…e não sou eu…

É inspiradora a máxima de não sei quem, que nos afasta do autocentrismo: “Existe Deus… e não sou eu…”

Há uma anedota simplória que corrobora: “certo dia no Céu alguém andava a descobrir quem seria Deus no meio de toda aquela panóplia de gente. Às tantas, jogando às cartas, descobriu. Levantou-se o parceiro de jogo e disse “então até amanhã, se eu quiser”…

JP in Sem categoria 28 Agosto, 2023

Quem acham que eu sou?

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 16, 13-20

Há uma pergunta muito central no cristianismo, que nos visita em espiral, sempre com aprofundamentos renovados: quem é Jesus, o Cristo, para mim? Embora a fé vivida na Igreja sublinhe o “nós necessário”, o caminho conjunto (a Igreja pode ajudar-me a que eu “me livre de mim mesmo”, concentricamente…), esta pergunta é muito pessoal e dinâmica. Para os cristãos, é uma pergunta que se vai fazendo e que vai tendo como respostas sucessivas a nossa própria vida (con)formada nessa mesma percepção (assim vivida) de Cristo em nós.

NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.

DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM


L 1 Is 22, 19-23; Sl 137 (138), 1-2a. 2bc-3. 6 e 8bc
L 2 Rm 11, 33-36
Ev Mt 16, 13-20

JP in Sem categoria 26 Agosto, 2023

circunstância…

Somo seres “em circunstância”. Uma certa rendição às circunstâncias gera liberdade interior. Mas o que acontece muitas vezes é uma imersão cega nas circunstâncias. Acolher a circunstância, portanto, liberta. Mas ser refém da circunstância, sem visão de saída nem coragem para a mudança, oprime…

JP in Sem categoria 24 Agosto, 2023

Eros sou

De eros
me sou feito.
Aqui o excesso
é sempre excesso.
A falta
é sempre falta, também…
Embora incerto,
só estou certo,
com ou sem
(in)satisfeito eros,
que a entrega é um bem.

JP in Sem categoria 22 Agosto, 2023

Mulher, é grande a tua fé

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 15, 21-28

A mulher a quem Jesus dirige as palavras «é grande a tua fé: faça-se como desejas», é uma mulher gentia, exterior ao povo judeu. Depois de insistir para que Jesus a visse e atendesse, ela vê confirmada a sua aposta no Mestre e é atendida pela Sua misericórdia. Se dúvidas houvesse sobre a porosidade dos que podem aceder a Jesus, este texto do Evangelho recoloca-nos na radical abertura. Fora da esfera formal e institucional da Igreja, como sabemos e vemos, há muita fé! Esta passagem pode ajudar-nos a abrir horizontes e vistas, reprimindo qualquer fundamentalismo e fechamento religioso. É muito saudável perceber que pode haver salvação (fé, verdade, vida, felicidade, encontro…), fora da tradição de qualquer religião. Dito de outra forma: toda a fé, toda a verdade e toda a vida autêntica, com ou sem rótulo, coerente com o amor, é de Deus. Pode, aí nesse lugar, ser muito grande a fé…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO XX DO TEMPO COMUM


L 1 Is 56, 1. 6-7; Sl 66 (67), 2-3. 5. 6 e 8
L 2 Rm 11, 13-15. 29-32
Ev Mt 15, 21-28

JP in Sem categoria 20 Agosto, 2023

beleza, bondade e verdade

A tradição aponta os chamados três transcendentais que, a bem dizer, dão síntese à possibilidade de balbuciar Deus: beleza, bondade e verdade.

JP in Sem categoria 18 Agosto, 2023

teimosia complexa da realidade

O cientista, em certo sentido, faz o esforço de reduzir a complexidade. Trata-se de uma relação de quase patologia com a realidade, porque essa é teimosamente complexa…

JP in Sem categoria 16 Agosto, 2023

pedindo a benção…

Apontaria assim a resignificação dos ‘pedidos de bênção’, tão usados em expediente religioso quando se inauguram espaços ou outras realidades: “ajuda-nos, Senhor, a reconhecer a bênção que já habita esta realidade, que está a ser criada, amada e desenvolvida, num amoroso texto de fios que integra a Tua graça e as nossas mãos”.

JP in Sem categoria 14 Agosto, 2023

Para a outra margem…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 14, 22-33

Jesus convida os discípulos – nós mesmos – a mover-nos para a outra margem. É uma linguagem simbólica relevante apontando, em certo sentido, que chegar e parar é sempre curto na fé. Somos feito de caminho de uma constante procura. Este convite de desinstalação é feito depois do milagre da multiplicação dos pães, evento em si mesmo com potencial equívoco: Jesus desejava plasmar a força e a abundância da partilha mas tal milagre, mal colhido, é a entrega à magia que não responsabiliza, como se houvesse fraternidade sem partilha humana de vida e de bens. Ir para a outra margem é viver, é, mesmo parando, caminhar. O nosso lugar é o da passagem, sempre para a outra margem…

DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM

DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM

L 1 1Rs 19, 9a. 11-13a; Sl 84 (85), 9ab-10. 11-12. 13-14
L 2 Rm 9, 1-5
Ev Mt 14, 22-33

JP in Sem categoria 12 Agosto, 2023

tratar do planeta e judaico-cristianismo

Alguns argumentos apontam certa tradição bíblica para ‘esmifrar’ a terra em proveito sem limites do Homem. Diz-nos o salmista: «Fizeste dele quase um ser divino, de honra e glória o coroaste; deste-lhe poder sobre a obra das vossas mãos.» Há, sem dúvida, um desígnio especial para o homem para usufruir do planeta, que perpassa ao longo da Bíblia. Contudo, em nenhuma das vezes em que é reiterado se lê que o homem tenha herdado a Terra para nela exercer o seu poder de forma despótica ou para a submeter à sua vontade. Antes pelo contrário, a responsabilidade que recai sobre o homem, como imagem de Deus, implica sobretudo uma admiração incessante, se quisermos, pela Sua obra, à semelhança de São Francisco de Assis. Tratar da Terra e, principalmente, partilhar os seus recursos por todos os humanos, é um filão, também, judaico-cristão.

JP in Sem categoria 10 Agosto, 2023