimentam aleatoriamente, num dos compartimentos (A ou B), imprimindo ordem ao sistema. O jogo simula o chamado «demónio de Maxwell» que é uma «curiosidade científica»: este demónio não existe na realidade, mas pode ser representado no computador. Intervindo num sistema, pode criar ordem, contrariando a Segunda Lei da Termodinâmica. Com o demónio de Maxwell, o aluno pode «fintar» esta lei. Consegue ser demónio se fizer o que o universo abandonado a si próprio nunca permitiria: baixar o «entropímetro» («invenção virtual» nesta simulação para medição de entropia) ou aumentar a ordem de um sistema isolado.
O professor autoritário, que está «hirto» e não sorri, que faz da sala um quartel, parece ter pouco futuro. Está parado no tempo e não se deixa «desorganizar» minimamente, contrariando a «Segunda Lei da Termodinâmica Pedagógica». Mas, por outro lado, o professor que se equipara de forma infantil aos seus alunos, sem distância crítica e sem bom senso, não passa de um «bom rapaz». O professor fascinado, entretanto, usa com peso, conta e medida a razão e os afectos e concorre com ambos para promover a aprendizagem dos seus alunos.
Livro editado pela Gradiva, em co-autoria com Carla Morais
Referência: C. Morais, J. C. Paiva, Porque Pirilampiscam os Pirilampos?… E muitas outras perguntas luminosas sobre química. Gradiva, Lisboa, 2014
Para adquirir o livro contactar: www.gradiva.pt
Nota: neste blog, pode haver pequenos textos constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.
A ciência ao alcance de todos, neste livro acessível, prático e esclarecedor. Recheado de factos curiosos e respostas aos mais intrigantes fenómenos, será apreciado pelos miúdos e graúdos que querem saber como funciona o mundo à sua volta. Uma bela edição, apelativa e informativa.
Porque Pirilampiscam os Pirilampos, usando de empréstimo a criativa palavra inventada por Mia Couto, é umas das curiosidades abordada neste livro de divulgação de química. Para miúdos e graúdos, em linguagem simples e acessível, abordam-se os mais variados temas da química do dia-a-dia: dos pirilampos à cozinha, passando pelos plásticos, pelo perfume e pela chuva. Numa viagem plena de desafiantes “porquês”, apresenta-se a química como uma ciência central. O funcionamento do ozono estratosférico como filtro solar, a utilização de bioetanol, biodiesel e biogás como possíveis soluções energéticas, as indesejáveis dioxinas e furanos, bem como o prometedor grafeno e os novos materiais, são assuntos-matéria-prima para a construção de perguntas e de alguns trilhos de resposta.
A química está por todo o lado e é fascinante saber como são as coisas e como se transformam umas nas outras. O conhecimento científico abre horizontes e estimula a vida. A química, de entre todas as ciências, é umas das mais determinantes na evolução da qualidade de vida e uma das mais estimulantes para o espírito. Com 38 questões, pistas para lhes responder e novas questões que, a propósito, se levantam, tenta fazer-se um pouco mais de luz. Vale a pena espreitar e descobrir porque pirilampiscam os pirilampos… e muitas outras questões luminosas sobre química!
