criança na aldeia e tablet
CRIANÇA NA ALDEIA
Criança suja
de alma sã
corre pelo mato
logo de manhã.
Regressa tarde
já com o Sol deitado
com os pés descalços
e o corpo cansado.
Brinca de improviso
e cata piolho
come arroz com massa
sem carne e sem molho.
Rosto maltratado
nariz por assoar
foge até ao rio
p’ra se refrescar.
Foge até ao rio
p’ra se refrescar!…
NOTA: Escrevi este texto há mais de uma vintena de anos, com memórias de infância quase cinquentenárias.
Hoje, morando numa aldeia, talvez escrevesse:
foge até ao tablet
p’ra comunicar.
Foge até ao tablet
p’ra comunicar!…
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
acessível aqui