cócegas nas pegadas da areia

Há um poema de Khalil Gibran bastante conhecido, intitulado “pegadas na areia”. No remate da história, Deus leva-nos ao colo. Tenho algumas cócegas na areia… É que vejo e experimento mais Deus a acompanhar-me no deserto do que a levar-me ao colo…

JP in Espiritualidade Frases 28 Setembro, 2020

Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 21, 28-32

Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi

Há muitos de nós, há partes de nós (…), que dizem que fazem e não fazem. Outras vezes, pelo contrário, dizemos que não fazemos e fazemos… As palavras do Evangelho, em formato parabólico, valorizam mais o fazer do que o anúncio, mais o gesto do que a palavra, mais a ação do que a intenção. De outra forma, podemos ainda apontar para evitar as justificações palavreadas, substituindo-as por um agir silencioso e coerente. Esta valorização da ação remete-nos pois, também, para o valor da contenção verbal, para o concurso de mais silêncio consolador…  

JP in Espiritualidade 26 Setembro, 2020

Inscrever-me em sonho maior…

Muitas vezes me perguntam “para quê meter Deus na equação”, pois que a Humanidade e pela Humanidade, bastaria. Compreendo o dilema, que também partilho. Mas algo me atrai, na conceção, no desafio e na vivibilidade, para me inscrever num sonho maior. Mais ainda, tal sonho, também mas não só meu, contempla toda a humanidade… e muito mais.

JP in Espiritualidade Frases 22 Setembro, 2020

super-humanidade…

Uma das tensões pessoais mais complexas é o confronto das muitas solicitações com a nossa ‘não super-humanidade’. Alguns ingredientes: saber dizer não mas aventurar-se, preservar-se mas expôr-se, descansar mas entregar-se, cuidar-se mas não se autocentrar…

 

JP in Espiritualidade Frases 14 Setembro, 2020

Não te digo sete vezes mas até setenta vezes sete

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 18, 21-35

Não te digo sete vezes mas até setenta vezes sete

A dimensão radical de perdão constitui marca cristã. Per-doar setenta vezes sete (mais do que quarenta e nove…), é perdoar infinitas vezes. Este precioso e original convite de Jesus significa, para cada um de nós, um enorme dom de liberdade, já que perdoar é ser livre. O cerne do perdão está no não ressentimento, está na oportunidade que continuamos a dar ao outro que nos ofendeu. Quem perdoa pode repreender, afastar-se ou até punir. Exteriormente, pode até ser duro ou tanger a violência, mas no coração de quem perdoa, como no de Jesus, há espaço para (re)acolher de novo quem se quiser aproximar por bem.

JP in Espiritualidade Sem categoria 12 Setembro, 2020

ciência, religião e caricaturas…

Muitas críticas à Igreja Católica, de ontem e de hoje, são lúcidas, fundamentadas e úteis. Mas há que denunciar algum olhar viciado que muitos lançam sobre a Igreja, apenas sublinhando os aspectos negativos e, por vezes, anedóticos. O mundo está cheio de aspectos anedóticos, em todos os domínios. Para provar a inconsistência de uma realidade não chega enfatizar esses aspectos. Aliás, a própria ciência poderia ser alvo desse mesmo olhar (injusto): bastaria citar os muitos artigos publicados em revistas científicas e galardoados todos os anos com o Prémio Ignobel, que coloca a nu a inconsistência, por vezes mesmo fraude e desonestidade intelectual, que vão acontecendo no domínio científico. Caricaturar pessoas e eventos da ciência, assim como da religião, não invalida o seu sentido…

JP in Ciência Espiritualidade 10 Setembro, 2020

Amarás o próximo como a ti mesmo

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Rom 13, 8-10

Amarás ao próximo como a ti mesmo

Na carta de Paulo aos Romanos escutamos uma frase omnipresente nos convites emergentes de muitos livros sagrados: “Amarás o próximo como a ti mesmo”. Como apontador, este lema é simples e concretizável mas, ao mesmo tempo, reveste-se de muitas complexidades. O estilo cristão de tomar este livre mandamento tem critérios notáveis, explícitos e implícitos noutras passagens da escritura: o meu próximo é o que está a meu lado, precisando de mim; para amar o próximo como a mim mesmo, tenho de ‘gostar de mim’ o que, numa perspetiva de fé, implica reconhecer-me (muito) amado por Deus, que só sabe amar e criar…

JP in Espiritualidade Frases 6 Setembro, 2020

Por Vós suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 62

Encontramos no Salmo uma imagem muito real de nós próprios:
“terra árida, sequiosa, sem água”. De facto o nosso coração tem uma sede eterna do eterno e esse desejo e essa carência que nos move, na fé e na vida. Quando as nossas apostas se dirigem ao provisório, ao precário, ao passageiro, a terra é regada mas logo seca com o Sol árido da própria vida. É a secura que se torna constante. Há que procurar, pois, para esta terra sedenta que somos, uma fonte, uma fonte de água viva. Para os cristãos, é Cristo esta nascente contínua, que nos rega a cada instante, que nos mata a secura, que nos torna carentes-desejantes-saciados, agora e para sempre.

JP in Espiritualidade 30 Agosto, 2020

grande dádiva

Deus não só arrisca em nós como, em certo sentido, se busca a si mesmo em nós…esta em nós… Eis a grande dádiva…

JP in Espiritualidade Frases 28 Agosto, 2020

Quem acham que Eu sou?

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 16, 13-20

Há uma pergunta muito central no cristianismo, que nos visita em espiral, sempre com aprofundamentos renovados: quem é Jesus, o Cristo, para mim? Embora a fé vivida na Igreja sublinhe o “nós necessário”, o caminho conjunto (a Igreja pode ajudar-me a que eu “me livre de mim mesmo”, concentricamente…), esta pergunta é muito pessoal e dinâmica. Para os cristãos, é uma pergunta que se vai fazendo e que vai tendo como respostas sucessivas a nossa própria vida (con)formada nessa mesma percepção (assim vivida) de Cristo em nós.

JP in Espiritualidade 22 Agosto, 2020