índice:
Porque foi importante a alquimia? ………………………………………. 11
Porque é a química uma ciência central? ………………………….. 15
Porque é a tabela periódica importante? ………………………….. 19
Porque vem o elemento 117 preencher uma lacuna? ………. 23
Porque tem o carbono um lugar de destaque na química? 27
Porque são elementos como Fe, Mg, Ca, Na, K e Zn essenciais à vida? ……………………………………………………………… 31
Porque se usa o frigorífico para conservar os alimentos? …. 35
Porque são tão utilizados os plásticos? ……………………………… 39
Porque sentimos o cheiro de um perfume logo que abrimos o frasco? ………………………………………………………………. 43
Porque se fala em «química verde»? ………………………………….. 47
Porque se danificam algumas peças de ferro? …………………. 51
Porque são importantes as combustões? …………………………. 55
Porque se formam incrustações calcárias? ……………………….. 59
Porque funciona o ozono estratosférico como filtro solar? 63
Porque é o amoníaco uma importante matéria-prima? ……. 67
Porque é necessário purificar a água? ………………………………. 71
Porque têm os cristais de neve uma forma hexagonal? ….. 75
Porque podem rebentar as canalizações nos dias frios de inverno? ………………………………………………………………… 79
Porque é constituído por vidro o «núcleo» da fibra ótica? …. 83
Porque se faz a destilação do petróleo bruto? …………………. 87
Porque são o bioetanol, o biodiesel e o biogás possíveis soluções energéticas? …………………………………….. 91
Porque se utilizam as panelas de pressão para cozinhar os alimentos? ……………………………………………………… 95
Porque se diz em química que não há venenos, mas doses venenosas? …………………………………………………….. 99
Porque é que a salinidade do mar não se deve apenas ao cloreto de sódio? ………………………………………………………….. 103
Porque é o diamante um material com elevada dureza? …. 107
Porque é condicionada pela química da atmosfera a vida na Terra? ………………………………………………………………….. 111
Porque pode ter cor o fogo de artifício? ……………………………. 115
Porque sobe o pH da pele quando é lavada com sabão? 119
Porque existem chuvas ácidas? ………………………………………….. 123
Porque se utilizam processos de eletrólise? …………………….. 127
Porque são indesejáveis as dioxinas e os furanos? …………. 131
Porque pirilampiscam os pirilampos? …………………………………. 135
Porque se forma o «nevoeiro fotoquímico»? …………………….. 139
Porque é utilizada em medicina a radiação gama? ………….. 143
Porque se utiliza RMN em química, biologia e medicina? …. 147
Porque é o grafeno um material interessante? …………………. 151
Porque são importantes os «novos materiais»? ………………… 155
Bibliografia …………………………………………………………………………….. 159
Um exemplo:
Porque pirilampiscam os pirilampos?
Muitas reações de combustão produzem luz, decorrente da elevação da temperatura. Estas reações libertam energia como calor, suficiente para aquecer a mistura reacional até à incandescência. Em contraste, outras reações libertam energia luminosa à temperatura ambiente. A produção não térmica de luz visível por uma reação química está na origem do termo «luz fria» e o processo é chamado quimioluminescência. Para ser quimioluminescente, a reação tem de disponibilizar energia de excitação suficiente para que, pelo menos, uma espécie química possa ser transferida para um estado eletrónico excitado. Quando a produção de luz visível ocorre em organismos vivos, o processo designa-se por bioluminescência.
A bioluminescência pode ser utilizada pelos organismos como forma de camuflagem, na atração de presas ou potenciais parceiros, na repulsão de predadores, em comunicação e iluminação.
O mais conhecido dos organismos bioluminescentes é, sem dúvida, o pirilampo (do qual há vários milhares de espécies diferentes).
Numa reação bioquímica no corpo do pirilampo, a enzima luciferase catalisa a oxidação da luciferina por uma molécula de oxigénio. A decomposição térmica do produto da oxidação produz radiação eletromagnética.
A bioluminescência ocorre em vertebrados e invertebrados marinhos, bem como em microrganismos e animais terrestres. Assim, além dos pirilampos e de várias espécies de insetos, outros organismos, como bactérias, algas, celenterados e crustáceos, também manifestam a ocorrência do fenómeno de bioluminescência.
A emissão de luz por várias plantas e animais é conhecida desde os primórdios da humanidade. Contudo, apenas no século xx aumentou gradualmente a investigação nesta área, com a descoberta de muitos sistemas quimioluminescentes.
Os sistemas mais comuns envolvem o luminol, ésteres do ácido oxálico, lucigenina, tris(bipiridil)ruténio(II) ou luciferina.
Livro editado pela Gradiva, em co-autoria com Alfredo Dinis
Referência: A. Dinis, J. C. Paiva, Educação, Ciência e Religião, Gradiva, Lisboa, 2010.
Para adquirir o livro contactar: www.gradiva.pt
Nota: neste blog, pode haver pequenos textos constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.
