Recensão – A Ressurreição e o fim dos tempos (P. Vasco Pinto Magalhães sj)

Recensão do livro:

 

A Ressurreição e o fim dos tempos

(a morte como abertura a Deus)

Vasco Pinto de Magalhães sj,

Tenacitas, 2018

 

in Brotéria, V. 187. julho’ 2018, p. 144

 

 

O Padre Vasco dispensa apresentações biográficos mas gostava de afirmar, neste contexto de tanta inspiração em Teilhard, que, também ele, como Chardin, tem três pilares curriculares relevantes: a simpatia pela ciência e pela tecnologia (foi estudante de engenharia), a formação teológica e a filosofia, que lhe foram oferecidas na formação jesuítica (sempre continuada). Acresce-lhe a experiência de escutante e acompanhante, a generosidade na vida e, no palco deste livro, a forma como, qual artesão, constrói palavras e novas formas de dizer o que é essencial. Este seu exercício em muito nos pode ajudar.

 

Desde já, muito suspeitamente, aconselho este livro. Talvez não em pico de sofrimento, de luto ou em vésperas de morte física, mas antes disso, em chave profilática. Arrisco uma analogia: assim como na educação familiar, a agudeza da adolescência se previne no amor generoso da infância, leia-se esta obra desde já, antes mesmo de estarmos perto de ser pó ou de assistirmos à morte dos que amamos. Não nos poupemos de pensar a vida porque a morte é certa.

 

Este é um livro quase indisciplinado. Poderia ter uma organização completamente diferente. Pode ser lido de trás para frente, a eito, de uma assentada, ou em peças avulso. Tem redundâncias (como as tem toda a obra escrita do Padre Vasco Pinto de Magalhães), ataques em espiral e quase repetições, o que não é relevante, pois a morte, como a vida, é também assim: vamos e estamos a morrer, a viver e a morrer…

 

Escolheria uma palavra e um conceito para resumir o livro: a palavra é relação. O Padre Vasco “abusa”, neste livro e não só, da palavra relação. Corpo é relação, pessoa é relação, alma é relação. Deus, que é aquele que É, revela-se na relação. Páscoa é relação e Ressurreição é relação.

 

Quanto ao conceito charneira, resumo assim: gerúndio. Este livro fala-nos de gerúndios. Estamos a acontecer, estamos a viver, estamos a morrer. Jesus está a ressuscitar e o fim dos tempos, está a acontecer. Pediria emprestado um neologismo curioso que anda nas entrelinhas desta obra: somos morrentes, antes mesmo de sermos moribundos. E vale a pena responder a esta realidade que somos sem evitar o tabu da morte. Se somos morrentes, com os olhos da fé, pois morramos por amor, e assim vivamos.

 

Merece destaque (p. 22), a propósito da reanimação (também ressureição, em chave mais profunda), a clarificação de corpo como o espaço das nossas relações. Mais uma ajuda, de boleia com S. Tomás, para dissipar vestígios ainda evidentes no catolicismo de uma dicotomia platónica que favorece um duvidoso substancialismo, da alma e dos demónios…

 

A recensão de um livro, por mais que admiremos a obra e o seu autor, como é o caso, fica incompleta sem um esgar critico. Permito-me, pois, sugerir a substituição da palavra ‘certeza’, no topo da página 27. Em vez desta, seja convicção ou mesmo fé, porque é isso mesmo que se quer dizer. Valorizo muito o item em causa, a recusa de um Deus que quisesse a morte dos justos e o sofrimento dos inocentes (não há teologia nem vida cristã com futuro que possa ser equívoca sobre um Deus de amor). Mas tal colocação, é, precisamente, a nossa fé.

 

O livro é para o grande público mas não deixa de projetar uma reflexão filosófica séria e profunda, com referências de contraditório como as de Sartre, Bloch (o filosofo da esperança sem Deus) ou Heidegger. E se este não fosse um livro de bolso, bem poderia tocar Martin Buber ou Levinas, ou mesmo o filósofo austríaco Ebner, porventura o pai da filosofia dialógica.

 

Mas salientam-se sempre as palavras certas, justas e simples, que a cada passo resumem o essencial: “Na hora da nossa morte (e da morte dos que amamos, digo eu), que é cada minuto da nossa vida, só fazem sentido os passos que foram mortes que geram vida, isto é, que foram ao encontro do outro (p. 108). Eis, pois, a revitalização da boa mortificação! (p. 47)

 

Chardin está sempre presente, muito mais do que quando é explícito, como na página 71, quando se escreve que o homem está em processo de transformação personalizante (mais um gerúndio…). A convergência da cosmogénese com a antropogénese e a cristogénese, referidas no início como fonte, jorra depois em todos os capítulos.

 

O mais central dos gerúndios que se arrasta na obra, desde o título até ao fim, pode exprimir-se na recreativa expressão (mais uma) da página 55: “Ressureição-já”. Não sendo um livro estrito sobre Ressurreição, poderemos inspirar-nos na nossa colocação face à tensão teológica constante entre a fisicalidade e o valor simbólico dos relatos bíblicos. Podemos, pelo menos, desvalorizar a questão da fisicalidade da Ressureição e acentuar o que este livro nos convida a sublinhar: Jesus está a ressuscitar, pedindo a nossa abertura às relações que cristifiquem, a vida e morte. Assim vale a pena e tem sentido ir morrendo-vivendo e, como se lê na última página, retomando em ómega o alfa do livro, “o fim do mundo será já”, mas ainda não…

JP in Espiritualidade Textos 1 Agosto, 2018

prece…

Rezo, pois, em silencioso grito, para que todos saibamos colher o momento presente, crescer com o que aconteça, tomar a responsabilidade dos nossos atos, abrir os nossos olhos e a inteligência ao discernimento que nos possa fazer boas escolhas, face aquilo que está nas nossas mãos (uma minúscula parte do dinamismo da
realidade).

