desejo
O desejo é das mais paradoxais realidades: move, co-move e mobiliza. Ao mesmo tempo, o mesmo desejo, pode dilacerar em autêntica escravatura…
O desejo é das mais paradoxais realidades: move, co-move e mobiliza. Ao mesmo tempo, o mesmo desejo, pode dilacerar em autêntica escravatura…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 14, 25-33
«Quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo»
Poderíamos pensar que estas palavras seriam apenas ou principalmente para aqueles (religiosos) que têm voto de pobreza. A verdade é que, também noutros estados de vida religiosos, se pode e deve ser radical. Bens como casas, carros, tecnologias, etc. podem ser renunciados, isto é, não são absolutamente para possuir, mas, em vez, administrar, usar e partilhar, precisamente na medida de ser discípulo, amigo dos homens e, no prisma cristão, “amigo de Jesus”. Notar que quem tem votos de pobreza não tem a renúncia dos bens como facto consumado. A maioria dos ‘sins’ são para redizer, alimentar e afirmar quotidianamente, a vida toda…
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
L1: Sab 9, 13-19 (gr. 13-18b); Sal 89 (90), 3-4. 5-6. 12-13. 14 e 17
L2: Flm 9b-10. 12-17
Ev: Lc 14, 25-33
Sabemos que muitos pais ou professores castigam os seus filhos ou alunos proibindo-os de usar a internet. Percebe-se a preocupação: redes sociais, sítios suspeitos, jogos fúteis, tempo excessivo em frente ao computador e outras tentações, são um desafio fácil para os filhos e difícil para os educadores… Mas há que aceitar que proibir hoje alguém de usar a internet seria equivalente a proibir ontem alguém… a ler livros… Há ainda que discutir os frutos dos ditos castigos. Podem funcionar a curto prazo, mas terão frágil eficácia no futuro. É fácil adivinhar que, daqui a uns anos, tais jovens de hoje, sem a pressão e a trela dos educadores, mais livres, se dispersarão na Web, em duvidosa autonomia. Já sabemos desse difícil e desafiante mundo educativo: o crescimento pessoal estabelece-se muito mais com mudanças interiores do que com condicionamentos externos… Mas isto é teoria (educativa). O resto – e o mais importante – é criativa ação pedagógica.
Uso (e abuso) daquele diálogo imaginado, pleno de sabedoria e verdadeira responsabilidade vivente. Um (des)crente pergunta ao seu Deus, diante de uma criança que sofre: “meu Deus, esta criança a sofrer, e Tu não fazes nada?”. Responde Deus: “sim, faço-te a ti…”.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 14, 1.7-14
«Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»
Jesus utiliza os hábitos sociais do seu tempo para falar de humildade e de uma “lógica diferente”, que Ele veio anunciar. Não obstante a realidade social diferenciada que hoje vivemos, a tentação de tomar o primeiro lugar mantém-se no coração de cada um de nós. Sermos exaltados ou, numa perspectiva psico-afectiva, sermos reconhecidos ou valorizados, não só não é mau como é fundamental. O que é negativo, de facto, é forçar a visibilidade, “armar-se”, fazer as coisas mais pelos dividendos de eventual honra consequente do que por discretas e simples causas de serviço gratuito…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: Sir 3, 19-21. 30-31 (gr. 17-18.20.28-29);
Sal 67 (68), 4-5ac. 6-7ab. 10-11
L2: Hebr 12, 18-19. 22-24a
Ev: Lc 14, 1. 7-14
Não procuramos Deus para explicar as causas físicas do que acontece, mas sim para ir procurando o mistério último do significado do mundo e da vida.
Para dores da vida (que nos fazem crescer) bastam as dores que a vida tem. Não precisamos de precipitar dores de crescimento porque a realidade encarrega-se de nos proporcionar tal. Da mesma forma, analogicamente, para aborrecimentos, tensões, cenários de constrangimento e de “ter que fazer sem grande motivação”, bastam as situações imprevistas. É prudente, portanto, discernir e decidir todos os convites e solicitações. Para que se diga sim ao que é mais carregado de motivação intrínseca, sentido e, assim fecundidade (mesmo que “doa”). E para que se diga não se “cheirar a esturro”, a prisão, a peso excessivo, pura obrigação exterior ou manipulação e, assim, menos ou nada fecundo…
Em linguagem religiosa usa-se com frequência a expressão: “levar Deus aos outros”. Tem muito que se lhe diga e, na fase de vida em que me encontro, não tem grande significado, podendo até ser uma expressão perigosa. Deixo algumas perguntas: quem sou eu para me arvorar em ‘ter Deus’? Levar, mas levar “como”? Não estará já Deus em qualquer todo-outro? Não será antes “receber Deus do outro”?…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 13, 22-30
«Esforçai-vos por entrar na porta estreita»
A “porta estreita”, bem o sabemos, não é a mais fácil de passar. Certo é que a vida nos vai mostrando que o “mais fácil” (porta larga) nem sempre anda de mãos dadas com “o melhor para nós”. Da gestão dos bens materiais, a múltiplos compromissos, à relação com os outros, passando pela saúde do nosso corpo ou pela vivência da nossa sexualidade, vamos experimentando isto mesmo. O facto da “porta ser estreita”, porém, deve ser motivo de gozo e não de drama para nós próprios. Uma fasquia alta vale pelo prazer e pelos frutos de a superar e nunca pela estéril e culpabilizadora sensação de que se não consegue ultrapassar…
L1: Is 66, 18-21; Sal 116 (117), 1. 2
L2: Hebr 12, 5-7. 11-13
Ev: Lc 13, 22-30
Nem a não certeza da fé é uma desgraça pois há graça neste processo de acreditar ser precisamente… um processo…uma graça…