ainda Jornada Mundia da Juventude

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Ainda a propósito da JMJ elaborei uns dizeres na publicação abaixo*.

“Sou daqueles que não ferve de entusiasmo por grandes eventos, com grandes multidões. Por
isso mesmo, acompanhado das mesmas limitações que me autocoibem de ir a jogos de futebol,
grandes espetáculos musicais ou feiras, acompanhei de casa e a distância a Jornada Mundiais da
Juventude. Para mim, valeu assim. Sei até que, sem corresponder à experiência indizível de quem
esteve em Lisboa, fruí de algumas vantagens na perceção das mensagens e na captura detalhada de algumas performances.
(…)

O evento superou o programa e também as minhas expectativas. Esteve bem quem organizou, esteve bem quem colheu e, claro está, deu luz muito expressiva o Papa Francisco. Os discursos do Papa e os gestos de simplicidade foram de uma Igreja em saída. Mas também as celebrações, as danças, a estética global. A Igreja, porque se abriu e foi o que é chamada a ser, falou para fora e foi reconhecida pelos mais variados quadrantes como uma casa porosa, capaz de congregar para a paz, para a humanidade, para a essência das coisas.
‘Chamando os bois pelos nomes’, para dentro e para fora da barca que somos, Francisco soube
apontar enganos, recentrar a vida e apresentar sinais de muita esperança. Poderemos elencar os
highlights muito fortes do Papa, que valem por si e apresentam futuro: a Igreja de todos, todos, todos, o olhar para baixo apenas para ajudar a levantar, o encorajamento à superação do medo, o combate ao clericalismo, a devolução que nos é devida pelos privilégios da formação e da educação, a assunção da fragilidade, a atenção aos mais pobres, o último lugar como sítio cristão, etc. Mas, no meio de tantos elogios à Jornada em geral e aos dizeres e ao ser do Papa Francisco, vou destacar um elemento, que pode ter passado mais despercebido e que se revela muito inspirador: o Papa fala pouco de cada vez e na mancha temporal dos discursos, fala uns bons noventa por cento ou mais, diria eu, de forma simples e para toda a gente, para fora (e assim para dentro), com muito pouco paleio beatífico, desse que ainda abunda na barca e que quase ninguém entende (nem fora nem dentro) … e que está gasto, desgastado, cansado…

(…)

Diz a sabedoria veiculada na espiritualidade inaciana que em tempos de desolação não se
tomam grandes decisões. Ora, na Igreja em Portugal e no mundo, depois desta Jornada Mundiais da Juventude em Lisboa, sopram ventos de consolação. Ótimo tempo de mudança, abertura e arejamento, portanto, como profetizado por Francisco no nosso país. Trabalho sério, prolongado, mas urgente. Nada precisa de ser inventado pois já temos um nome para este caminho: sinodalidade vivida, de forma autêntica e aberta. Vamos a isto!”

*

Não temos medo. Refelexões sobre a JMJ e o caminho sinodal

Perfácio de Paulo Portas e coordenação de Rui Sariava. Paulinas. 2023.