Pró-ativos mas em paixão (passiona, passivos, em aceitação…), assim, abertos à graça, saboreamos já aperitivos de paraíso, sem pedinchar quase que manipulativamente uma intervenção mágica que Deus, omni(im)potente, por mistério amoroso, parece não apreciar…

2013

JP in Espiritualidade Frases 28 Julho, 2018

Palavras no Tempo

Palavras no Tempo – Diálogos entre ciência, religião … e não só…

 

O projeto Palavras no Tempo, a decorrer desde 2014, é uma iniciativa de cariz cívico e cultural que teve a sua génese na obra Educação, Ciência e Religião (2012), na sequência da qual se promoveram inúmeras sessões e debates que resultariam numa parceria entre a Universidade do Porto, a Universidade Católica e o Centro Nacional de Cultura, que patrocinam a ideia. Palavras no Tempo consiste na realização de conferências e debates, bem como em sessões de reflexão e formações, em torno de múltiplas aproximações à religião e à cultura, envolvendo o olhar reflexivo em várias áreas, perspetivado sob o ponto de vista de crentes e de não crentes.

Todos os temas são pretexto de conversa e cidadania, na base comum dos direitos humanos e do respeito pela diferença. O cerne deste projeto é dialogar, no eixo da crença e da não crença. Thomas Halik (2013) diz bem que a crença e a não crença são dois olhares arriscados sobre o mesmo mistério e, quando nos abrimos, sentimo-nos muito mais próximos uns dos outros, sem rótulos, mais solidários e com mais futuro.

Palavras no Tempo recria estilos de comunicação e diálogo de outros tempos, contextualizados à nossa realidade de hoje, carente ainda de efetiva reflexão e debate, apesar do ruído dos media. No âmbito deste projeto, são dinamizadas várias conferências/debates, focados regionalmente, com o apoio das respetivas câmaras municipais, das universidades, das escolas e de outras instituições de cada região.

Desde 2014, têm sido realizados diversos eventos no âmbito do projeto Palavras no Tempo, quer conferências/debates mais direcionados para o público em geral, quer sessões dirigidas a alunos de escolas secundárias, quer formações para professores. O evento “Educação, Ciência e Religião”, cuja primeira ocorrência teve lugar no Cineteatro de Anadia, a 23 de maio de 2014, com a participação de João Paiva e Aniceto Carmo, é especialmente dirigido a alunos do ensino secundário e foi replicado em 18 escolas secundárias do Centro e Norte do país: Escola Secundária de Oliveira do Bairro, Escola Secundária José Macedo Fragateiro (Ovar), Escola Secundária de Cantanhede, Escola Secundária de Estarreja, Escola Secundária Joaquim de Carvalho (Figueira da Foz), Escola S/3 Arquiteto Oliveira Ferreira (Vila Nova de Gaia), Escola Secundária de Santa Maria da Feira, Escola Básica e Secundária de Ferreira de Castro (Oliveira de Azeméis), Escola Secundária de Montemor-o-Velho, Escola Secundária Manuel Laranjeira (Espinho), Escola Secundária Clara de Resende (Porto), Escola Secundária de Penafiel, Escola Secundária José Falcão (Coimbra), Escola Secundária António Nobre (Porto), Escola Secundária Aurélia de Sousa (Porto), Escola Secundária Fontes Pereira de Melo (Porto), Colégio Nossa Senhora da Paz (Porto), Escola Secundária Carlos Amarante (Braga). Além das escolas secundárias mencionadas, também o Cineteatro de Albergaria acolheu o evento “Educação, Ciência e Religião” para um público mais alargado. Entretanto vários outros colaboradores, em diferentes posições no eixo crença/não crença, se associaram ao projeto: Rui Trindade, José Luís Santos, Maria Manuel Jorge, Pedro Lind ,Pedro Pimenta, João Correia de Freitas, Vitor Teodoro, João Frade e Carlos Fontes.

“Religião, Ciência e Cultura” é um evento dirigido especialmente à comunidade docente e consiste numa formação creditável (Despacho n.º 5741/2015) para professores de todos os grupos disciplinares. Foram realizadas até ao momento nove formações: Escola Secundária Manuel Laranjeira (Espinho), Escola Secundária de Penafiel, Escola Secundária José Falcão (Coimbra), Instituto Superior de Administração e Línguas (Funchal), Seminário do Vilar (Porto), Colégio de Nossa Senhora da Paz (Porto), Escola Secundária de Paredes, Escola Secundária Aurélia de Sousa (Porto). Até final de 2016, estão previstas mais duas formações, em Abrantes e em Anadia.

