Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se o texto Mc 10, 2-16
«Não separe o homem o que Deus uniu»
Uma reflexão sobre o casamento e a proposta católica: o apontamento para a indissolubilidade do matrimónio religioso (um conceito de insinuação química, por sinal…) parece-me um tesouro a guardar, um convite a manter e um processo a trabalhar continuamente, também pelo valor antropológico, cristão e sociológico que contém.
Acontece que, como muitas propostas evangélicas, trata-se de algo libertador mas exigente e radical. Muitos casamentos católicos podem não ter sido devidamente entendidos e vivenciados (era bom criar as condições de acesso pleno e popular a uma eventual declaração de nulidade). Ou as possibilidades reais, de cada um, dos dois, do acumular de circunstâncias e fragilidades, podem ter-se tornado insuportáveis. Chegados a esse ponto (não inócuo, para todos), em todo o caso tentando não banalizar, vulgarizar e ‘saltitar’, importa mais, à boa maneira de Cristo, o potencial de crescimento e recomeço do que o martírio culpabilístico, legalista e excluidor. A Igreja, sinal do amor de Cristo no mundo, é convidada a ajudar a ‘fazer as malas’, avaliar criticamente, amparar, acolher e estabelecer bases (elas próprias exigentes e carentes de trabalho interior e relacional) para efetivos recomeços integrativos.