tome a sua cruz todos os dias e siga-Me

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 9, 18-24

«tome a sua cruz todos os dias e siga-Me»

Tomar a nossa cruz, ao jeito cristão, tem o seu quê de rendição e, em certo sentido, de entusiasmo. O Evangelho é sistémico e, noutras passagens, esta mesma cruz pode relacionar-se com um ‘jugo leve’ e uma companhia mansa. A cruz e o seu carrego, com mais ou menos religiosidade e simbolismo, é uma evidência antropológica que se impõe além da fé. A vida não é fácil e essa é uma constatação que não carece de fé. Os que acreditam, porém, poderão ser originais na forma como carregam a sua cruz. Nessa originalidade, pela esperança numa vida vivida que vive sempre, os Cristãos tentam seguir Jesus no estilo lutador mas aceitador, frágil mas fiel.

Nota: Este texto é reutilizado/adaptado a partir de um post já publicado neste blog

DOMINGO XII DO TEMPO COMUM

L1: Zac 12, 10-11; 13,1; Sal 62 (63), 2. 3-4. 5-6. 8-9
L2: Gal 3, 26-29
Ev: Lc 9, 18-24

JP in Espiritualidade Frases 18 Junho, 2022

ciência: how e não why…

A ciência, convém referir, autoafirma-se, também, com a clarificação dos seus limites. Mais focada na funcionalidade do mundo como objeto, a ciência responde a questões do tipo how e não do tipo why

JP in Ciência 16 Junho, 2022

dificuldade e caminho…

A ideia de que a vida é fácil, muitas vezes vertida em teorias e práticas educativas, é de sacudir. Claro que também não ajuda o avesso pessimista, de que a vida é só e principalmente negro. Inspira a máxima de Simone Weil: “não é o caminho que é difícil, é o difícil que é caminho”…

JP in Educação Espiritualidade Frases 14 Junho, 2022

Ele vos guiará para a verdade plena

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 16, 12-15

«Ele vos guiará para a verdade plena»

Temos no Evangelho de hoje uma alusão à Santíssima Trindade: ” Tudo o que o Pai tem é Meu”, diz Jesus, ao mesmo tempo que refere que o “Espírito Santo nos falará de Si próprio”, deste amor inteiro entre o Pai e o Filho. Entre outras imagens ricas do Espírito Santo, como a pomba da paz ou a água do Baptismo, temos este “qualquer coisa” que transporta um amor imenso, como o que existe entre o Pai e o Seu Filho. Se falta amor em alguma das nossas relações, ouçamos o Espírito Santo que nos convida a um coração que se doa e que recebe, como acontece entre Jesus e o Seu Pai. Convém notar que a simbologia entre Pai e filho é a possível face à indizibilidade da relação plena de Deus, mas é sempre intrinsecamente incompleta e imperfeita, já que os pais e filhos que somos ou conhecemos, podendo amar-se, (ainda) não amam como Deus ama, com tão radical gratuitidade e risco amoroso…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO XI DO TEMPO COMUM

SANTÍSSIMA TRINDADE


L1: Prov 8, 22-31; Sal 8, 4-5. 6-7. 8-9
L2: Rom 5, 1-5
Ev: Jo 16, 12-15

JP in Sem categoria 12 Junho, 2022

Ciência para a frente e religião para trás…

Há um equívoco segundo o qual à medida que a ciência avança a religião recua. Tem razão de ser, embora como equívoco… Com o Renascimento e o desenvolvimento rápido das ciências físicas e matemáticas e de muitos instrumentos de observação, especialmente o telescópio, o conhecimento empírico ganhou crescente autonomia em relação à filosofia e à teologia. Galileu não teve apenas problemas com os teólogos, mas também com os filósofos. Os problemas que a filosofia aristotélica enfrentava com a nova scientia estão bem ilustrados na obra de Galileu “Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo”. Dada a estreita relação que se tinha estabelecido entre a filosofia aristotélica e a mundivisão cristã, era natural que os problemas da primeira arrastassem na sua queda a segunda. Foi a partir daqui que se estabeleceu o equívoco do recuo da religião com o avanço da ciência…

