Comboio da CP
COMBOIO DA CP
Num comboio sujo
da CP
não fujo
do que se vê.
Antes tento
contemplar
neste assento
por lavar.
Um magala
mal criado.
Um emigrante
exaltado.
Um idoso
orgulhoso
do desconto.
Uma criança
que cansa
de ser chata.
Mas dos
bancos
vêem-se
campos.
Seria mesmo uma pena
se no meio de tantas cores
não visse em cada cena
uma só daquelas flores.
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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