O evento “Razões de (des)crença”, direcionado para um contexto paroquial, foi realizado em 7 paróquias: Oliveira do Bairro, Ovar, Cantanhede, Estarreja, Figueira da Foz, Albergaria, Paróquia da Boavista (Porto). Também para um público eminentemente paroquial, foi concebido o evento “Workshop catequese e cultura científica”, dinamizado em 6 localidades: Figueira da Foz, Vila Nova de Gaia, Albergaria, Santa Maria da Feira, Espinho, Porto (Paróquia do Cristo-Rei).

O evento “Para quê Deus se temos Ciência?” realizou-se no Colégio de Famalicão (Anadia), na Escola Superior de Enfermagem S. José de Cluny e na Escola da APEL (Funchal).

As conferências/debates, alicerçados no binómio crença/não crença e dirigidos ao público em geral, são o evento aglutinador e o móbil de reflexão em cada uma das localidades por onde o projeto Palavras no Tempo vai passando. Estes eventos decorreram, de forma descentralizada e itinerante, em diversos espaços culturais e educativos do Centro e Norte do país, com a participação de palestrantes convidados, homens e mulheres de qualidade e prestígio nas várias áreas da cultura e da ciência. Até ao momento, foram realizados 17 eventos desta natureza:

  • Religião e Ciência, com Carlos Fiolhais e João Fernandes (Anadia)
  • Religião e Política, com Carlos Abreu Amorim e José Manuel Pureza (Oliveira do Bairro)
  • Religião e Economia, com Augusto Santos Silva e João Duque (Ovar)
  • Religião e Maçonaria, com Henrique Monteiro e João Conduto (Cantanhede)
  • Religião e Afetos, com Maria Belo e José Frazão (Estarreja)
  • Religião e Justiça, com Laborinho Lúcio e José de Souto Moura (Figueira da Foz)
  • Religião e Sexualidade, com Gabriela Moita e Miguel Almeida (Vila Nova de Gaia)
  • Religião e História, com Fernando Rosas e José Eduardo Franco (Albergaria)
  • Religião e Mulher, com Teresa Lago e Teresa Toldy (Santa Maria da Feira)
  • Religião e Poesia, com Jorge Melícias e José Rui Teixeira (Oliveira de Azeméis)
  • Religião e Islão, com Paulo Mendes Pinto e Abdul Rehman Mangá (Montemor-o-Velho)
  • Religião e Educação, com Luís Grosso e Joaquim Azevedo (Espinho)
  • Religião e Portugal, com António Barreto e Manuel Clemente (Porto)
  • Religião e Neurociências, com João Relvas e Joana Castelo Branco (Coimbra)
  • Religião e Bioética, com António Vaz Carneiro e Walter Oswald (Porto)
  • Religião e História da Ciência, com Henrique Leitão e Amélia Polónia (Porto)
  • Religião e Ecologia, com Filipe Duarte Santos e Paulo Borges (Braga)

No âmbito destas conferências/debates, estão agendadas ainda as seguintes:

  • Religião e o Corpo na iminência da morte, com Paulo Tunhas e Edna Gonçalves (Abrantes)
  • Religião e o Céu, Joaquim Fernandes e Bruno Nobre (Anadia)

A título de exemplo, apresenta-se o resumo do primeiro dos debates, com Carlos Fiolhais e João Fernandes:

“No âmbito do projeto Palavras no Tempo, realizou-se, no dia 23 de maio de 2014, no Museu do Vinho da Anadia, a primeira sessão de um ciclo de debates que junta crentes e não crentes com o objetivo de promover a reflexão em torno da temática “Educação, Ciência e Religião”. Este primeiro debate, sob o título “Religião e Ciência”, contou com a participação de duas figuras do universo das Ciências: o físico Carlos Fiolhais e o astrónomo João Fernandes.

A primeira intervenção coube a João Fernandes, que começou por se apresentar como cientista e crente, argumentando não encontrar incompatibilidade entre estas duas dimensões estruturais da sua vida e sublinhando a ideia de uma convivência pacífica, dentro da comunidade crente, entre a Ciência e a Fé. Interrogando-se se haverá aspetos comuns ao facto de ser crente e ser cientista, encontra duas características: a liberdade e a responsabilidade, na medida em que ambas são pressupostos fundamentais da Ciência e da Fé.

Na sua intervenção, Carlos Fiolhais começou por frisar que, embora completamente distintas, com métodos e objetivos diferentes, Ciência e Religião têm em comum algo muito profundo, permitindo o diálogo: ambas correspondem a necessidades do Homem e ambas tentam fornecer sentido: “tentam penetrar no mistério, embora se trate de mistérios diferentes”. Acima de tudo, “são expressões de incompletude do ser humano, que precisa de mais alguma coisa…”

Recorrendo a uma perspetiva histórica desde os primórdios da ciência moderna, o físico explicou como, a partir de Galileu, se foi construindo e alimentando um embate e uma visão dicotómica entre Ciência e Religião, apesar de, para cientistas como Galileu, Newton e Darwin, ambas as abordagens não serem incompatíveis. Abordou também as polémicas mais recentes, suscitadas pelo evolucionismo, pelas neurociências e pelo ateísmo militante de alguns cientistas. A terminar a sua intervenção, Carlos Fiolhais avançou ideias sobre a questão “porque é que o diálogo entre a Ciência e a Religião é um diálogo não apenas útil, mas também necessário?”

Na parte final da sessão, o público confrontou os cientistas com questões em que se entrecruzam argumentos científicos e metafísicos: a origem do Universo, o acaso, e onde fica o espaço para a fé depois de a ciência tudo explicar?”