Ora, o que aconteceu desde o Renascimento não tem sido o recuo da religião provocado pelo avanço da ciência, mas sim um progressivo esclarecimento, que ainda hoje continua, da natureza da religião e da natureza da ciência. A religião não tem que ser para os crentes a fonte do conhecimento dos fenómenos naturais, do modo como funcionam as leis da natureza. Tal tarefa pertence à ciência. Por outro lado, a ideia de uma ciência que prometia um conhecimento objectivo e definitivo do universo e da vida deu lugar a uma concepção de ciência em que muito do que parecia definitivo se revela provisório. Apesar das pontes, possíveis e desejáveis, a autonomia de cada uma das áreas só pode ser benéfica, tanto para a ciência como para a religião, no sentido de levar a que se esclareça cada vez mais a natureza de cada uma delas.

JP in Espiritualidade Frases 10 Junho, 2022

ser religioso e justiça

Na explicitação da minha fé, também e porventura principalmente por certos pontos fracos meus, tenho vindo a acrescentar um devir de lutar pela justiça. O motivo maior é que sentiria como curta a minha aspiração à plena liberdade num sentido pessoal. A promoção da justiça empurra-me para o nós e torna estéril, senão mesmo impossível, a ideia de uma “salvação” pessoal… Talvez, também por isto, me inscreva como uma pessoa, além do crente, religiosa.

JP in Espiritualidade 8 Junho, 2022

preces…

A prece é uma triangulação: eu (ou nós), a realidade e Deus… mas um Deus nem marioneteiro, nem manipulável, nem surdo…

JP in Espiritualidade Frases 6 Junho, 2022

Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 103

«Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra»

Há no salmo que hoje rezamos liturgicamente um rasgo interessante no judaico-cristianismo: trata-se duma cumplicidade entre o Espírito e a terra, entre o transcendente e o imanente. Uma fusão entre o real e o sagrado. “Esticando a corda” da inspiração, com intenção deliberadamente catequética, potencialmente ajustadora de religiosidades muito etéreas, de misticismo duvidoso e desligadas da vida, seria bom colocarmo-nos na senda de escutantes do Espírito Santo que, claramente, fala na e pela realidade. Dentro e fora do fenómeno religioso, vou ficando com a ideia de que se apostam em simbolismos mais ou menos mágicos, desligados do que somos. Pelo contrário, o sopro dá-se na matéria e os sinais da sede do Espírito topam-se numa terra que comunica… Bom domingo de Pentecostes!

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO DE PENTECOSTES


L1: At 2, 1-11; Sal 103 (104), 1ab e 24ac. 29bc-30. 31 e 34
L2: 1 Cor 12, 3b-7. 12-13 ou (própria do Ano C): Rom 8, 8-17
Ev: Jo 20, 19-23 ou Jo 14, 15-16. 23a-26

JP in Sem categoria 4 Junho, 2022

professor sabichão / professor fixe

O professor de Química que saiba só química não irá longe… Imagine-se um aluno do ensino básico, seja o João. O João não percebe uma dada geometria molecular. O professor sabe muito de geometria molecular, tem modelos sofisticados e estratégias encantadoras. Mas onde irá o professor se for indiferente ao facto de, ontem, o pai do João, alcoolizado, ter batido na mãe? De que servirá a sua sabedoria química sem a apreensão social e, principalmente, sem a criatividade sensível de uma aproximação ao aluno, talvez privada, expressa, porventura, na mágica expressão: «Como te posso ajudar?»… Está claro também que, do outro lado, caricaturalmente, está o (pseudo) professor de Química, que, dominando o mundo da psicologia ou da sociologia, com elegante aproximação afetiva, não sabe da ciência que está a ensinar, não se prepara e não se forma continuamente, sendo, tão só, um professor «fixe»…

JP in Educação 2 Junho, 2022