a moral…
Não aprecio o moralismo, enquanto fundamentalismo. Mas convoco positivamente a moral, entendida como o apontamento daquilo que o homem deve ser…para ser ele mesmo.
Não aprecio o moralismo, enquanto fundamentalismo. Mas convoco positivamente a moral, entendida como o apontamento daquilo que o homem deve ser…para ser ele mesmo.
Chardin sublinha assim a sua nobre missão existencial de puxar para o cristianismo a cumplicidade da fé com o tempo, o espaço, a natureza e a vida: “sermos filhos do Céu não nos impede de ser filhos da Terra”.
Usamos com frequência a expressão “tirar uma lição”, no sentido em colher para crescer. Curioso notar que lição quer dizer, grosso modo, ler. Mais um hino à leitura… e à literatura…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 4, 35-41
Até o vento e o mar Lhe obedecem
Jesus está tranquilamente com a cabeça numa almofada enquanto a tempestade assusta os homens. Acordado pelos Seus discípulos, manda parar o vento, mas aproveita para apelar, não ao facto extraordinário de acalmar a natureza, mas sim à falta de fé dos seus companheiros. Eles não entendiam ainda que bastava estar com Ele. Por vezes, ocorre-nos também o desejo de um “deus bombeiro”, que aparece quando é preciso para nos superproteger dos problemas, dos desafios da vida, das tempestades da existência. Parece que não é esse o Deus de Jesus Cristo. O mais importante, sublinha-se nesta parábola, é a fé. Naquele tempo, como hoje, mesmo experiências extraordinárias como parar o vento, não chegam para a revelação. É sempre preciso a fé dos homens… graças a Deus!
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Jb 38, 1. 8-11; Sl 106 (107), 23-24. 25-26. 28-29. 30-31
L 2 2Cor 5, 14-17
Ev Mc 4, 35-41
Halik especula uma interessante visão socio-religiosa que nos permite compreender melhor o lugar e os complexos desafios da Igreja de hoje. Ele invoca três ‘iluminismos’, cronologicamente apontados como centrados, respetivamente, na razão (século XVIII e seguintes), na sensualidade (anos 60 do século XX) e na natureza (atual século XXI). Se nos centrarmos neste tempo que vivemos, de facto, encontramos elementos como os animais, a ecologia, as minorias, a própria tecnologia, se a considerarmos como um tecido de fios que incluem a ‘natureza humana científica e tecnológica’. É bom estarmos conscientes dos iluminismos passados mas também deste terceiro iluminismo, onde a complexidade das redes sociais e da hiperdigitalização lançam agudos desafios à ação da Igreja. Face a todos os iluminismos, porém, no tutano da proposta humanista-cristã, reside o mesmo grito: colocar no centro a humanidade e, no mesmo centro, Deus, que humaniza…
O silêncio é fundamental para reconhecermos uma Presença que sempre nos habitou.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 4, 26-34
e a semente vai brotando e crescendo
As comparações que Jesus faz entre as metáforas agrícolas e o Seu reino são muito fecundas, mesmo neste tempo em que, infelizmente, muitas pessoas vivem longe da terra. A “semente vai brotando e crescendo” é uma referência não só poética mas muito certeira da nossa própria vida: a valorização do processo, o tempo e a paciência que são preci(o)sos, o fruto que nasce e se desenvolve, o crescimento que robustece, a imprevisibilidade das condições, a necessidade de cuidado, a abundância eventual da colheita, a consciência da dádiva. Está aqui tudo o que podemos ser…
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Ez 17, 22-24; Sl 91 (92), 2-3. 13-14. 15-16
L 2 2Cor 5, 6-10
Ev Mc 4, 26-34
Na política, na vida ordinária, na gestão pública, na pedagogia e até na interioridade, é a sede de poder que nos mata a liberdade. Os livres (de poder) podem dar-se ao luxo da livre liberdade de se proporem…
Deus, a existir, não é da ordem de nos retirar nada do que é humano, incluindo a dor, a incompletude e a morte. Deus, a existir, apenas acrescenta e amplia o humano. A bem dizer, possibilita o totalmente humano.
Um dogma de fé é uma Verdade de fé absoluta, inalterável e infalível. Após a proclamação, o dogma integra a doutrina católica, pelo que a comunhão com a igreja exige a aceitação dessa verdade de fé. Não pode em caso algum ser revogado por uma instituição eclesiástica, mas o modo particular como os católicos o compreendem pode ser aprofundado ao longo dos tempos e, principalmente, as expressões culturais podem exigir-nos novas formas de dizer certos dogmas. Quando se contestam dogmas de fé, de dentro e de fora da religião, existem, em muitos casos, embrulhos de grande desconhecimento e ignorância. Há uma grande responsabilidade da própria Igreja, que, em muitos casos, não ajusta a linguagem e a forma de se dizer e de se fazer entender…