 

Desde 2014 até ao final de maio de 2016, foram dinamizados, no âmbito do projeto Palavras no Tempo, 64 eventos distribuídos por em 18 localidades: Albergaria, Anadia, Braga, Cantanhede, Coimbra, Espinho, Estarreja, Figueira da Foz, Funchal, Montemor-o-Velho, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Paredes, Penafiel, Porto, Santa Maria da Feira, Vila Nova de Gaia. Quantitativamente, as pessoas abrangidas pelos 64 eventos até agora dinamizados, apontam para a seguinte quantificação:

Número aproximado de eventos: 80

Número aproximado de Professores: 800

Número aproximado de Alunos: 4000

Número aproximado de Outros Públicos: 2400

Número aproximado de Total de públicos envolvidos: 7200

Embora o impacto destas iniciativas não seja objetivamente mensurável, é nossa convicção de que estes eventos promovem nos seus públicos um alargar de horizontes, quer em termos culturais, quer em termos reflexivos, desencadeando aquilo a que poderíamos chamar de ‘desbloqueamento intelectual’, com potencial apostólico.

Espaços para a reflexão, para o diálogo e para a ação continuam urgentes. Terão sido acutilantemente inaugurados na nossa cultura por Humberto Eco e Cardeal Martini (2000) mas não é certo que se tenham esgotado na sua intenção cultural. A crença e a não crença são dois ângulos diferentes que olham o mesmo mistério. Somos feitos para a busca. Crentes e não crentes instalados entenderão este projeto como irrelevante. Com Palavras no Tempo, nada mais se pretende que um bom diálogo para robustecer a ação. O olhar para o universo, deixa-nos deslumbrados, encantados e quase oprimidos, mas necessariamente questionantes (Artigas, 2000). Teilhard de Chardin (2000) convida-nos a libertar as dicotomias, as do mundo e as do espírito, as do princípio e do fim, as do corpo e as da alma, as do universo e da Criação, as dos crentes e dos não crentes. Procuramos as “palavras”, neste “tempo” em que as múltiplas propostas precisam de se ouvir, de se questionar, de fluir na dialética entre o Eu e os Outros.

Mais detalhes e interações poderão ser consultados em www.pnt.up.pt.

 

 

Agradecimentos:

Além dos parceiros institucionais e do programa Ciência Viva, merece-me uma palavra particular de apreço o meu grande amigo Alfredo Dinis que, não estando já entre nós, goza com toda a certeza este projeto, que comigo sonhou. Saúdo de forma muito especial, igualmente, o Eng. Aniceto Carmo que, como não crente irrequieto e construtivo, tem competente e entusiasta protagonismo em muitas das iniciativas.

 

Referências:

ARTIGAS, M., The Mind of the Universe. Understanding Science and Religion, Templeton Press, 2000.

CHARDIN, T. de, «Cristianismo e Evolução. Sugestões para servir uma nova teologia» em A Minha Fé. A Matéria e Deus, Lisboa: Ed. Notícias, 2000.

DINIS, A. E PAIVA, J. C, Educação, Ciência e Religião, Gradiva, Lisboa, 2012.

ECO, H. e MARTINI, C., Em que Crê quem não Crê?, Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2000.

TOMÁŠ HALÍK, Paciência com Deus. Paulinas, Lisboa, 2013.

Educação, Ciência e Religião

Livro editado pela Gradiva, em co-autoria com Alfredo Dinis

Referência: A. Dinis, J. C. Paiva, Educação, Ciência e Religião, Gradiva, Lisboa, 2010.

Para adquirir o livro contactar: www.gradiva.pt

Nota: neste blog, pode haver pequenos textos constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.

 

Da introdução:

Este livro é uma reflexão nas interfaces da percepção pública da ciência, da educação e da religião. Embora com utilidades específicas para formandos e formadores, destina-se também ao cidadão comum, uma vez que ciência e religião, de uma forma ou de outra, se cruzam com a vida e as inquietudes de muitas pessoas. Motivou esta obra a ideia de que muitos equívocos sobre ciência e religião têm afectado o relacionamento entre estas áreas. Ciência e religião, na convicção dos autores, sem ambiguidades, têm a ganhar com aproximação e diálogo. No ensino, em particular, faltam ferramentas para trabalhar estes temas de forma clara e numa linguagem simples. O presente texto pretende suscitar a reflexão e o debate sobre questões que se colocam na fronteira entre fé e ciência e são objecto de acesos debates em bases nem sempre objectivas. Apontam-se contribuições em bases de objectividade e rigor, quer no que se refere à ciência, quer no que diz respeito à religião em geral e ao cristianismo em particular.

O livro está organizado num conjunto de vinte perguntas às quais se tenta responder, ou melhor, dar pistas, a vários níveis: numa primeira abordagem apresenta-se um texto em linguagem acessível, associado a um cartoon. Numa segunda abordagem, desenvolve-se a resposta num texto mais elaborado, ainda assim não exaustivo, incluin-do-se bibliografia. Algumas palavras relevantes estão em negrito e encontram-se no glossário final. Inclui-se ainda, para cada secção, um conjunto de questões adicionais para debate. Estas questões podem ser usadas em variadas dinâmicas de grupo. Há um terceiro nível no sítio associado a este livro, em www.ecr.net. A par de mais e mais actualizada informação estimula-se a interacção com os leitores no blogue.