Da introdução:
Este livro é uma reflexão nas interfaces da percepção pública da ciência, da educação e da religião. Embora com utilidades específicas para formandos e formadores, destina-se também ao cidadão comum, uma vez que ciência e religião, de uma forma ou de outra, se cruzam com a vida e as inquietudes de muitas pessoas. Motivou esta obra a ideia de que muitos equívocos sobre ciência e religião têm afectado o relacionamento entre estas áreas. Ciência e religião, na convicção dos autores, sem ambiguidades, têm a ganhar com aproximação e diálogo. No ensino, em particular, faltam ferramentas para trabalhar estes temas de forma clara e numa linguagem simples. O presente texto pretende suscitar a reflexão e o debate sobre questões que se colocam na fronteira entre fé e ciência e são objecto de acesos debates em bases nem sempre objectivas. Apontam-se contribuições em bases de objectividade e rigor, quer no que se refere à ciência, quer no que diz respeito à religião em geral e ao cristianismo em particular.
O livro está organizado num conjunto de vinte perguntas às quais se tenta responder, ou melhor, dar pistas, a vários níveis: numa primeira abordagem apresenta-se um texto em linguagem acessível, associado a um cartoon. Numa segunda abordagem, desenvolve-se a resposta num texto mais elaborado, ainda assim não exaustivo, incluin-do-se bibliografia. Algumas palavras relevantes estão em negrito e encontram-se no glossário final. Inclui-se ainda, para cada secção, um conjunto de questões adicionais para debate. Estas questões podem ser usadas em variadas dinâmicas de grupo. Há um terceiro nível no sítio associado a este livro, em www.ecr.net. A par de mais e mais actualizada informação estimula-se a interacção com os leitores no blogue.
Muitos equívocos de fronteira entre ciência e religião e o seu ensino prejudicam uma ciência moderna e contextualizada e podem contribuir para uma religião infantilizante. Do lado religioso, muita ignorância e inflexibilidade têm alimentado imagens de Deus menos boas, incapazes de serem compreendidas e acolhidas na nossa cultura de conhecimento. Do lado da ciência, por outro lado, existem também inúmeros fundamentalismos, como se a ciência fosse resposta a todas as questões da Humanidade. Pretende-se superar estas situações e atitudes, que não favorecem a reflexão e o debate que aqui se propõe.
A par da abordagem científica que interroga e tenta entender o cosmos, está sempre em cima da mesa a questão do sentido da vida, para o qual a religião trilha caminhos. Para crentes e não-crentes, questões e saberes cruzam-se numa malha de ciência e religião. À religião importa ajudar a Humanidade a saber viver, enquanto à ciência importa saber explicar os fenómenos da natureza. Neste sentido, religião e ciência não competem, antes se complementam. Talvez possam, acreditamos, cooperar no objectivo maior de compreender o mundo e o sentido da existência humana.
Temos consciência de que usamos nos textos vários termos, como fé, Igreja, religião, Deus, espiritualidade, etc., que têm significados diferentes conforme o contexto. Não invalidando outras perspectivas, assumimos a nossa experiência reflexiva e vivencial de cristãos católicos.
Importa uma certa humildade: ciência e religião, em muitos cenários, respondem, tão-só, que não sabem. E o caminho de conhecer e dar sentido à vida é uma obra que cada um, que todos, ontem como hoje e amanhã, esculpiremos.
Índice da obra:
Glossário ………………………………………………………………. 191
Notas biográficas dos autores ………………………………….. 205
Um exemplo:
As reflexões neste livro permitem-nos uma forma racional de ser religioso?
1.1 Primeiras pistas
Não há um caminho exclusivamente racional para compreender a fé e, muito menos, para se ser religioso. A religião e a ciência, neste sentido, têm objectivos e caminhos diferentes. O que não significa que a fé não tenha também uma dimensão racional.
Não é verdade que a racionalidade humana se reduza à racionalidade científica nem, por conseguinte, que as crenças humanas dignas de crédito sejam as que se baseiam neste género de racionalidade. Muitas das crenças humanas nas quais se fundamenta a vida das pessoas comuns baseiam-se no testemunho e no crédito que dão umas às outras. Não são o resultado positivo de qualquer teste científico a que essas crenças sejam submetidas.
