a pérola é saber dar
Conta-se que um monge deu uma pérola a uma mendigo. Passado algum tempo, este mendigo, saciado mas exausto, voltou atrás a pedir a maior pérola: “dá-me – dizia o mendigo ao monge – a pérola de saber dar”.
Conta-se que um monge deu uma pérola a uma mendigo. Passado algum tempo, este mendigo, saciado mas exausto, voltou atrás a pedir a maior pérola: “dá-me – dizia o mendigo ao monge – a pérola de saber dar”.
Reparei noutro dia que há uma subtileza interior no olhar do mundo que nos pode ajudar: (talvez careça de fé, mas…) e se em vez de “más notícias” eu apenas colhesse tão só como “notícias”, tudo o que me chega e que me devolve uma realidade a partir da qual posso crescer?
O outro, na nossa cultura, tem uma importância vital. As relações, a ética, as organizações, as religiões, a política, convocam o outro para se dizerem a si mesmas. Mas convém não escamotear a radical necessidade de conviver com a solidão (pessoal). Esse espaço de soledade nasceu connosco e com ele mesmo morreremos. Aprender a estar em soledade, aliás, é condição fundamental para conseguir estar com o outro, ir ao encontro do outro e acolher o outro.
A razão é fundamental, o logos nos alimenta. Mas há um toque de insuficiência na razão. As rodas dentadas da razão, fundamentais na ingrenagem humana, não operam no vazio…
A atitude de acreditar ou não em Deus, tem uma base racional, mas esta base não é suficiente. Não é do mesmo género da base racional da filosofia ou da ciência. Não existe nenhuma prova filosófica ou científica da existência de Deus. Toma-se aqui «prova» no sentido em que se demonstra, sem margem para dúvidas, por exemplo, que a Terra tem uma forma aproximadamente esférica e gira à volta do Sol. A racionalidade da fé baseia-se, entre outras coisas, no testemunho que chega a cada geração a partir dos primeiros crentes. Este é o género de prova que é normalmente aceite, por exemplo, nos tribunais. Além da evidência empírica (um corpo morto, por exemplo, no caso de um assassínio, uma arma com que foi realizado o crime, etc.), há a evidência testemunhal. O tribunal aceita em geral o testemunho das pessoas que poderão ajudar a chegar a uma conclusão objetiva sobre o autor do crime, conclusão em que se baseia o juiz para pronunciar a sentença. É claro que as testemunhas podem mentir, mas isto não significa que a prova testemunhal não seja considerada seriamente. A experiência religiosa de quem acredita em Deus tem por isso uma base testemunhal: é a relação que tenho com os outros cristãos e com Deus que me leva a dar-lhes crédito, isto é, a acreditar neles. O cristão não tem razões para não os acreditar, naquilo que constitui o núcleo central da sua fé. Tem, pelo contrário, todas as razões para lhes dar crédito, mesmo tendo em conta que a história do cristianismo é feita de luzes e sombras…
Embalado pela quase perfeita analogia de que a espiritualidade é o vinho e as religiões são os copos, a gestão apostólica, não sendo displicente, é da ordem do copo… Todo o gesto apostólico, portanto, deverá apontar para o verdadeiramente espiritual. Reconheço a utilidade do copo, mas convém notar, em certa moderação religiosa, que vinho sem copo tem valor enquanto copo sem vinho é vazio estéril e infecundo…
Uma das respostas que poderíamos chamar a inúmeros problemas da vida era esperar pacientemente. Em muitos casos, aliás, o problema está no carimbo da situação como problema. E se em vez de problema, rotulássemos apenas tal cenário como um desafio?
Um Feliz Natal para cada um e para todos!
Que cada um consiga “re-significar” da melhor forma os tempos, os gestos, as tradições e os sentidos deste maravilhoso tempo que passa.
Nietzsche, que era tudo menos religioso, lamentava a falta de sentido contemplativo do seu tempo. Dizia que esta circunstância (final do século XIX…) “terá provavelmente a sua época e calar-se-á por si própria, um dia, quando se der o regresso em força do génio da meditação”…
Um véu translúcido antevê sem total nitidez o mistério de Deus. Por isto há REvelação… a acontecer…