Muitos equívocos de fronteira entre ciência e religião e o seu ensino prejudicam uma ciência moderna e contextualizada e podem contribuir para uma religião infantilizante. Do lado religioso, muita ignorância e inflexibilidade têm alimentado imagens de Deus menos boas, incapazes de serem compreendidas e acolhidas na nossa cultura de conhecimento. Do lado da ciência, por outro lado, existem também inúmeros fundamentalismos, como se a ciência fosse resposta a todas as questões da Humanidade. Pretende-se superar estas situações e atitudes, que não favorecem a reflexão e o debate que aqui se propõe.

A par da abordagem científica que interroga e tenta entender o cosmos, está sempre em cima da mesa a questão do sentido da vida, para o qual a religião trilha caminhos. Para crentes e não-crentes, questões e saberes cruzam-se numa malha de ciência e religião. À religião importa ajudar a Humanidade a saber viver, enquanto à ciência importa saber explicar os fenómenos da natureza. Neste sentido, religião e ciência não competem, antes se complementam. Talvez possam, acreditamos, cooperar no objectivo maior de compreender o mundo e o sentido da existência humana.

Temos consciência de que usamos nos textos vários termos, como fé, Igreja, religião, Deus, espiritualidade, etc., que têm significados diferentes conforme o contexto. Não invalidando outras perspectivas, assumimos a nossa experiência reflexiva e vivencial de cristãos católicos.

Importa uma certa humildade: ciência e religião, em muitos cenários, respondem, tão-só, que não sabem. E o caminho de conhecer e dar sentido à vida é uma obra que cada um, que todos, ontem como hoje e amanhã, esculpiremos.

 

Índice da obra:

  1. As reflexões neste livro permitem-nos uma forma racional de ser religioso? …………………………………… 11
  2. O primeiro homem e a primeira mulher foram, de facto, Adão e Eva? …………………………………………… 19
  3. A teoria do Big Bang é compatível com a perspectiva cristã acerca da criação do universo, tal como vem narrada no Livro do Génesis? E o que existia antes
    do Big Bang? …………………………………………………… 29
  4. Àmedidaqueaciênciaavançaareligiãovaiperdendo espaço? …………………………………………………………… 35
  5. Qual é o papel das questões éticas na relação entre a ciência e a religião? ………………………………………….. 47
  6. Na Idade Média a religião prejudicou o progresso científico? ……………………………………………………….. 57
  7. Galileu foi pressionado para negar o movimento da Terra que era para ele uma evidência científica? ……. 69
  8. A mecânica quântica, com o indeterminismo a ela associado, pode ter alguma ligação com a religião? …. 77
  9. O cérebro e as emoções são estudados de forma científica, com algumas conclusões objectivas. Com o progressivo conhecimento do cérebro poderemos nós, humanos, vir a ser absolutamente previsíveis? ……… 89
  1. A inteligência artificial ameaça não só o homem mas
    a religião? ……………………………………………………….. 97
  2. Que implicações têm os desenvolvimentos científicos
    na filosofia e na religião? A religião tem «medo» da ciência? …………………………………………………………… 109
  3. A religião ou a ciência «proíbem» a existência de extraterrestres? ……………………………………………………. 119
  4. Asquestõesambientaisestãonaordemdodia.Oque
    a religião tem a dizer sobre os problemas da sustentabilidade da Terra? ………………………………………….. 129
  5. Que contributos podemos esperar da neuroteologia?…. 137
  6. Aciênciaajudaaenquadrarfenómenoscomoasaparições de Fátima? ……………………………………………… 145
  7. Os alquimistas procuravam a pedra filosofal. Esta procura tinha algum sentido? …………………………….. 155
  8. Pode defender-se a teoria da evolução e ao mesmo tempo acreditar em Deus? …………………………………. 161
  9. A religião, com as suas posições sobre sexualidade, é obstáculo à saúde pública, nomeadamente no que diz respeito à sida? ……………………………………………….. 175
  10. Muitos não-crentes defendem, legitimamente, as suas posições. Que argumentos/atitudes pode ter um crente perante os não-crentes? …………………………………. 183

Glossário ………………………………………………………………. 191

Notas biográficas dos autores ………………………………….. 205

 

 

Um exemplo:

As reflexões neste livro permitem-nos uma forma racional de ser religioso?

1.1 Primeiras pistas

Não há um caminho exclusivamente racional para compreender a fé e, muito menos, para se ser religioso. A religião e a ciência, neste sentido, têm objectivos e caminhos diferentes. O que não significa que a fé não tenha também uma dimensão racional.

Não é verdade que a racionalidade humana se reduza à racionalidade científica nem, por conseguinte, que as crenças humanas dignas de crédito sejam as que se baseiam neste género de racionalidade. Muitas das crenças humanas nas quais se fundamenta a vida das pessoas comuns baseiam-se no testemunho e no crédito que dão umas às outras. Não são o resultado positivo de qualquer teste científico a que essas crenças sejam submetidas.

