As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Ef 5, 15-20
As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor
Da carta aos efésios podemos destacar aquilo que tipicamente retemos nos ouvidos, mais pela negativa do que pela positiva, convenhamos: “As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor”. São razoavelmente conhecidas as atenuantes hermenêuticas desta passagem: 1) a imersão histórica num período outro, onde a realidade (da mulher) era o que era; 2) a colocação em contexto, que refere em paralelo, adiante na mesma carta, o convite a que os maridos amem as esposas; 3) uma revisitação semântica da palavra submissão que, “esticada”, possa ter algo a ver com o amor. Tudo muito bem mas… As coisas ficam no ouvido (e na alma, e na civilização, e nas feridas…). Não seria arriscado afirmar que esta frase, numa mistura explosiva de embrulho religioso e silenciamento, terá animado muita violência doméstica, que ainda hoje afeta e infecta a vida de tantas mulheres. Uma hermenêutica de maior rasgo e realismo, portanto, incluindo até uma certa contra modelagem semântica, pode levar-nos ao âmago do Evangelho: o convite à liberdade interior de toda a humanidade e, portanto, sem exceção nem submissão a todas as mulheres da Terra. Mais ainda, tal proposta de liberdade, pode (e deve) incluir ruturas, em caso de linhas vermelhas como a violência física.
DOMINGO XX DO TEMPO COMUM
L 1 Pr 9, 1-6; Sl 33 (34), 2-3. 10-11. 12-13. 14-15
L 2 Ef 5, 15-20
Ev Jo 6, 51-58