novidade espiritual…
Há alguns estados de vida em que nos instalamos um pouco no já tocado. Há que evitar esse sofá espiritual porque é anti-espiritual. Tudo o que é genuinamente espiritual abre-se constantemente à novidade do crescimento…
Há alguns estados de vida em que nos instalamos um pouco no já tocado. Há que evitar esse sofá espiritual porque é anti-espiritual. Tudo o que é genuinamente espiritual abre-se constantemente à novidade do crescimento…
O passado tem um potencial imóvel (não se altera) e imobilizante (pode não fazer crescer). Depende da forma como nos colocamos diante dele (passado): ou nos constitui na rica memória e nos orienta por via de processos autocríticos construtivos, ou nos destrói e distrai, por via de comparações culpabilizantes. E se o passado é imóvel não é imóvel a forma como nos colocamos diante dele. Podemos sempre mudar de perspetiva e vê-lo a ele (passado), de outro ponto de vista. O mesmo passado pode esmagar ou libertar… O passado tem que ser trabalhado e integrado, o que se faz melhor na companhia de Alguém…
Olhando-me, padeço.
Morrente me encontro
e sempre assim fui.
Sacudo a vaidade.
Fui mais eu, quando
(estando)
me retirei…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 28, 16-20
«ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»
O espírito missionário associado aos Cristãos (intrinsecamente apóstolos, porque discípulos) tem as marcas da história, nas suas luzes e nas suas sombras. Terá havido muitos ‘batismos forçados’ (ainda haverá mais vestígios do que julgamos?…). A proposta de batizar, de convidar a mergulhar no amor, carece da própria pedagogia cristã, sempre benévola, sempre conducente à liberdade. Por outro lado, a revalorização e resignificação dos batizados recentra-nos no essencial: a condição comunitária de viventes de uma Alegria que nos leva à liberdade. Permito-me uma nuance de ‘tradução forçada assumida’, consubstanciada na expressão: “ide e batizai-vos (vós mesmos) em nome…”. Quero dizer que Deus habita já de tal forma cada criatura humana, que o que vamos fazer (incluindo os ministros que servem o sacramento) é mergulharmos nós mesmos no amor de Deus… que (já e sempre) habita cada humano…
Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto
ASCENSÃO DO SENHOR – SOLENIDADE
L 1 At 1, 1-11; Sl 46 (47), 2-3. 6-7. 8-9
L 2 Ef 1, 17-23
Ev Mt 28, 16-20
Na imitação de Maria, inspiração fecunda da tradição Cristã, podemos entender-nos, também nós, como sendo “grávidos” de mundo e, assim, de Deus no mundo. Ao fazermos por ser útero vazio da realidade tal qual ela é, estamos a fazer por ser a própria alegria que exulta. A (pen?)última gravidez é a da própria morte: por isso, aceitar radicalmente, como treinado na vida, assim vivendo na própria morte, é eternizante…
A Segunda Lei da Termodinâmica, na sua interpretação simples e qualitativa, diz-nos que a entropia (medida de desordem dos sistemas) está sempre a aumentar. De alguma forma, esta lei dá-nos «a seta do tempo», o que é bem curioso, pois a ciência responde assim a uma pergunta que um filósofo tem grande dificuldade em encarar: “o que é o tempo?”. O tempo é então uma função que aumenta quando a entropia aumenta. Por outras palavras, hoje é hoje e não é ontem, porque há mais desordem no universo. E ontem era ontem e não hoje porque ontem havia mais ordem no universo…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 17, 1-11
«Pai, chegou a hora»
A experiência de Jesus, que só parcialmente podemos compreender, é marcada por uma entrega radical, um tónus de fidelidade a uma esperança amorosa sobre a existência e a unidade de tudo o que existe. Na expressão ‘Pai, chegou a hora’, está o primado da aceitação da realidade, não sem trabalho, não sem luta, não sem custo e não sem processo, no entretanto. Era bom, por esta inspiração espiritual, que cada um de nós dissesse vivendo, a cada momento que se torna dádiva e que podemos abraçar, seja ele qual for: “chegou a hora”. Chegou a hora de acolher, de contemplar, de aceitar, de gozar, de trabalhar, de agir, de amar cada momento…
L 1 At 8, 5-8. 14-17; Sl 65 (66), 1-3a. 4-5. 6-7a. 16 e 20
ou At 1, 12-14; Sl 26 (27), 1. 4. 7-8a
L 2 1Pd 3, 15-18
Ev Jo 14, 15-21 ou Jo 17, 1-11a
Sem ter feito nada por isso, por circunstâncias familiares de certa constelação, tive o privilégio de conviver, com alguma regularidade, com a irmã Lúcia. Nunca vi, (nunca) senti nem (nunca) toquei nada que me soasse a contranatura ou contraciência. Foi sempre a sua radical simplicidade e humanidade, pelo contrário, que me impressionou. Retenho como inspiradora essa inteireza e como inspirador esse milagre.
ler mais em
Fátima e Ciência (Brotéria Maio Jun 2017) (1)
J. C. Paiva, «Fátima e a ciência». Brotéria, 184, 706-720, 2017
Ray Kurzweil define singularidade como: «um período futuro durante o qual o ritmo da mudança tecnológica será tão rápido e o seu impacto tão profundo, que a vida humana será irreversivelmente transformada. Embora não seja nem utópica nem distópica, esta época transformará os conceitos nos quais nos baseamos hoje para dar sentido às nossas vidas, desde os nossos modelos de negócios ao ciclo da vida humana, incluindo a própria morte. A compreensão da singularidade alterará a nossa perspectiva sobre o significado do nosso passado e os desenvolvimentos do nosso futuro. A sua verdadeira compreensão mudará necessariamente a nossa perspectiva da vida em geral e da vida de cada um em particular». O autor afirma-se não completamente confortável com esta ideia, mas foi levado a ela pela verificação de que o ritmo de desenvolvimento tecnológico está a acelerar exponencialmente, de tal modo que não há outra perspectiva possível: a evolução tecnológica acabará por superar e substituir a evolução biológica. O desenvolvimento exponencial das capacidades dos computadores acabará por dar origem a máquinas ultra-inteligentes que ultrapassarão a inteligência humana. Perante isto, tão fascinante quanto quase assustador, teima a pergunta ética: o que será melhor para o Homem?
Somos todos esquisitos, aqui no mau sentido: cheios de manias e bloqueios, face ao que gostamos e não gostamos, queremos e não queremos, desejamos e não desejamos. O que nos pode salvar é não querermos permanecer assim…