Não há nenhuma prova científica de que a nossa mãe nos amou desde que fomos concebidos dentro dela. Não temos nenhuma prova científica de que somos o fruto de uma relação de amor autêntico entre o nosso pai e a nossa mãe. Não temos nenhuma prova filosófica ou científica de que Picasso foi um pintor excepcional, ou de que a música de Beethoven é superior à de Wagner, ou de que a poesia de Sophia de Mello Breyner tem um enorme valor. Não há nenhuma prova científica de que a eutanásia é a melhor opção para quem quer terminar a sua vida em determinadas circunstâncias. Os críticos de arte não fazem qualquer apelo a testes empíricos realizados segundo a metodologia científica quando têm de atribuir um prémio ao melhor filme no festival de Veneza, ou ao melhor romance, ou livro de poemas num concurso literário.

Poderíamos continuar a enumerar as áreas da vida humana nas quais a racionalidade científica não tem nem a única nem a última palavra.

Os seres humanos vivem numa complexa rede de relações interpessoais no interior da qual se estabelecem relações de confiança que nos levam a acreditar em muitas coisas que não são demonstráveis nem filosófica nem cientificamente. O cristianismo surgiu precisamente de uma teia de relações que se estabeleceu entre os primeiros cristãos com base nos antigos profetas do Antigo Testamento e em experiências dos contemporâneos de Jesus. Os cristãos acedem a Deus com base na experiência de encontro com Cristo ressuscitado feita pelos primeiros cristãos, experiência que fundamenta toda a tradição cristã e que se prolonga, nos nossos dias, na celebração comunitária da fé e na vida de oração pessoal, com as exigências práticas que daí derivam.

Isto não significa que as crenças dos cristãos não tenham qualquer base racional. Significa que há muito de racional nestas crenças, mas que se trata de uma racionalidade que não é sempre e só a da lógica ou a da ciência. A base testemunhal da fé cristã tem também um carácter racional, mas vai muito além dele, uma vez que a crença em Deus não é fundamentalmente uma teoria que se deva demonstrar, mas uma prática de vida. Uma sabedoria sujeita a crítica mas não ao teste da razão científica.

Ter fé está muito para além de acreditar na existência de Deus. Uma criança que está ao colo da sua Mãe não questiona a sua existência, antes goza o acolhimento maternal. A fé tem algo de semelhante: muitas vezes, o «colo de Deus» vem antes da «confirmação» da Sua própria existência…

1.2 Aprofundamento

A atitude de acreditar ou não em Deus, tem uma base racional, mas esta base não é suficiente. Não é do mesmo género da base racional da filosofia ou da ciência. Não existe nenhuma prova filosófica ou científica da existência de Deus. Toma-se aqui «prova» no sentido em que se demonstra, sem margem para dúvidas, por exemplo, que a Terra tem uma forma aproximadamente esférica e gira à volta do Sol. A racionalidade da fé baseia-se, entre outras coisas, no testemunho que chega a cada geração a partir dos primeiros crentes. Este é o género de prova que é normalmente aceite, por exemplo, nos tribunais. Além da evidência empírica (um corpo morto, por exemplo, no caso de um assassínio, uma arma com que foi realizado o crime, etc.), há a evidência testemunhal. O tribunal aceita em geral o testemunho das pessoas que poderão ajudar a chegar a uma conclusão objectiva sobre o autor do crime, conclusão em que se baseia o juiz para pronunciar a sentença. É claro que as testemunhas podem mentir, mas isto não significa que a prova testemunhal não seja considerada seriamente. A experiência religiosa de quem acredita em Deus tem por isso uma base testemunhal: é a relação que tenho com os outros cristãos e com Deus que me leva a dar-lhes crédito, isto é, a acreditar neles. O cristão não tem razões para não os acreditar, naquilo que constitui o núcleo da sua fé. Tem, pelo contrário, todas as razões para lhes dar crédito, mesmo tendo em conta que a história do cristianismo é feita de luzes e sombras.

A experiência dos primeiros cristãos está contida no Novo Testamento, que não é uma narração jornalística da vida de Jesus, mas uma profissão de fé n’Ele. Jesus não deixou nenhum escrito, e talvez ainda bem. Não precisamos de escritos abstractamente inspirados, «caídos do céu», mas de escritos que nos falem de Deus a partir da experiência de vida dos primeiros cristãos, do seu testemunho vivencial e credível. A Igreja Católica merece crédito. Merece ser acreditada e, por isso, os cristãos acreditam nela. Na sua história há momentos de luz e momentos de sombra. A Igreja Católica reconhece os seus erros. Em 12 de Março de 2002, o Papa João Paulo II pediu publicamente desculpa pelos erros desta Igreja: cruzadas, Inquisição, intolerância para com outras religiões e culturas, etc. Alguns não-crentes, que não dão crédito a esta Igreja, fixam-se apenas nos momentos de sombra. Mas a história da Igreja Católica está também iluminada, no passado como no presente, por momentos de luta pela verdade e pela justiça, pelos incontáveis actos dos que dão a vida pelos mais fracos, necessitados e oprimidos: nos campos de refugiados, nos cenários de guerra e de miséria, colaborando em projectos de desenvolvimento económico, social e cultural, etc. E tudo isto faz parte da racionalidade e da credibilidade da fé.

A imagem que os cristãos têm de Deus não tem nada a ver com a que muitos não-crentes criticam — e ainda bem que o fazem: um Deus cruel, sanguinário e hipócrita, um Deus-polícia, sempre à procura de me apanhar em falta para me ameaçar com a condenação eterna. Quem daria crédito a um Deus como este? Quem acreditaria nele?