Não há nenhuma prova científica de que a nossa mãe nos amou desde que fomos concebidos dentro dela. Não temos nenhuma prova científica de que somos o fruto de uma relação de amor autêntico entre o nosso pai e a nossa mãe. Não temos nenhuma prova filosófica ou científica de que Picasso foi um pintor excepcional, ou de que a música de Beethoven é superior à de Wagner, ou de que a poesia de Sophia de Mello Breyner tem um enorme valor. Não há nenhuma prova científica de que a eutanásia é a melhor opção para quem quer terminar a sua vida em determinadas circunstâncias. Os críticos de arte não fazem qualquer apelo a testes empíricos realizados segundo a metodologia científica quando têm de atribuir um prémio ao melhor filme no festival de Veneza, ou ao melhor romance, ou livro de poemas num concurso literário.
Poderíamos continuar a enumerar as áreas da vida humana nas quais a racionalidade científica não tem nem a única nem a última palavra.
Os seres humanos vivem numa complexa rede de relações interpessoais no interior da qual se estabelecem relações de confiança que nos levam a acreditar em muitas coisas que não são demonstráveis nem filosófica nem cientificamente. O cristianismo surgiu precisamente de uma teia de relações que se estabeleceu entre os primeiros cristãos com base nos antigos profetas do Antigo Testamento e em experiências dos contemporâneos de Jesus. Os cristãos acedem a Deus com base na experiência de encontro com Cristo ressuscitado feita pelos primeiros cristãos, experiência que fundamenta toda a tradição cristã e que se prolonga, nos nossos dias, na celebração comunitária da fé e na vida de oração pessoal, com as exigências práticas que daí derivam.
Isto não significa que as crenças dos cristãos não tenham qualquer base racional. Significa que há muito de racional nestas crenças, mas que se trata de uma racionalidade que não é sempre e só a da lógica ou a da ciência. A base testemunhal da fé cristã tem também um carácter racional, mas vai muito além dele, uma vez que a crença em Deus não é fundamentalmente uma teoria que se deva demonstrar, mas uma prática de vida. Uma sabedoria sujeita a crítica mas não ao teste da razão científica.
Ter fé está muito para além de acreditar na existência de Deus. Uma criança que está ao colo da sua Mãe não questiona a sua existência, antes goza o acolhimento maternal. A fé tem algo de semelhante: muitas vezes, o «colo de Deus» vem antes da «confirmação» da Sua própria existência…
1.2 Aprofundamento
A atitude de acreditar ou não em Deus, tem uma base racional, mas esta base não é suficiente. Não é do mesmo género da base racional da filosofia ou da ciência. Não existe nenhuma prova filosófica ou científica da existência de Deus. Toma-se aqui «prova» no sentido em que se demonstra, sem margem para dúvidas, por exemplo, que a Terra tem uma forma aproximadamente esférica e gira à volta do Sol. A racionalidade da fé baseia-se, entre outras coisas, no testemunho que chega a cada geração a partir dos primeiros crentes. Este é o género de prova que é normalmente aceite, por exemplo, nos tribunais. Além da evidência empírica (um corpo morto, por exemplo, no caso de um assassínio, uma arma com que foi realizado o crime, etc.), há a evidência testemunhal. O tribunal aceita em geral o testemunho das pessoas que poderão ajudar a chegar a uma conclusão objectiva sobre o autor do crime, conclusão em que se baseia o juiz para pronunciar a sentença. É claro que as testemunhas podem mentir, mas isto não significa que a prova testemunhal não seja considerada seriamente. A experiência religiosa de quem acredita em Deus tem por isso uma base testemunhal: é a relação que tenho com os outros cristãos e com Deus que me leva a dar-lhes crédito, isto é, a acreditar neles. O cristão não tem razões para não os acreditar, naquilo que constitui o núcleo da sua fé. Tem, pelo contrário, todas as razões para lhes dar crédito, mesmo tendo em conta que a história do cristianismo é feita de luzes e sombras.
