enchendo…
Por vezes atrasamos-nos, como na publicação deste ‘post’ (…), porque andamos cheios de coisas.
Tu e eu temos uma tendência ancestral: enchemos com muita coisa, um vazio que ainda não tocamos…
Por vezes atrasamos-nos, como na publicação deste ‘post’ (…), porque andamos cheios de coisas.
Tu e eu temos uma tendência ancestral: enchemos com muita coisa, um vazio que ainda não tocamos…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-31
«Põe a tua mão e mete-a no Meu lado»
Jesus “volta” para dar a Tomé os sinais de que ele precisa para acreditar. Há muitos “Tomés” em todos os crentes, enquanto carentes de sinais diante do risco que é acreditar. A fé não passa por provas do tipo científico ou outro (deixaria de ser fé) mas passa muito por sinais. Talvez a vida nos vá dando os sinais de que precisamos para acreditar e podemos perguntar-nos que sinais, “quasiconcretos”, teremos para acreditar na vitória da vida. Somos também, convém tomar consciência, sinais de uns para os outros…
A integração da tradição, no fenómeno religioso, em particular, há de constituir-se num dinamismo criativo, capaz de incorporar uma complexa mas necessária síntese entre, por um lado, os processos inocentes e quase ingénuos de certo passado e, por outro lado, o excesso de criticismo espiritual moderno…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 24, 1-12
«Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui: ressuscitou»
A ressurreição é, mais do que uma doutrina, uma vitalidade da fé cristã. Sabemos que o fraco estatuto e a frágil credibilidade social das mulheres daquele tempo podem dar um sentido original ao seu envolvimento de confronto com o túmulo vazio e ao respetivo anúncio da ressureição. A atualidade deste mistério pede a nossa fé, num sentido atualizante, precisamente o de desejarmos encarar e viver cada pequena e grande morte como um penúltimo encontro. O último encontro, a última palavra, a finalidade e o sentido, são sempre de vida. Nesta linha, para os cristãos, Jesus é a ponte… e está a ressuscitar…
A ponte adiante, no dia seguinte, é já de si uma esperança que valoriza a terra que piso e o tempo que me envolve. Ver a ponte, é já viver um futuro cheio de futuro…
Sem retirar qualquer valor à ciência, de entre as novas inquisições contemporâneas, veja-se a de génese cientificista. É feita pelos inquisidores da classe científica fundamentalista, que censuram tudo o que não seja dito com a linguagem “própria” da ciência. Mais ainda, queimam o que não for metodologicamente científico e condenam na praça pública todos os que tangerem o politicamente incorreto de não se vergarem à “sacra verdade científica”…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 22, 14-23, 56
«Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa»
Em domingo de Ramos, os cristãos recordam o trajeto final da vida de Jesus, que antecede o fulcro da Sua entrega radical. O início do texto longo que hoje se medita nas celebrações poderia marcar toda a leitura da Páscoa: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa”, isto é: falo-vos, vivo e ofereço-vos, a cada um de vós, um Deus que se quer relacionar, que quer estar, que se propõe “entranhável” na vida ordinária, no ‘comer’. Um Deus “comestível”, poderíamos dizer, numa linguagem tão ousada quanto eucarística…
Disciplina: não esperava, no meio de tanta vida solta e cultura de liberdade intelectual e pessoal eleger esta como palavra importante, que me auto-imponho para crescer. Mas ela aqui está, a provocar-me e a fazer-me aderir…
Santo Agostinho — Aurélio Agostinho viveu entre 354 e 430. Nasceu e morreu na Argélia. Bispo, escritor, teólogo, filósofo, bispo de Hipona e Doutor da Igreja, as suas concepções sobre o pecado original e sobre a Igreja enquanto cidade de Deus influenciaram profundamente toda a Idade Média. Combateu vivamente as heresias do seu tempo. A si se devem influências mais platónicas com marcas ainda hoje menos interessantes na cristandade como, por exemplo, a dicotomia alma-corpo ou a concupiscência, na sua versão de “carne como inimiga da alma”… Uma frase de Santo Agostinho me marca profundamente, como janela de liberdade: “ama e faz o que quiseres”.
Moisés, por exemplo, não é considerado absolutamente simbólico e mítico (como Eva, Caim ou Noé) embora a sua historicidade seja polémica, localizando-se, contudo, nos séculos XIII-XIV a.C. Há uma tensão bíblica ‘historicidade-literatura-simbolismo’, de alguma forma equivalente à tensão ‘fisicalidade-simbolismo’, em toda a chamada “história da Salvação”. A Bíblia não é, com toda a certeza, algo “caído do céu aos trambolhões”. Também não é, para os crentes, apenas mais um livro de histórias. São livros (um plural importante…) que contêm a semente de um dinamismo de revelação, que carece sempre da leitura da fé, para o encontro com a fé…