diamante e grafite

Sempre me fascinou a grafite (usada nos lápis de escrever) e o diamante. Para compreender melhor a dureza do diamante, a química ajuda: as fortes ligações entre os átomos de carbono, numa malha tridimensional coesa, justificam a rigidez deste material. Por isso, o diamante corta tudo ou quase tudo. Já a grafite, mais quebradiça, é constituída por camadas de átomos de carbono fracamente ligadas entre si, deslizando umas sobre as outras. O fascinante destes dois materiais, grafite e diamante, é que são ambos constituídos por carbono e só carbono. As mesmas unidades estruturais, arrumadas diferentemente, dão origem a materiais tão diferentes…

JP in Química 16 Janeiro, 2023

eis o Cordeiro de Deus

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 1, 2934

«eis o Cordeiro de Deus»

A expressão “eis o cordeiro de Deus” é atribuída a João Batista, o dizente de Jesus. Os Judeus tinham o hábito de matar um cordeiro como expressão sacrificial a Deus. Jesus como cordeiro, convoca continuamente as raízes judaicas mas apresenta algumas descontinuidades relevantes: não precisamos mais de sacrifícios de animais para agradar a Deus (o próprio Cristo simboliza essa entrega) e o sacrifício que importa para Deus é o amor que a vida de Jesus testemunha. “Cordeiro de Deus” é uma frase frequente na eucaristia e aponta para celebrar a mais nobre e inspiradora entrega, aquela de morrer por amor. Em semana de particular intensidade para a unidade dos Cristãos, une-nos esta essencialidade à volta da entrega de Cristo, que nos pode tornar precisamente seguidores de Cristo, precisamente cristãos…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

JP in Sem categoria 14 Janeiro, 2023

Princípio e fundamento – pessoal mas inspirado…

Os humanos – e eu próprio, bem entendido – estão a ser criados pelo amor de Deus, que só sabe amar e criar. Existimos para reconhecer esse amor criador e, assim, dar sentido à nossa vida. O mais que foi e está a ser criado nos pode ajudar neste reconhecimento amoroso. Há que viver optando, rejeitando o que nos impede de amar e escolhendo o que nos leva ao amor. Podemos voar e pousar, pois, para além das circunstâncias: “correr bem” ou “correr mal” não depende dos acontecimentos, do nosso estado de saúde, do nosso dinheiro ou do nosso estatuto. “Correr bem”, ter uma vida boa, é tirar proveito e crescer no encalço de um bem comum. Viver intensamente é procurar e trabalhar de modo a apenas desejar, buscar e escolher aquilo que nos conduz ao reconhecimento amoroso de Deus e, assim, co-realizar o sonho do amoroso criador.

PS: Sim, é quase escandalosa esta proposta para quem não tem pão para comer. Mas este caminho, na sua prossecução, implica, precisamente, a procura de uma partilha radical e a tensão de um sentido de justiça, que levará a saciar essa fome… para que, livremente (sem fome de pão) todos possam escolher viver reconhecidamente… (um outro pão…).

JP in Sem categoria 12 Janeiro, 2023

Gozar antes de compreender…

Ter fé está muito para além de acreditar na existência de Deus. Uma criança que está ao colo da sua Mãe não questiona a sua existência, antes goza o acolhimento maternal. A fé tem algo de semelhante: muitas vezes, o «colo de Deus» vem antes da «confirmação» da Sua própria existência…

JP in Espiritualidade Frases 10 Janeiro, 2023

regressaram à sua terra por outro caminho

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 2, 1-12
«regressaram à sua terra por outro caminho»

Em celebração de “dia de Reis”, já depois do Natal, há vestígios ainda de “conversão”, no melhor sentido dos termos, isto é, como mudança de vida. O simbolismo dos Reis Magos terem “regressado por outro caminho” é forte: significa que aquele encontro especial (com um sentido, com O sentido…) os fez mudar trajetórias. Talvez uma das maiores riquezas da ritualização espiritual seja o radical e sistemático convite à novidade, ao confronto, à mudança de trajetória, ao “regresso por outro caminho”. Na imagem e no âmago da Igreja, nem sempre vislumbramos este espírito de mudança… Era bom cultivarmos interiormente a disponibilidade de nos tocarmos, de nos co-movermos, quando visitamos alguém, quando ensaiamos novos cenários, quando nos entregamos a novos encontros. E, diante dessas novidades, das novidades da vida, alvitrar outros regressos…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

JP in Sem categoria 8 Janeiro, 2023

salvação, ontem e amanhã

A ‘salvação’ (sentido mais-que-religioso…) é saber estar em processo. O amanhã e o ontem andam-nos sempre a distrair…

JP in Frases 6 Janeiro, 2023

Isto e aquilo…

Thomas Halik, em a “A noite do confessor” diz-nos que a fé é paradoxal e intrinsecamente dialética e escrita em chave de síntese: nem o iluminismo racional nem romantismo redondo. Não se trata de isto ou aquilo, mas do paradoxal ‘isto e aquilo’…

JP in Espiritualidade 4 Janeiro, 2023

Bento XVI

Morreu o papa Bento XVI e paz a sua alma. Sou fortemente marcado por Joseph Ratzinger, mas mais no especto intelectual – nada desprezível – do que na frente pastoral. Registo a sua timidez germânica quase não emocional, mas ao que parece apenas publicamente, já que há quem testemunhe que na intimidade, seria pessoa muito expressiva afetivamente. Ratzinger foi revolucionaríssimo no final dos anos 60. A sua obra de leitura obrigatória, ‘introdução ao cristianismo’ diz muito do que é ser cristão. A sua analogia do teólogo cristão como o palhaço de um circo arder, que não consegue mobilizar o povo, é para mim certeira, na própria Igreja dos nossos dias. A encíclica caritas in veritate, já como Papa, é também um documento notável, que me inspira ainda hoje. Reconheço que Ratzinger era mais visionário como jovem teólogo do que depois como Papa. Vestido de branco, não conseguiu sacudir-se das redes pantanosas do Vaticano, aqui e ali com nós dados por ele mesmo, enquanto esteve à frente da Congregação para a Doutrina da fé, onde fechou mais do que abriu.  Mas a sua atitude radicalmente profética, que ficará na história, foi a de ter abdicado do papado, num gesto humilde sem precedentes que, creio, fará escola repetida no futuro dos papas. Ratzinguer foi muito ativo no concílio Vaticano Segundo e em vários momentos contribuiu para a horizontalidade eclesial. Foi também coerente e ativo nos gestos inter-religiosos. A sua rasgada inteligência e a procura límpida de juntar fé e razão, são um legado enorme aos cristãos e à humanidade. Agradeço-lhe.

Texto usado no programa de rádio da TSF “que mundo, meu deus”.

www.tsf.pt/programa/que-mundo-meu-deus.html

JP in Sem categoria 2 Janeiro, 2023

balanços…

Em final de “coisas”, como em finais de ano, tendemos a balanços. Como foi este meu ano. Como posso melhorar? Que propósitos para o ano seguinte? Sou daqueles que entendo que todas estas perguntas devem ser feitas na cama da confiança, puxando sempre do lençol do agradecimento e com a almofada daquilo que de bom e bem vou fazendo…

JP in Frases 30 Dezembro, 2022

poder e serviço

O sentido possível do PODER, em cada um de nós, nas relações pedagógicas, em instituições como a Igreja ou o estado, só pode ser um: “poder para servir”. Todo o poder que não for para servir é desprezível.

JP in Frases 28 Dezembro, 2022