há sempre pequenos heroísmos dentro de nós…
É bom nunca esquecer a nossa radical fragilidade. Mas há algumas graças prévias que nos embalam, por vezes, em coragens quase heróicas e que, sem abolir essa fragilidade, nos estruturam…
É bom nunca esquecer a nossa radical fragilidade. Mas há algumas graças prévias que nos embalam, por vezes, em coragens quase heróicas e que, sem abolir essa fragilidade, nos estruturam…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 20, 1-16
Os últimos serão os primeiros
Lemos do Evangelho de Mateus a célebre parábola do “trabalhador da última hora”, um dos mais desconcertantes ensinamentos de Jesus. A lógica de Deus, de facto, não é a nossa. A contabilidade do amor não é produtivista. É excessiva! A Deus importa o encontro de cada um consigo próprio e com o Criador. Ter inveja de quem recebe o mesmo, apesar de chegar mais tarde, é fazer contas mesquinhas. Há também um certo tom de aviso nesta passagem, principalmente para as pessoas religiosas: não há estatutos adquiridos de validade superior… dito de outra forma, para entender apenas neste contexto: ninguém merece mais do que ninguém…
NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.
L 1 Is 55, 6-9; Sl 144 (145), 2-3. 8-9. 17-18
L 2 Flp 1, 20c-24. 27a
Ev Mt 20, 1-16a
Cheio ou vazio,
É a dádiva
que me sustém…
A hermenêutica rabínica dizia que face a uma leitura da bíblia existiam outras 49, que por sua vez é 7 x 7, que, por sua vez, na metáfora simbólica, é infinitas vezes…
Peter Senge invoca o “Pensamento Sistémico” como uma das grandes disciplinas da escola. O pensamento sistémico diz respeito a algo importante, bastante coerente com os modelos sociais, científicos, tecnológicos e informacionais contemporâneos. Uma visão de conjunto é fundamental, já que, tal como acontece com um cobertor pequeno de uma cama, «mexer aqui» tem implicações «acolá» e toda a acção deve ter um saber sistémico na sua base. Senge, partindo desta urgência social e económica, invoca que também a escola se deve preparar para ajudar alunos e professores a apreenderem estas novas disciplinas.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 18, 21-35
Não te digo sete vezes mas até setenta vezes sete
A dimensão radical de perdão constitui marca cristã. Per-doar setenta vezes sete (mais do que quarenta e nove…), é perdoar infinitas vezes. Este precioso e original convite de Jesus significa, para cada um de nós, um enorme dom de liberdade, já que perdoar é ser livre. O cerne do perdão está no não ressentimento, está na oportunidade que continuamos a dar ao outro que nos ofendeu. Quem perdoa pode repreender, afastar-se ou até punir. Exteriormente, pode até ser duro ou tanger a violência, mas no coração de quem perdoa, como no de Jesus, há espaço para (re)acolher de novo quem se quiser aproximar por bem.
NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.
L 1 Sir 27, 33 – 28, 9; Sl 102 (103), 1-2. 3-4. 9-10. 11-12
L 2 Rm 14, 7-8
Ev Mt 18, 21-35
Diante de dilemas e tensões por causa da abertura da Igreja, nada melhor que invocar o caminho conciliar (já com dezenas de anos…) que nos coloca no sítio certo: a Verdade subsiste no seio da Igreja mas esta nunca esgota o mistério de Deus. Está aqui, doutrinalmente, a porta da abertura escancarada…
Ao jeito da chamada “teologia negativa”, pode ajudar-nos a tatear o amor, elaborar, pensar e rezar “o que não é o amor”.
Às vezes não é óbvio mas muitos de nós não amamos julgando amar. Por exemplo:
a) uma Mãe diz amar um filho mas manipula, não acolhe e, com palavras e gestos, não aceita nem valida radicalmente a descendência…
b) um namorado diz com palavras que ama a sua amada mas, na prática, estabelece condições (se não fizeres isto, então…);
c) um Pai diz querer o melhor para os seus filhos e amá-los (pseudo)gratuitamente. Mas, na primeira curva, cobra e expressa a sua não gratuitidade (“tanta coisa que fiz por ti e agora…”), etc.
O que não é o amor? Manipular? Possuir? (pode completar-se com mais verbos…).
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 94
«se hoje ouvirdes a voz do Senhor não fecheis os vossos corações»
O pecado (o ‘tiro’ menos certeiro) inqiueta-nos. O afastamento do amor não nos traz paz ao coração. As palavras do salmo apelam à abertura dos nossos corações, ao rasgar de espaços interiores para ao amor de Deus. Santo Agostinho exprime de forma belíssima o confronto entre a sede de infinito e a abertura a Deus. Diz ele: “Tu, Deus, fizeste o meu coração para Ti e o meu coração não terá paz se não repousar em ti”. Confrontados com os nossos limites, com os limites dos outros, com os limites do mundo, valerá a pena repousar a nossa inquietude em Deus…
NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.
L 1 Ez 33, 7-9; Sl 94 (95), 1-2. 6-7. 8-9
L 2 Rm 13, 8-10
Ev Mt 18, 15-20
O segredo pode ser muito matreiro. Podemos até ser prudentes na receção de um segredo de alguém… Hoje, como não fazia outrora, penso duas vezes antes de guardar um segredo que alguém me lance, principalmente se não confiar agudamente nessa pessoa. O segredo, normalmente com algum poder destrutivo, pode tornar-se numa prisão… Sendo mais concreto: quando te disserem “tenho uma coisa para te dizer mas não comentes com ninguém”, ponderar bem se não seria de responder “grato, mas não desejo saber tal informação” …