ser professor(a) é uma missão
Emprego a palavra «missão» aqui com particular acutilância. Trata-se da empreitada de ser construtor de um mundo melhor, só atingível através da entrega apaixonada, empática e voluntariosa, quase ao jeito sacerdotal de outras missões. Não colhi nos livros esta convicção, apesar dos textos que conheço sobre a problemática da qualificação associada ao desenvolvimento. Radica antes na experiência sensível, que associo a trabalhos de solidariedade social onde me vi envolvido com famílias degradadas, jovens toxicodependentes ou crianças delinquentes. Depois de largas horas empregues a recuperar a casa, outras infra-estruturas e alguma dignidade a pessoas carenciadas a vários níveis, regressei à minha vida anterior. Foi curioso ver o resultado do «lustro» puxado a essas pessoas. Mas, muitas vezes, voltei mais tarde e vi… muitas coisas na mesma. Não fora tempo desperdiçado; algo ficara, porque muito não se vê, mas havia em mim um vazio que, ironicamente, me mostrava a importância da escola: a raiz mais óbvia daquelas fragilidades era, precisamente, a baixa educação. O caminho deveria ser, em absoluto, esta «missão»: mais e melhor educação.