vadio
Se eu fosse genuinamente vadio, como quereria, não teria lugar nem hospedaria. Andaria na estrada a procurar quem me habita…
Se eu fosse genuinamente vadio, como quereria, não teria lugar nem hospedaria. Andaria na estrada a procurar quem me habita…
O vazio, na sua vertente científica, é sempre provisório. Depende fortemente da detetabilidade, quer instrumental quer teórica. Dizemos que é vazio, face à física e à matemática que ainda não temos para perceber o que talvez exista e a que, provisoriamente, chamamos nada…
Um mistério pode compreender-se mas não explicar-se. No máximo, podes implicar-te no mistério… Para compreender tens de aceitar, para mergulhares tens de te molhar…
A fé é um apoio vivente na convicção de que a carência, a dor, o desassossego, a inquietude, a incompletude e a morte, podem gerar abertura ao Espírito…
Pedir a Deus não é relembrar Deus – que sabe o que preciso, eu e a humanidade. Pedir a Deus é expor-me à graça, a partir da minha abertura, do meu desejo e da minha carência…
Talvez no Paraíso, apenas aí, se encontrem duas realidades humano-divinas, essenciais e paradoxais, que só em aperitivo ensaiamos, nesta vida, no seu conjunto: destino (amoroso) e liberdade…
Reconheço uma queda, senão mesmo um vício, que se manifesta por espreitar(forçar?) a coisa metafísica. Alguém me dizia: “é fascinante tatear porque os primeiros exemplares homo apareceram aqui (naquela zona de África)…”. Pensei para comigo: removemos uma simples palavra de quatro letras e a afirmação vira metafísica: “é fascinante tatear porque os primeiros exemplares homo apareceram”…
Se me perguntassem de que fios é feita a minha fé, escolheria três: a graça (prévia), a necessidade e o desejo.
Na senda das sugestões de Thomas Halik em ‘Paciência com Deus’, diante da incompletude e de muitos esmagamentos que nos sufocam, temos quatro grandes filões de resposta: 1- desespero e depressão; 2- adaptacionismo interesseiro (em Roma sê romano…); 3- droga-te (com várias coisas como droga, dinheiro, religião e outras coisas em dose alienante); 4 – fé. Isto é, perseverar pacientemente na crença vivida de que há um sentido.
Conta-se a história de um monge budista jovem que, julgando-se já iluminado, parte para longe e afasta-se da zona da sua formação. Voltando anos depois, vai ao encontro do mestre. Face a ele, o jovem vê-se confrontado com uma pergunta simples: “em que posição deixaste as tuas sandálias?”. O jovem não se lembrava e o mestre disse então: “não alcançaste iluminação”. Faltava ao jovem o que nos falta a todos: atenção simples.