A experiência dos primeiros cristãos está contida no Novo Testamento, que não é uma narração jornalística da vida de Jesus, mas uma profissão de fé n’Ele. Jesus não deixou nenhum escrito, e talvez ainda bem. Não precisamos de escritos abstractamente inspirados, «caídos do céu», mas de escritos que nos falem de Deus a partir da experiência de vida dos primeiros cristãos, do seu testemunho vivencial e credível. A Igreja Católica merece crédito. Merece ser acreditada e, por isso, os cristãos acreditam nela. Na sua história há momentos de luz e momentos de sombra. A Igreja Católica reconhece os seus erros. Em 12 de Março de 2002, o Papa João Paulo II pediu publicamente desculpa pelos erros desta Igreja: cruzadas, Inquisição, intolerância para com outras religiões e culturas, etc. Alguns não-crentes, que não dão crédito a esta Igreja, fixam-se apenas nos momentos de sombra. Mas a história da Igreja Católica está também iluminada, no passado como no presente, por momentos de luta pela verdade e pela justiça, pelos incontáveis actos dos que dão a vida pelos mais fracos, necessitados e oprimidos: nos campos de refugiados, nos cenários de guerra e de miséria, colaborando em projectos de desenvolvimento económico, social e cultural, etc. E tudo isto faz parte da racionalidade e da credibilidade da fé.
A imagem que os cristãos têm de Deus não tem nada a ver com a que muitos não-crentes criticam — e ainda bem que o fazem: um Deus cruel, sanguinário e hipócrita, um Deus-polícia, sempre à procura de me apanhar em falta para me ameaçar com a condenação eterna. Quem daria crédito a um Deus como este? Quem acreditaria nele?
O Deus a quem os cristãos dão crédito é a explicação última do universo e da vida, mas respeita a autonomia e a liberdade dos seres que criou. Não faz tudo porque toma a sério a nossa liberdade. Criou um universo em evolução e respeita a autonomia das suas leis e processos. Saberá tudo? Não saberá senão o que se pode saber? Saberá como vou decidir viver a minha vida nos próximos tempos? Espera para ver e respeita as decisões que eu tomar. A sua omnisciência, a sua perfeição, está mais no amar do que no saber, está mais no serviço do que no poder.
É este o Deus em quem os cristãos acreditam e confiam e a quem, por isso, dão crédito. Não sabem explicar muito sobre o que a Ele se refere, mas o pouco que sabem é suficiente para fundamentar a sua fé. Mais do que saber explicar, procuram saber viver de acordo com os valores cristãos. Deus tem mais a ver com a sabedoria do que com o saber. Acreditar em Deus relacional, pessoal e comunitariamente, na Igreja Católica, dá aos cristãos paz e sentido para a vida. Por isso mesmo, dão crédito a Deus e à Igreja. O fundamento desta crença é, pois, simultaneamente racional e relacional.
1.3 Referências bibliográficas
BORGES, A., Deus no Século XXI e o Futuro do Cristianismo, Porto: Campo das Letras, 2007.
COELHO, E. P. e POLICARPO, J., Diálogos sobre a Fé, Lisboa: Ed. Notícias, 2004.
ECO, U. e MARTINI, C. M., Em que Crê quem não Crê?, Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2000.
«Gaudium et spes», em Concílio Ecuménico Vaticano II. Documentos Conciliares e Pontifícios, Braga: Editorial A.O., 1983.
GUITTON. J., As Minhas Razões de Crer, Lisboa: Âncora, 2000.
RATZINGER, J., Introdução ao Cristianismo, S. João do Estoril: Principia, 2005.
RATZINGER, J., Credo para Hoje, Braga: Editorial Franciscana, 2007.
RATZINGER, J. e D’ARCAIS, P. F., Existe Deus? Um Confronto sobre Verdade, Fé e Ateísmo, Lisboa: Pedra Angular, 2009.
1.4 Questões para debate
1. Será possível elaborar uma prova da existência de Deus? Até que ponto é racional a crença em Deus?
2. O sentido da existência humana deverá basear-se sempre numa motivação racional?
3. Qual é o valor daquilo que, na vida humana, não é racional à maneira da lógica ou da ciência?
English:
Education, Science and Religion (Gradiva, Lisboa, 2012)
Abstract:
This book is a reflection on the public perception of science, education and religion interfaces. Although with specific uses for trainees and trainers, our words are also intended for the ordinary citizen, since science and religion intersect with the lives and concerns of many people. Motivated this work the idea that many misconceptions about science and religion have affected the relationship between these areas. Science and religion, stand to gain from rapprochement and dialogue. In education, in particular, lacks tools to work these issues clearly and in plain language. This text is intended to spark reflection and debate on issues that arise at the boundary between faith and science and are the subject of heated debates in pre bases often not objective. Contributions are pointed out in the bases of objectivity and accuracy, both as regards science, or with regard to religion in general and Christianity in particular.