O Deus a quem os cristãos dão crédito é a explicação última do universo e da vida, mas respeita a autonomia e a liberdade dos seres que criou. Não faz tudo porque toma a sério a nossa liberdade. Criou um universo em evolução e respeita a autonomia das suas leis e processos. Saberá tudo? Não saberá senão o que se pode saber? Saberá como vou decidir viver a minha vida nos próximos tempos? Espera para ver e respeita as decisões que eu tomar. A sua omnisciência, a sua perfeição, está mais no amar do que no saber, está mais no serviço do que no poder.

É este o Deus em quem os cristãos acreditam e confiam e a quem, por isso, dão crédito. Não sabem explicar muito sobre o que a Ele se refere, mas o pouco que sabem é suficiente para fundamentar a sua fé. Mais do que saber explicar, procuram saber viver de acordo com os valores cristãos. Deus tem mais a ver com a sabedoria do que com o saber. Acreditar em Deus relacional, pessoal e comunitariamente, na Igreja Católica, dá aos cristãos paz e sentido para a vida. Por isso mesmo, dão crédito a Deus e à Igreja. O fundamento desta crença é, pois, simultaneamente racional e relacional.

1.3 Referências bibliográficas

BORGES, A., Deus no Século XXI e o Futuro do Cristianismo, Porto: Campo das Letras, 2007.

COELHO, E. P. e POLICARPO, J., Diálogos sobre a Fé, Lisboa: Ed. Notícias, 2004.

ECO, U. e MARTINI, C. M., Em que Crê quem não Crê?, Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2000.

«Gaudium et spes», em Concílio Ecuménico Vaticano II. Documentos Conciliares e Pontifícios, Braga: Editorial A.O., 1983.

GUITTON. J., As Minhas Razões de Crer, Lisboa: Âncora, 2000.

RATZINGER, J., Introdução ao Cristianismo, S. João do Estoril: Principia, 2005.

RATZINGER, J., Credo para Hoje, Braga: Editorial Franciscana, 2007.

RATZINGER, J. e D’ARCAIS, P. F., Existe Deus? Um Confronto sobre Verdade, Fé e Ateísmo, Lisboa: Pedra Angular, 2009.

1.4 Questões para debate

1. Será possível elaborar uma prova da existência de Deus? Até que ponto é racional a crença em Deus?

2. O sentido da existência humana deverá basear-se sempre numa motivação racional?

3. Qual é o valor daquilo que, na vida humana, não é racional à maneira da lógica ou da ciência?

 

 

English:

Education, Science and Religion (Gradiva, Lisboa, 2012)

Abstract:

This book is a reflection on the public perception of science, education and religion interfaces. Although with specific uses for trainees and trainers, our words are also intended for the ordinary citizen, since science and religion intersect with the lives and concerns of many people. Motivated this work the idea that many misconceptions about science and religion have affected the relationship between these areas. Science and religion, stand to gain from rapprochement and dialogue. In education, in particular, lacks tools to work these issues clearly and in plain language. This text is intended to spark reflection and debate on issues that arise at the boundary between faith and science and are the subject of heated debates in pre bases often not objective. Contributions are pointed out in the bases of objectivity and accuracy, both as regards science, or with regard to religion in general and Christianity in particular.

The book is organized in a set of nineteen questions to which it attempts to answer, or better, give clues at various levels: a first approach presents a text in language associated with a cartoon. In a second approach, the response develops a more sophisticated text, yet not exhaustive, including bibliography. Some relevant words are in bold and are in the final glossary. Also includes, for each section, a set of additional questions for debate. These questions can be used in varied group dynamics.

Many misconceptions boundary between science and religion and their education undermine a modern and contextualized science and can contribute to an “infantilized” religion. The religious side, much ignorance and inflexibility are fed images of God less good, incapable of being understood and accepted in our culture knowledge. On the side of science, on the other hand, there are also numerous fundamentalisms, as if science were to answer all questions of humanity. Aims to overcome these situations and attitudes that are not conducive to reflection and debate proposed here.

Alongside the scientific approach that interrogates and attempts to understand the cosmos, is always on the table the question of the meaning of life, for which religion trail paths. For believers and non-believers, issues and knowledge intersect in a mesh of science and religion. To the religious mind helping humanity learn to live, while the science is important to know to explain the phenomena of nature. In this sense, science and religion do not compete, they are complementary. Maybe they can, we believe, to cooperate in the larger goal of understanding the world and the meaning of human existence.

We are aware that various terms used in the texts, such as faith, church, religion, God, spirituality, etc., have different meanings, depending on the context. Not invalidating other perspectives, we assume our experiential and reflective experience of Catholic Christians. Matter some humility: science and religion, in many scenarios, respond, so lonely, they do not know. And the way to understand and give meaning to life is a work that everyone, everyone, yesterday and today and tomorrow, carve.

