teimosia complexa da realidade
O cientista, em certo sentido, faz o esforço de reduzir a complexidade. Trata-se de uma relação de quase patologia com a realidade, porque essa é teimosamente complexa…
O cientista, em certo sentido, faz o esforço de reduzir a complexidade. Trata-se de uma relação de quase patologia com a realidade, porque essa é teimosamente complexa…
Apontaria assim a resignificação dos ‘pedidos de bênção’, tão usados em expediente religioso quando se inauguram espaços ou outras realidades: “ajuda-nos, Senhor, a reconhecer a bênção que já habita esta realidade, que está a ser criada, amada e desenvolvida, num amoroso texto de fios que integra a Tua graça e as nossas mãos”.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 14, 22-33
Jesus convida os discípulos – nós mesmos – a mover-nos para a outra margem. É uma linguagem simbólica relevante apontando, em certo sentido, que chegar e parar é sempre curto na fé. Somos feito de caminho de uma constante procura. Este convite de desinstalação é feito depois do milagre da multiplicação dos pães, evento em si mesmo com potencial equívoco: Jesus desejava plasmar a força e a abundância da partilha mas tal milagre, mal colhido, é a entrega à magia que não responsabiliza, como se houvesse fraternidade sem partilha humana de vida e de bens. Ir para a outra margem é viver, é, mesmo parando, caminhar. O nosso lugar é o da passagem, sempre para a outra margem…
DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM
L 1 1Rs 19, 9a. 11-13a; Sl 84 (85), 9ab-10. 11-12. 13-14
L 2 Rm 9, 1-5
Ev Mt 14, 22-33
Alguns argumentos apontam certa tradição bíblica para ‘esmifrar’ a terra em proveito sem limites do Homem. Diz-nos o salmista: «Fizeste dele quase um ser divino, de honra e glória o coroaste; deste-lhe poder sobre a obra das vossas mãos.» Há, sem dúvida, um desígnio especial para o homem para usufruir do planeta, que perpassa ao longo da Bíblia. Contudo, em nenhuma das vezes em que é reiterado se lê que o homem tenha herdado a Terra para nela exercer o seu poder de forma despótica ou para a submeter à sua vontade. Antes pelo contrário, a responsabilidade que recai sobre o homem, como imagem de Deus, implica sobretudo uma admiração incessante, se quisermos, pela Sua obra, à semelhança de São Francisco de Assis. Tratar da Terra e, principalmente, partilhar os seus recursos por todos os humanos, é um filão, também, judaico-cristão.
Há uma essência, há uma dádiva e uma vida que corre… mas às vezes distraímo-nos, em fazedismos e amuos…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 17, 1-9
«o Seu rosto ficou resplandecente como o Sol»
A transfiguração de Jesus revela com clareza a filiação de Jesus. Em chave de leitura de fé, esta cena aponta-nos o Filho de Deus. Implícito, está igualmente o convite aos que, olhando Jesus, se deixam transfigurar a eles próprios. É este também o desafio que se coloca a cada um de nós: transfigurarmo-nos, reconhecermo-nos sempre buscados e vivermos como Filhos de Deus, assemelhando-nos a Ele, nesse reconhecimento e nessa forma de viver. No limite, fruto da alegria brotante de uma vida transfigurada, o nosso rosto poderá ser “resplandecente como o Sol”. Também neste cenário evangélico se pode ir entendendo – e principalmente vivendo – a sugestão impactante da fé como uma luz na escuridão.
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
Transfiguração do Senhor – FESTA
L 1 Dn 7, 9-10. 13-14; Sl 96 (97), 1-2. 5-6. 9 e 12
L 2 2Pd 1, 16-19
Ev Mt 17, 1-9
Há uma quase luta entre as receções que somos convidados a colher e a viver e certo legítimo abatimento por aquilo que vai faltar ou já falta. A fé é a arte de viver que nos vai treinando para valorizar mais a confiança dos primeiros impulsos de esperança do que a desconfiança face aquilo que ainda não é…
Admito que nos tempos que correm, além da óbvia e inegociável competência científica, o que mais é pedido ao professor é a criatividade. Mas a criatividade só consegue brotar se se vencer o derrotismo e o desânimo que muita da complexidade escolar gera nos docentes. Talvez, abaixo ainda da criatividade, more a virtude da paciência…
Devemos a Inácio o convite a um mergulho sincero nas nossa moções interiores. Sem bipolarismo forçado, Inácio imaginou e viveu duas escolhas honestas interiores (centrado em mim / centrado em Cristo), tendo EXPERIMENTADO mais liberdade e sentido na segunda, que então buscou. Parece simples…
Há um traço curioso e quase paradoxal na espiritualidade inaciana e, assim, na Companhia de Jesus: está-lhe associado um trajeto histórico e uma presença sólida na cultura, bastante “musculada”. Mas intuo que isso não se faz à custa de rigidez, mas antes de flexibilidade, intuição, rasgo, discernimento, convicção e plasticidade…