The book is organized in a set of nineteen questions to which it attempts to answer, or better, give clues at various levels: a first approach presents a text in language associated with a cartoon. In a second approach, the response develops a more sophisticated text, yet not exhaustive, including bibliography. Some relevant words are in bold and are in the final glossary. Also includes, for each section, a set of additional questions for debate. These questions can be used in varied group dynamics.
Many misconceptions boundary between science and religion and their education undermine a modern and contextualized science and can contribute to an “infantilized” religion. The religious side, much ignorance and inflexibility are fed images of God less good, incapable of being understood and accepted in our culture knowledge. On the side of science, on the other hand, there are also numerous fundamentalisms, as if science were to answer all questions of humanity. Aims to overcome these situations and attitudes that are not conducive to reflection and debate proposed here.
Alongside the scientific approach that interrogates and attempts to understand the cosmos, is always on the table the question of the meaning of life, for which religion trail paths. For believers and non-believers, issues and knowledge intersect in a mesh of science and religion. To the religious mind helping humanity learn to live, while the science is important to know to explain the phenomena of nature. In this sense, science and religion do not compete, they are complementary. Maybe they can, we believe, to cooperate in the larger goal of understanding the world and the meaning of human existence.
We are aware that various terms used in the texts, such as faith, church, religion, God, spirituality, etc., have different meanings, depending on the context. Not invalidating other perspectives, we assume our experiential and reflective experience of Catholic Christians. Matter some humility: science and religion, in many scenarios, respond, so lonely, they do not know. And the way to understand and give meaning to life is a work that everyone, everyone, yesterday and today and tomorrow, carve.
Index
glossary
Biographies
Alfredo Dinis (1952-2013) has his degree in Philosophy and Humanities at the Faculty of Philosophy of Braga of the Portuguese Catholic University and currently Director of this School. Degree in Theology from the Gregorian University in Rome and a master’s and a doctorate in History and Philosophy of Science from Cambridge University (England). Is President of the Portuguese Society for Cognitive Science and Director of People magazine and Symptoms. His area of teaching and research is the philosophy of science. Interest is also the dialogue between religion and science. He is co-editor of works Mind, Self, Consciousness and Cognition, both edited by the Publications of the Faculty of Philosophy of Braga.
John Paiva has is degree in Chemistry and a Masters in Teaching Physics and Chemistry in the University of Coimbra. PhD in Chemistry from the University of Aveiro. He is professor in the Faculty of Sciences of University of Porto. He works in the field of educational multimedia, especially in chemistry teaching and he is the author of “Fascination to be Teacher” (Text Editor) and “Taste of Time Is Passing” (Editorial AO). He is co-author of “Sexuality and Affect” (Plátano) and of two dozen textbooks in the teaching of physics, chemistry and multimedia (Texto Editores).
Livro editado pela Plátano Editora
Referência: Jacinta Paiva e J. C. Paiva, Sexualidade e Afetos, Plátano Editora, Lisboa, 2001
Para adquirir o livro contactar:
https://www.platanoeditora.pt/?q=C/BOOKSSHOW/sexualidade-e-afetos
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Livro editado pela Editora AO
Pode ser acedido abaixo
Referência: Paiva, J. C. (2005), Sabor do Tempo que passa, Editorial AO, Braga.
Para adquirir o livro contactar:
http://livraria.apostoladodaoracao.pt/produto/sabor-do-tempo-que-passa/
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Livro (on line) editado pelas Edições Sagesse.
Pode ser acedido abaixo
paiva-Este gesto de ser – texto
Referência: Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.
Para adquirir o livro contactar: www.palimage.pt
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Livro (on line) editado pela Sociedade Portuguesa de Química.
Podes ser acdedido em:
https://www.spq.pt/files/docs/boletim/poesia/quase-poesia-quase-quimica-jpaiva2012.pdf
…ou diretamente abaixo.
quase-poesia-quase-quimica-jpaiva2012
Referência:
Paiva, J. C., Quase poesia quase química. (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química, 2012.
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