Index

  1. The reflections in this book gives us a rational way of being religious?
  2. The first man and the first woman were, in fact, Adam and Eve?
  3. The Big Bang theory is compatible with the Christian perspective on the creation of the universe, as is narrated in the Book of Genesis? And what existed before the Big Bang?
  4. More science means less religion?
  5. What is the role of ethical issues in the relationship between science and religion?
  6. In the Middle Ages religion hindered scientific progress?
  7. Galileo was pressed to deny the motion of the Earth that was for him scientific evidence?
  8. Quantum mechanics, with the indeterminacy associated with it, may have some connection with religion?
  9. The brain and emotions are studied scientific manner, with some objective conclusions. With the growing knowledge of the brain can we humans come to be absolutely predictable?
  10. The artificial intelligence threatens not only the man but religion?
  11. What are the implications of scientific developments in philosophy and religion? Religion has “fear” of science?
  12. Religion or science ” prohibit” the aliens existence?
  13. What does religion has to say about the problems of sustainability of the Earth?
  14. What contributions can we expect from “Neurotheology”?
  15. Science helps framing Fátima appearances?
  16. The alchemists sought the philosopher’s stone. This demand had any sense?
  17. It can be defend the theory of evolution and at the same time believing in God?
  18. Religion, with their positions on sexuality, is an obstacle to public health, particularly in respect to AIDS?
  19. Many non-believers argue, legitimately, their positions. What arguments / attitudes can have a believer towards non-believers?

glossary

Biographies

Alfredo Dinis (1952-2013) has his degree in Philosophy and Humanities at the Faculty of Philosophy of Braga of the Portuguese Catholic University and currently Director of this School. Degree in Theology from the Gregorian University in Rome and a master’s and a doctorate in History and Philosophy of Science from Cambridge University (England). Is President of the Portuguese Society for Cognitive Science and Director of People magazine and Symptoms. His area of teaching and research is the philosophy of science. Interest is also the dialogue between religion and science. He is co-editor of works Mind, Self, Consciousness and Cognition, both edited by the Publications of the Faculty of Philosophy of Braga.

John Paiva has is degree in Chemistry and a Masters in Teaching Physics and Chemistry in the University of Coimbra. PhD in Chemistry from the University of Aveiro. He is professor in the Faculty of Sciences of University of Porto. He works in the field of educational multimedia, especially in chemistry teaching and he is the author of “Fascination to be Teacher” (Text Editor) and “Taste of Time Is Passing” (Editorial AO). He is co-author of “Sexuality and Affect” (Plátano) and of two dozen textbooks in the teaching of physics, chemistry and multimedia (Texto Editores).

JP in Educação Espiritualidade Livros 26 Julho, 2018

Primeira comunhão…

A experiência da comunhão é bonita, bela, importante… mas sempre com alguma coisa por compreender.
Eu gosto do comungar: faz-me bem acreditar que posso “comer” este Jesus que é maior (e sempre!) Amigo e, depois, ganhar força para alimentar os outros, com o mesmo amor.
Desejo que sejas muito feliz e uses a comunhão para ser mais feliz ainda mais.
Quando comungares, agora, como os grandes, todas as semanas, fecha os olhos e agradece essa amizade com Jesus. É um grande tesouro.
Quando temos dúvidas de fé, podemos sempre agradecer… e isso basta!
Meu desjeo maior é que esta seja muito mais a primeira comunhão e muito menos a última comunhão

Isto é tudo um mistério, mas um mistério de abundância e de excesso de luz!…

março’ 2011

Páscoa 2016

Páscoa é ‘ponte’, ‘passagem’, daquilo que é frágil em nós e no mundo, para a força do amor, que vence sempre.
Desejo para ti uma existência que, apesar das dificuldades, faz ganhar sempre a confiança, o amor e a vida.

Páscoa’ 2016

Páscoa 2018

Pedro, o discípulo muito amado – que somos cada um de nós – foi “ontem” servido por Jesus no lava-pés.
“Hoje”, trai Jesus três vezes. Jesus, “amanhã”, vai escolher este traidor, Pedro, que somos nós…
Pedro, que somos nós, “amanhã”, vai ter vários sinais do amor definitivo de Deus: a paz, o perdão e o envio.
É isto a Ressurreição, de Jesus, e de Pedro, que somos nós…
Pedro, que somos nós, é um “traidor” (carente), escolhido, amado, e cheio de futuro. Assim somos nós, Aleluia!

Páscoa’ 2018

Natal 2011

A todos desejos de Excelente Natal e Bom ano Novo.
Natal talvez nos possa inspirar para encarar o Ano Novo com mais otimismo, fazendo toda a nossa parte no entusiasmo pela vida e na responsabilidade pela justiça e pela solidariedade.
Um olhar alegre e benigno sobre si próprio e sobre cada outro poderá ajudar.
A religião, como desafio “religante” das questões “quem sou eu?” e “quem é Deus?”, ganhará com o recentramento no nascimento que celebramos.

dezembro’ 2011

Natal 2012

Vivemos a festa dum acontecimento que não se sabe ao certo quando e como se deu mas que marcou e marca a nossa vida.

Há incertezas específicas sobre alguns dados desse nascimento mas mantém-se forte e vital a mensagem. Os evangelhos (relatos não jornalísiticos e transportantes da subjetividade de quem os escreveu) podem colher no risco da fé uma notícia relevante: Deus fez-se um de nós e disse (continua a dizer) que quanto mais humanos formos mais somos de Deus (que é amor).
Desejamos neste Natal 2012 que se celebre a festa do amor com toda a sua humanidade: alegria, gosto por receber, gosto por dar, sorriso, tristeza transformada, amizade, festa, comida, partilha, frio que vira calor, pobreza que nos torna sensíveis e generosos, doçura.

dezembro’ 2012