reconheço-te…
Reconheço-me e reconheço-te, não por aquilo que faço ou fazes mas por aquilo que somos: liberdade garantida…
Reconheço-me e reconheço-te, não por aquilo que faço ou fazes mas por aquilo que somos: liberdade garantida…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 1, 1-18
«Aquele que é a Palavra fez-se homem e veio morar no meio de nós, cheio de amor e de verdade»
Celebramos o Natal e as escrituras empurram-nos, no melhor dos sentidos, para a festa, para a família, para o acolhimento e para a alegria. O Natal talvez nos possa inspirar para encarar o tempo que vem com mais otimismo, fazendo toda a nossa parte no entusiasmo pela vida e na responsabilidade pela justiça e pela solidariedade.
Um olhar alegre e benigno sobre si próprio e sobre cada outro poderá ajudar.
A religião, como desafio “religante” das questões “quem sou eu?” e “quem é Deus?”, ganhará com o recentramento no nascimento que celebramos.
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
Missa da noite
L1: Is 9, 1-6; Sal 95 (96), 1-2a. 2b-3. 11-12. 13
L2: Tito 2, 11-14
Ev: Lc 2, 1-14
+ Missa do dia
L1: Is 52, 7-10; Sal 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4. 5-6
L2: Hebr 1, 1-6
Ev: Jo 1, 1-18 ou Jo 1, 1-5. 9-14
O AMOR MOVE…
O Amor faz mover
passos gigantes.
Move rios
move mares
move as gaivotas nos ares.
O Amor constrói cidades
move o Sol
e as tempestades
move castelos no ar.
Ai o que move o amor!
Move até uma flor
quieta no seu lugar.
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
acessível aqui
Talvez escolhesse para definição de humildade, essa virtuosa mas difícil meta, a seguinte: ser o que se é, aberto à novidade, assumindo limites…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 1, 18-24
«Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “A virgem ficara grávida e dará a luz um filho que se há-de chamar Emanuel»
Em vésperas de Natal, A leitura do Evangelho fala-nos do sublinhado da encarnação. Com a respetiva herança judaica (“tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta”), queremos festejar o extraordinário de um Deus que se faz Homem, cerne do cristianismo. A teologia e a dogmática da virgindade de Maria é bastante dinâmica e está sempre afetada pela tensão entre a fisicalidade e a simbolocidade dos acontecimentos. Para a vida de que cada um de nós e de todos, importará significar este Deus que quis e quer estar na humanidade de criou e cria. É coisa de tal forma ímpar e original, este querer estar connosco, que o seu nome é e será, precisamente, Emanuel (Deus connosco).
L1: Is 7, 10-14; Sal 23 (24), 1-2. 3-4ab. 5-6
L2: Rom 1, 1-7
Ev: Mt 1, 18-24
A procura de eternidade é mesmo muito antiga. No século VIII antes de cristo, na China Antiga, a procura do ouro tinha esse fito do metal inalterável, da materialização do eterno. Muitos elixires (enxofre, arsénio e mercúrio), já nessa altura, inspiraram feiticeiros. Esse agarrar na palma da mão a imortalidade pode ter custado a vida (por envenenamento) a inúmeros imperadores… Já naquele tempo, agarrar (deuses ou dinheiros) viria a ser uma perdição…
Foi sempre das pequenas e frágeis coisas (pedaços de pão e peixe, sementes de mostarda, grãos de trigo, esterilidades…) que se fez, na senda bíblica, o Reino de Deus. Inspirador para quem, como eu, tem muito a crescer no profundo acolhimento da sua pequenez e da fragilidade do mundo…
Sou honestamente compreensivo face aos meus amigos em retirada das “coisas de Deus”. Eu próprio partilho o dilema, mais ou menos traumático, de propostas religiosas com muito ruído. Mas invoco o insuspeito Nietzsche que, perdoe-se-me o salto, coloco em confronto com palavras do Evangelho. Escreveu Nietzsche: “o desaparecimento de uma ilusão não proporciona necessariamente uma verdade”. Dizia o apóstolo Pedro, a propósito das complexidades de seguir o Mestre: “para onde iremos, Senhor, se só Tu tens palavras de vida eternal?”
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 145
Louvarei o Senhor toda a minha vida
Louvar é bem dizer e pode ser um bom respiro. Fixemo-nos na expressão final do verso do salmo, isto é: “toda a minha vida”. A sociedade (não só hoje mas desde sempre), como a própria contingência do homem, é muito virada para o provisório. A nossa felicidade, por outro lado, tem muito a ver com uma certa esperança e confiança no futuro. Sem deixar escapar o presente (antes potenciando o “já”), vale a pena viver, se a nossa vida for uma vida com futuro! Louvar o Senhor, hoje, é bom. Melhor ainda, expressão de fidelidade libertadora, é louvar o Senhor, hoje, querendo também louvá-Lo “toda a minha vida”. Ser feliz, não só pelas (tantas) coisas boas que tenho hoje, materiais e espirituais, mas, principalmente, porque a fé me dá a graça de saber que serei feliz amanhã, aconteça o que acontecer…Esta confiança no futuro alimenta uma espera saudável…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado anteriormente, neste blog
L1: Is 35, 1-6a. 10; Sal 145 (146), 7. 8-9a. 9bc-10
L2: Tg 5, 7-10
Ev: Mt 11, 2-11
Sou prudente no amparo da expressão, muito usada em contexto religioso, “escutar Deus” (pode derivar para “Deus disse-me”). No seu impulso metafórico, emprestando atenção, silêncio, cuidado aos sinais e inteireza, a expressão tem sentido e pode ser vivida como real. Mas já me deparei com a convocatória desta expressão para as mais infantis incorporações: mandatórias, excessivamente explícitas, e, principalmente, desresponsabilizantes…