ciência, mecanismos e significados
A tradição da ciência é focar-se no mecanismo e esquecer o sentido e o significado. Também por este facto, a ciência pode humildemente incorporar as suas próprias limitações.
A tradição da ciência é focar-se no mecanismo e esquecer o sentido e o significado. Também por este facto, a ciência pode humildemente incorporar as suas próprias limitações.
Quando não sei o que dizer e como dizer uso a poesia (ou a poesia me usa). É uma inútil e proveitosa dança de palavras, pensamentos e emoções…
A eleição, no sentido que lhe dá a espiritualidade inaciana, é uma ontologia de processo. Tateante, como o discernimento, está a fazer-se e plasma-se no ordinário de todos os dias. Viver é ir elegendo…
O medo do conflito, em muitas circunstâncias, pode ser pior do que o próprio conflito. O equilíbrio a procurar é o de saber conflituar.
Sinto um legítimo horror à precariedade existencial e aceito-me assim. Acompanho a máxima ontológica que, à bolina dum lastro filosófico-teológico, nos situa assim: “ser, é ser para sempre”…
Alguns crentes ficam “sem pé” diante de certa autonomia do mundo. Compreendende-se, mas esse horror ao pulsar cósmico pode relevar traços de um deus marioneteiro inconsistente. Ajuda a ciência e os seus insights (na astronomia, na física, na química, na biologia, na história, na psicologia e na sociologia, por exemplo). Torna-se mais claro, hoje, que o agir de Deus se plasma no sentido da história e é a provocação à solidariedade humana que nos dará sentido.
O quadro bíblico relatado no Livro do Génesis sobre Adão e Eva, alude com toda a certeza à crença judaica de que a criação do universo e da vida têm a sua justificação última em Deus, que no seu infinito amor criou (e continua a criar) o universo e a humanidade. Exprime também a ideia de que a nossa espécie tende a ser auto-suficiente e a virar as costas ao Deus-Amor que a criou. Adão e Eva simbolizam toda a humanidade. «Comer a maçã» representa prescindir de Deus e bastar-se a si próprio na compreensão do mundo e do sentido da vida. Comer ou não comer a maçã é ainda, neste sentido, o verdadeiro jogo da liberdade do homem, a tensão de possuir, que é o contrário de se oferecer, de confiar, de se entregar. É este o seu pecado original, isto é, o seu pecado mais profundo. Mais do que um deslize, é uma falha estrutural que há que aceitar, com a nossa própria finitude.
Nunca ter a certeza que acertamos, nos mais elaborados discernimentos, poderia encorajar os radicalmente indecisos a “pularem” mais cedo. É que, por mais elaborada, suportada, refletida e discernida que seja uma escolha (e é bom que assim seja), ela será sempre tateante. Muitas vezes, a confirmação só vem depois do mergulho…
A célebre frase “se te oferecerem limões faz limonada!” é plena de sabedoria. Reproduz uma límpida e luminosa atitude de conciliação com a realidade.
Definitivamente, a unidade faz-se na diversidade. O caminho será sempre pluri-identitário. O monocronismo uniformista pode ser tentador mas não subtrai apenas à estética do belo pluriforme, acabará também por esbarrar com a liberdade sagrada de cada ser…